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A partir de 2011, este blog não terá mais atualizações. Seus objetivos já foram todos alcançados: criar mais um canal de comunicação com leitores e fontes do Quatro; ampliar a experiência da leitura do jornal; e documentar as experiências dos alunos e os bastidores de produção das edições.

Embora não tenhamos mais novos conteúdos por aqui, manteremos o blog como um registro de nossos trabalhos e ações. Por isso, reforçamos o convite de navegar nos materiais postados, caso não os conheça ou queira revê-los. Sua passagem por este espaço é sempre bem-vinda. Volte quando quiser e fique à vontade.

Agora, é sair para distribuir…

O Quatro ainda não veio da gráfica, mas tudo indica que já-já ele “nasce”…

O jornal ainda não chegou da gráfica, mas você já pode conferir como ficou este número!

A edição 6 do Quatro está quase, quase pronta…

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Guilherme Teixeira

Como fazer para entrar numa sexshop? Para um homem, chegar num lugar recheado de pintos e fotos pornográficas pode ser constrangedor. Entrevistar um atendente que falará o funcionamento dos artefatos também não é uma situação agradável. Então, o que fazer? Simples. Vá acompanhado! E de preferência de mulheres. A presença feminina diminui um pouco o receio e faz com que a vergonha suma gradativamente, mas de forma lenta, bem lenta.

Mas não se engane! Mesmo com a companhia da fotógrafa Marina Lisboa e da repórter Juliana Ferreira, a situação não é tão confortável assim. Ao entrar no ambiente, o excesso de objetos fálicos e de fotos de pessoas nuas impede qualquer chance de naturalidade. Fazer uma entrevista normal é mais difícil, tanto que elas tiveram que engatar as primeiras perguntas para que a explicação começasse.

E não pense que o olhar é o único sentido afetado lá. O odor característico da loja e a música também não colaboram. O cheiro e o som de sexo atingem os nossos sentidos fortemente, até mais que a visão. Esqueci do tato? Doce ilusão! Pelo menos dessa eu escapei. As amigas ajudaram bastante nesse caso, quando a vendedora pediu para conferir textura do vibrador da linha Cyber Skin. De acordo com elas, é igual realmente. Faltou o paladar? Sim, ele existe. Calma! Ele se resume principalmente a materiais eróticos comestíveis, como calcinhas, chocolates com formas eróticas. Apesar dessas variedades, minhas papilas gustativas não chegaram a sentir o sabor da sexshop.

O mais estranho do estabelecimento não são os artefatos eróticos, porque, com o tempo, as pessoas se acostumam com eles – isso não quer dizer que ficam à vontade. O diferente mesmo são as histórias. Segundo a gerente, várias pessoas vêm pedir dicas sexuais ali na loja. Até aí tudo certo. Mas a exposição de vídeos de zoofilia na “locadora” do estabelecimento não é nada agradável. Para piorar, os principais consumidores desses tipos de filmes são velhinhos. Sem preconceitos.

Thiago Moreno

O desafio era produzir uma reportagem sobre comportamentos sexuais diferentes. Legal! Boa pauta, muito boa mesmo. Não tinha como não se divertir tentando entrevistar sadomasoquistas, zoofilistas e voyeuristas (só para citar os mais leves que pensei). E eu estava certo, foi uma das melhores matérias para apurar até essa metade da graduação. O envolvimento com os personagens aconteceu muito de repente e foi muito forte. Quando percebi, já tinha liberdade o suficiente para perguntar a um assexual se ele queria ter filhos ou se era virgem.

Essa fonte, aliás, me causou problemas logo na partida. Eu o contatei através de uma comunidade, dessas de redes sociais, na maior cara de pau: “Será que alguém aí se interessa em dar uma entrevista?”. Ele foi o único a responder. O problema é que queria ver a matéria antes de publicada, um dos maiores clichês éticos e, ao mesmo tempo, uma bela cilada para um jornalista. Eu, de minha parte, não queria perdê-lo, mas ainda assim não ia quebrar as regras básicas da minha futura profissão. Não se enviam textos para ninguém se o jornal ainda não saiu. A melhor solução era explicar e esperar sua resposta. Que fosse positiva, por favor. Ele aceitou.

Me tratou bem, respeitosa e amigavelmente e eu tentei corresponder ao máximo, assim como fiz com o praticante de D/S. E eles me fizeram pensar e repensar vários conceitos meus. Minha ideia de liberdade foi o principal. Conversar com a antropóloga que corroborou com as ideias só mexeu ainda mais comigo.

Quando finalmente consegui uma psicóloga que me falasse sobre o assunto, o sonho começou a desmoronar. Ela foi contra tudo que tinham me dito até ali e, principalmente, contra o que eu acreditava. E a cada comportamento novo que classificava como desvio eu ia me arrependendo um pouco mais de entrevistá-la, porque eu sabia que aquilo tudo teria que entrar na matéria. Eu tentei insistir, deixar claro meu contraponto, mas a mulher era inflexível. Sua ideologia era muito forte. No fim, acabei dando mais espaço para ela dentro do meu texto do que para as fontes com as quais eu concordava. O jornalismo tem desses paradoxos.

Agora, com o trabalho terminado, fico pensando no quanto eu me diverti com as experiências estranhas que vivi nessas semanas. É, acho que tem coisas que só sendo repórter para entender.

Willian Reis

“Não sou a pessoa que você está procurando!”. Não, não tinha errado o endereço. Pelo contrário, tinha chegado até com certa antecedência, o que é raro no meu caso. Era uma tarde ensolarada de quarta-feira, e lá fui eu, com mochila nas costas e um pretenso mapa nas mãos, à procura do prédio onde fica a Associação em Defesa dos Direitos Humanos (Adeh), de Florianópolis.

Apertei a campainha e, do outro lado, quem me recebeu foi a própria coordenadora, Kelly Vieira. Pediu pra eu esperar alguns minutos, pois atendia, naquele momento, três transexuais, se não me engano (que eram transexuais, eu tenho certeza, minha dúvida é em quantas estavam).

Havia marcado a entrevista com antecedência, o que me permitiu ignorar o imponderável e começar a imaginar como seria, a sonhar com declarações bombásticas num papo que se arrastaria por toda a tarde. A torcida pelo sucesso daquela apuração aumentou após eu ter entrevistado um frei na manhã da mesma quarta-feira. Sem agendar nada, o religioso me atendeu e conversamos longamente. Era, pra mim, um sinal de que o dia iria render.

Pra começo de conversa (é assim que encaro uma entrevista), expliquei a Kelly do que se tratava a pauta e, já de saída, perguntei como era a vida dela antes de assumir a identidade feminina. Ela, que não faz o tipo de transexual ou travesti a que estamos acostumados, ou seja, bem-humorado e extravagante, se alterou. Pensei até que desistiria da entrevista.

“Não falo, de jeito algum, da minha sexualidade”, declarou. Tentei convencê-la, apresentei todos os argumentos que me vieram, e nada. Perguntei então se teria alguma fonte pra me indicar. Ela me disse que não, que eu dificilmente encontraria. Foi quando decidi mudar o foco da entrevista. Se ela não queria falar do passado, procurei saber por quê. E aí a conversa deslanchou.

Fiz algumas perguntas sobre a Adeh, que era o que agradava a Kelly, pra mais à frente voltar a perguntar sobre a própria. Consegui algumas poucas informações sobre sua vida. Soube que cursou dois semestres de Enfermagem, mas desistiu. Foi quando meu olho brilhou. Pensei estar diante da tão sonhada declaração bombástica. Acreditei que ela ia dizer ter sido vítima de preconceito, ter sido vaiada pelos colegas no melhor estilo Geyse Arruda. Sei lá, qualquer coisa assim. “Achei o curso uma palhaçada”, foi o que me respondeu.

Aliás, “palhaçada” é uma palavra recorrente no seu vocabulário. Muito do que a academia produz sobre sexualidade seria “palhaçada”. Os debates sobre questões de gênero de que participa na UFSC também seriam “palhaçada”. Só não perguntei se ela achou o mesmo daquela entrevista.

Monique Nunes

Quando resolvi fazer uma reportagem sobre “Clube das mulheres”, só o que eu tinha era minha própria experiência adolescente, naqueles casos de fim de namoro em que você corta o cabelo e as amigas acham genial a ideia de te levar pra balada e pra vodka.

As minhas me arrastaram pra um clube das mulheres, onde me vi cercada de mulheres de todas as caras e idades, que tinham em comum os gritos escandalosos para os rapazes absurdamente malhados, que ficavam no palco dançando, sorrindo e passando a mão na própria barriga. Divertido, confesso, ainda mais com meia dúzia de vodkas. Mas agora fiquei pensando no coitado do organizador da festa, que teve que fazer contato com todos aqueles rapazes, combinar, agendar, negociar… Porque se eu, pra conseguir uns 15 minutos de conversa, sofri por três semanas, imagina o cara!

Explico: Peguei a pauta sobre Clube das mulheres e fui procurando contatos em Florianópolis, achei uma agência e mandei e-mail. Fui ignorada. Liguei diversas vezes. Fui ignorada. Um belo dia, alguém da agência me responde, pedindo pra entrar em contato de novo depois do feriado. Entrei e, adivinhe, fui ignorada. Entre e-mails e ligações ignorados diversas vezes, consegui marcar a entrevista na certeza de que tinha acabado aquela maré de “não vou falar com essa repórter”, mas o que acontece no dia da entrevista? Desmarcam.

Maldade desses catarinenses, custa falar com a estudante de jornalismo aqui? Poxa, eu sou estudante mas sou legal, me deem bola! Paulistas são mais legais, vou pra São Paulo no fim de semana mesmo, marcarei uma entrevista com o dono do clube das mulheres de lá. Ligo, me atendem. Mando e-mail, respondem. Entrevista marcada, tudo certo, falei que paulistas eram legais. Aí, sou traída pelo trânsito de São Paulo. É, paulistas são legais, mas tem que enfrentar o trânsito todo dia e, às vezes, simplesmente não dá tempo de chegar na entrevista porque outro compromisso importante espera depois.

Mais dois dias, algumas ligações pra agência e 17 ligações (marcadas no celular!) pro gogo boy Rodrigo Freitas… finalmente, consigo 15 minutos de conversa. O lado bom é que foi divertida a entrevista. Descobri, por exemplo, que mulheres gostam de homens fantasiados e gays querem é pouca roupa.

Agora eu já sei, no dia em que uma amiga resolver casar, começo os preparativos da despedida de solteira junto com os do casamento, porque ô dificuldade que é conseguir um gogo boy.

 

Milena Lumini

O tema era sexo. E enquanto os colegas apuravam matérias que tratavam de prazer e mostravam como o sexo transparece vitalidade – seja ele tântrico, ensaiado, sustentável ou precoce –, a mim coube a missão de tratar de dor e morte. Câncer não é motivo de orgulho, não é algo que se declara nas redes sociais e raramente é falado entre amigos. Principalmente câncer de pênis, uma doença que pode deixar o homem sem o órgão que considera mais importante, esse sim motivo de orgulho.

Com um tema delicado, eu que não gosto de ser surpreendida numa entrevista, reuni bastante informação sobre a doença. Mal sabia que as dificuldades não estavam exatamente no assunto da matéria. Nos intervalos da pesquisa, contatei urologistas oncológicos. Procurei na universidade, em clínicas, mandei emails – a maioria não respondidos.

Fiquei praticamente íntima da Laine, secretária do departamento de urologia da Faculdade de Medicina do ABC, onde trabalha o doutor Antonio Carlos Lima Pompeo, tantas foram as vezes que conversamos. E acho que gastei horrores de ligação interestadual. Marquei a entrevista para um dia e depois outro, depois outro e depois mais tarde, quando não fui atendida. Mas eis que, prestativo ou assustado pelo número de chamadas perdidas, o doutor retornou minhas ligações. Tivemos uma conversa esclarecedora no intervalo de uma aula, horas antes de outra entrevista.

Conseguir falar com o doutor Luis Felipe Piovesan foi um misto de frustração e alívio. Peguei o ônibus errado, tomei chuva, já eram cinco da tarde e eu mal tinha almoçado. Atrasei e contei com a boa vontade do médico de me esperar. Ao chegar ao consultório, ele já tinha ido embora. De volta pra casa, indignada com minha falta de planejamento, blasfemando o trânsito e a chuva, o doutor me liga. Diz que a secretária se enganou, ele não havia ido embora e nem, creio eu, repreendido o atraso. Marcamos para o dia seguinte.

A conversa foi boa e eu torcia para que ele pudesse contatar um paciente que topasse contar sua experiência para o Quatro. Pensei que essa era a melhor forma de conseguir um relato. Nenhum paciente quis conversar. Compreendi. Muitos homens que desenvolvem a doença sequer vão ao médico ao detectar os primeiros sintomas. É preciso coragem pra enfrentar os tabus, rememorar uma situação incômoda e relatá-la a um desconhecido.

Se você leu esse relato até aqui, pôde concluir que isso me levou um tempo. E na produção de um jornal, tempo é um artigo que está sempre em falta. Mas eu não desisti do personagem. Um médico ficou de me passar contatos por email. A assessoria de dois hospitais de São Paulo prometeu enviar nomes entre segunda e quarta feira (dia 24). Moral da história: esperança de repórter, especialmente de repórter novato, nunca morre, mas o tempo de apuração e redação se esgota. Creio que consegui delinear bem o tema, explicar a doença e incentivar a prevenção. Mas o relato, esse vai ficar de fora da reportagem. Uma pena. Uma pena mesmo. Espero poder falar com um paciente e divulgar a história aqui no blog ou em outro veículo.

Stephanie Pereira

Antes de escolher a pauta sobre a atual superexposição do tema “sexualidade”, confesso que fiquei com um pouco de receio. Receio de que eu não encontrasse as fontes certas para conversar comigo sobre o assunto, receio de que a matéria rendesse muito, ao ponto de, ao tratar de um assunto tão amplo, eu corresse o risco de me perder na hora de organizar as idéias. Mas foi exatamente este risco que me despertou para o tema. Pensei comigo mesmo: “se a proposta de falar sobre sexo no Quatro é também uma forma de quebrar nossos próprios preconceitos, porque não tentar?”

Quando comecei a apurar a matéria, pareceu que meus medos estavam se tornando realidade. Com o deadline já estabelecido, vivi uma busca desesperada por fontes, e, nesta fase de tentativas, conversei com pessoas que diziam “não ter conhecimento suficiente”, ou que “andavam muito ocupadas” e que eu deveria “ligar mais tarde” ou até mesmo que “não querem falar em uma matéria sobre sexo”.

Os prazos iam se aproximando, e felizmente, no fim, a busca teve bons resultados: encontrei pessoas dispostas a colaborar, e aprendi muito com suas diferentes opiniões. Acho que este foi o ponto mais positivo da matéria. Foi incrível poder perceber diferentes visões de mundo a respeito da sociedade.

Na hora de escrever, lembrei de uma frase que ouvi de Otávio, filho de uma das fontes que aparecem na reportagem. Ao explicar para ele o assunto da matéria, ele me disse que eu estava “tentando abraçar o mundo” com um tema tão complexo. Foi exatamente isso que senti ao escrever. Confesso que senti dificuldades ao entrelaçar todas as idéias das diferentes fontes. Eu tinha um caderno cheio de anotações e uma página em branco para preencher.

Os dias em que me dediquei à apuração da notícia tiveram direito a noites em claro, fontes ocupadas, ligações para outros estados, caixa de entrada do email lotada, cobranças feitas pelo professor, editores, e por mim mesma. Foi uma verdadeira luta contra o relógio e o cansaço. E qual é o resultado de tudo isso? Acho que é essa sensação estranha e ao mesmo tempo muito boa de… “será que os leitores vão gostar?”

Flagrantes de alunos da turma de 4ª feira, clicados pela monitora Fernanda Martinazz:

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Jéssica Butzge

Propor uma pauta que abordasse sexo, não fosse clichê e se encaixasse na editoria de Economia. Foi esse o primeiro grande passo para que a matéria migrasse, de alguma forma, do lugar comum para o pouco conhecido. A parte mais penosa foi a busca dos dados. E quando se fala em números, cifras bilionárias, qualquer zero ou vírgula mal colocados podem acabar com o sentido da matéria inteira. E com a credibilidade do repórter, editor e do jornal.

Nunca havia escrito texto algum de Economia, apenas lido um livro muito bom que tentava dar não suporte, mas incentivo a fazer diferente, tornar a reportagem menos fria, aproximá-la de um leitor que talvez não faça ideia do que signifique a sigla PIB, mas que saiba o quanto isso é importante para o país.

Como o assunto era basicamente o custo da aids para o governo Federal, minha fonte primária e primordial seria o Ministério da Saúde. O grande problema é que os órgãos são todos fragmentados. São centenas de departamentos, coordenadores, núcleos, institutos e profissionais. E se engana quem pensa que é só ligar pra assessoria de imprensa que está tudo lá.

A maioria das informações foi apurada setor por setor, encomendadas às pressas a uma estudante de jornalismo, e nada mais que isso. As informações demoraram pra chegar, algumas talvez nunca apareçam em meu e-mail, outras aprendi a pesquisar em um sistema de dados do Ministério da Saúde. O importante é que sempre há uma maneira de encaminhar a matéria. O que mais senti falta na reportagem foi do lado humano, da proximidade.

Conseguir uma fonte portadora de HIV não foi fácil. Os centros de tratamento não são autorizados a passar informações dos pacientes, a maioria não quer falar. Acabei conhecendo pela internet alguém que achou melhor ser chamada de Bela. Uma paciente soropositiva que deu um sentido, se não ao leitor, mas ao meu fazer jornalismo. Não importa o assunto, sempre tem alguém em algum lugar esperando para ser ouvido, para expor suas convicções, sua história. Em relação à burocracia do governo, aprendi uma grande lição que vale a pena repassar: tenha paciência e persistência. Até o fim. Nossa profissão também é feita disso.

Paulo Junior

Quando peguei essa pauta, estava todo empolgado. Para cada regra do sexo sustentável eu falaria com uma fonte para confirmar ou não a necessidade dela. Comecei a marcar as entrevistas e vi que não seria fácil. Alguns dos entrevistados eram muito grosseiros e não levavam o trabalho a sério. Já estava ficando preocupado, pois tinha que entregar um texto de página inteira e com cerca de 8 mil caracteres e ninguém estava colaborando comigo.

O professor Christofoletti sugeriu então que fizéssemos uma fotonovela. Voltava minha felicidade. O desafio agora era organizá-la. No início, foi difícil. Consegui dois atores, que trabalhavam comigo, mas não tinha cenário para a sessão de fotos. O desespero tomava conta de mim. Eu compartilhava o meu pranto com todos. Por sugestão de alguns colegas, fui até um hotel próximo da UFSC. Mas o gerente nunca estava. Quando finalmente havia conseguido o cenário, pois um professor do curso ofereceu a casa dele, faltavam os atores. Novamente, compartilhava o meu anseio com os demais. Andava que nem um louco pelos corredores tentando encontrar dois atores. Eis que surgem dois anjos: Rafaela e Rodolfo.

O casal de namorados do curso aceitou fazer as cenas. Eles cederam inclusive o seu apartamento como cenário. Eu, meu editor e a fotógrafa fomos à luta. Chegamos ao local e num clima muito descontraído começamos as fotos. Os atores estavam muito à vontade, o que facilitou o nosso trabalho. Não tivemos grandes problemas. Gostei do resultado. Fim!

Marina Empinotti

Nos três dias em que fui ao Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis, vi os dois extremos da relação do homem com aquele que chama de seu melhor amigo. Conheci profissionais dedicados, visivelmente apaixonados por cuidar dos cães e gatos lá abrigados, todos vítimas de maus tratos, que foram retirados de seus donos através de denúncias. A prova dessa dedicação ficou registrada no gravador usado para entrevistar administradores e outros trabalhadores do Centro enquanto fazíamos uma visita às acomodações. Diversas vezes as respostas dos entrevistados eram interrompidas pelas interações que faziam com os bichos que encontrávamos pelo caminho: “oi, bonitão” e “como você tá crescendo” foram algumas delas. E ainda percebi que os animais eram reconhecidos pelos nomes, mesmo estando no meio de centenas de outros tão parecidos.

Na última visita, em contraponto as coisas boas vistas até então, fui recepcionada por um pessoal quieto, que fazia a eutanásia de um cão. Ele havia sido baleado com projéteis de chumbo, espancado e abandonado em uma vala. Três dias se passaram, no mínimo, até que a equipe do CCZ o encontrasse, quase morto, após denúncias de moradores do bairro. A cena foi muito impactante, não só por ver ir embora a alegria dos trabalhadores que tanto me chamou a atenção nos dias anteriores, mas por me deparar com as conseqüências de tamanha crueldade. O cão estava magro, sujo, ensangüentado e coberto de moscas e larvas. Assisti ao procedimento e fiz algumas fotos pensando em ilustrar esse texto, afinal, foi a imagem que mais me marcou durante a cobertura do tema.

E não posso deixar de agradecer a todos meus colegas que colaboraram com a matéria. Leonardo, por ter tido sangue frio o bastante para acompanhar a castração cirúrgica de um gato, e Guilherme e Juliana, que me acompanharam nas visitas e correram loucamente em frente ao canil, atiçando os cães para a foto ficar mais interessante. Fizemos uma bela apuração em poucos dias. O resultado me deixou bastante satisfeita.

Letícia Teston

Nunca imaginei que a produção de um filme pornô fosse tão barata e simples. Cinco atores, cinco atrizes, um maquiador, um câmera, a equipe de produção, que se restringe a poucas pessoas, não mais que três. E está feito. O orçamento médio de um filme é de R$20 mil, e isso vai rodar o Brasil e o mundo. Apesar da crise, os Estados Unidos continuam sendo o principal mercado brasileiro.

No início, quando comecei a apurar a matéria, não fazia sentido a tal crise da indústria pornográfica. Se o custo de produção é baixo, o prejuízo das produtoras não deveria ser tão preocupante se comparado às grandes produções cinematográficas. Mas não cabe ao jornalista responder, e sim perguntar. Você já viu algum outdoor de filme pornô? Já viu alguma propaganda dos últimos lançamentos? Já ouviu algum telejornal anunciar a falência da indústria de entretenimento adulto? O marketing da indústria pornográfica não segue a mesma lógica da indústria cultural. Artistas do ramo musical perderam dinheiro com a liberação de seu trabalho na internet, sem dúvida. Mas ganharam investindo em shows que, com o tempo, viraram grandes apresentações. Os produtores deixaram de investir no mercado de CD’s e passaram a lucrar com os espetáculos.

A divulgação de um filme pornô é mais complicada. Nem mesmo as videolocadoras podem expor os filmes, eles devem ficar em uma área reservada. O custo de produção dos filmes é pago quase que exclusivamente com a venda deles. Daí a crise ser tão grande.

Mais curioso do que descobrir a lógica desse mercado, foi conhecer um pouco dos bastidores dessas produções. Nunca imaginei que muitas das atrizes que participam dos filmes são lésbicas. E tantas outras têm namorados ou maridos, que aceitam o trabalho da companheira. Pena que não há tamanha compreensão e valorização desse trabalho, que pode ser sinônimo de arte e de preconceito, por parte da sociedade brasileira. Um paradoxo que restringe a divulgação desse trabalho ao mesmo que não nega seu consumo. “O trabalho que elas realizam tem um peso tão grande para um trabalho que deveria ser suave”, resume Edson Strafite, produtor de filmes pornográficos.

Nathale Ethel

Quando escolhi a pauta “Classificação Indicativa”, confesso que não tinha nem ideia de como começar a apurá-la. Não tinha fontes, abordagens possíveis, nem mesmo uma ideia formada sobre o assunto. Uma semana de pesquisa sobre o tópico não me ajudou em nada na visualização que sempre costumo ter da matéria concluída. O que eu tinha eram algumas contradições, a meu ver, de classificação na televisão como Bob esponja e Naruto com o mesmo selo de “10 anos”, este último provavelmente com cenas cortadas. Mas nada concreto que esquentasse a matéria.

No fim de semana, eu já estava totalmente cética quanto à pauta e tentando bola uma nova. Sabia que a tinha escolhido por falta de opções melhores que ainda não tivessem repórteres, mas, por experência, sei que algo sempre aparece na última hora (e isso acontece com qualquer tipo de trabalho, juro). Resolvi esperar mais um pouco.

Tudo mudou de curso na semana seguinte, durante uma conversa que tive com um amigo sobre o tema dessa edição do Quatro. Ele me confessou que leu uma matéria um tempo atrás que dizia que um site pornô super famoso nos EUA tinha sido banido aqui no Brasil. Insisti em saber que site era esse, mas ele jurou que nunca o acessou e nem lembrava do endereço (Ahãm!).

Depois de muito pesquisa, não encontrei o tal site, mas me deparei com um mundo de endereços que não podem ser acessados aqui no Brasil. Imagino que por um provável interesse comercial. Muitas vezes não dá pra competir com o mercado lá de fora, suponho. Também descobri vários casos de censura de blogs brasileiros, de páginas do YouTube e até de resultados do Google Imagens na busca do assunto “xuxa pedofilia”, a pedido da própria .

Como a matéria deveria se ater ao assunto sexo e o meu tempo já estava curto, tive que eleger casos pertinentes e possíveis de confirmação, para que a matéria não virasse uma lista ou um manifesto contra a censura. Bom, o resultado você tem no jornal. E só pra constar, o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) é quem tem o controle sobre o conteúdo veiculado na Internet do Brasil, mas esse assunto vai ficar para uma próxima matéria.

Daniel Giovanaz

Quando fui escolhido para atuar como repórter na editoria de Economia, logo imaginei uma matéria relacionada ao mercado de motéis. Afinal, lembrei que o pai de um dos meus amigos de infância, Antônio Gnoatto, que mora em Chapecó/SC, é um grande empresário do setor, e não seria difícil aproveitá-lo como fonte. E, de fato, foi assim que aconteceu.

Acompanhado de Antônio, visitei os motéis Álibi e Bentevi II, tirei dúvidas e anotei informações importantes. Além de fazer a entrevista, fui ao motel com a intenção de bater algumas fotografias, mas acabei traído por minha própria câmera digital, que decidiu parar de funcionar repentinamente. Resultado: tive que voltar no dia seguinte, apenas para fotografar. Desta vez, Antônio não estava, mas sua esposa foi muito prestativa e me guiou pelos corredores dos dois motéis. Ela, inclusive, teve a gentileza de estender o lençol da cama de uma suíte cujos clientes haviam acabado de sair, “para a foto ficar melhorzinha”.

Sem problemas na obtenção das outras fontes e no processo final de apuração, comecei a escrever. Foi aí que encontrei as maiores dificuldades. Sem dúvidas, o principal desafio foi fazer a adequação do texto às especificidades da minha editoria. Custei a entender que precisava privilegiar os números, cifras, dados concretos, e não me contentar apenas com declarações genéricas. Devido a essa falta de prática, compreendo que as informações do meu texto podem não satisfazer às expectativas do leitor habituado com matérias de economia.

No fim das contas, embora eu reconheça que o texto precisa de certos ajustes, considero que a apuração foi muito válida para desvendar os bastidores de um mercado muito lucrativo no Brasil e, é claro, satisfazer algumas curiosidades.

Marília Labes

A primeira vez que li o blog das fanfics eróticas com o Justin Bieber foi há meses, em uma tarde meio sem nada pra fazer no estágio, quando um colega mostrou os textos se matando de dar risada e de perplexidade com os ultrajes sexuais daquelas meninas-autoras. Acho que a minha primeira reação foi ficar preocupada com o que poderia andar fazendo uma prima de 11 anos, que é louca pelo cantor. Da mesma maneira que eu era louca pelos Backstreet Boys. Mas minha imaginação mais fértil não chegaria ao conto mais sem sal do blog. Afinal, ali havia fantasias com o cantor até em um safári pela África.

Esqueci o assunto e a preocupação com a minha prima, mas a reunião para discutir as pautas do Quatro o trouxe de volta. Achei que estava ali a minha matéria. A ideia era enfocar a sexualidade precoce entre as pré-adolescentes a partir das histórias apimentadas que elas têm publicado. Comecei uma corrida atrás de fontes, mas fui ignorada por uma legião de mini fãs do Justin Bieber.

A entrevista que consegui com a Luísa, moderadora da comunidade das fics no orkut e única a não me deletar da caixa de entrada, foi decisiva para o andamento da matéria. Só conversando com ela pude observar o que pensam as meninas quando escrevem e deixam estranhos ler suas fantasias. E percebi que estava olhando para elas de um jeito preconceituoso, estigmatizando-as talvez. A Luísa era apenas uma menina de 14 anos. E queria encontrar um príncipe encantado. Mesmo que tenha parte do encanto retirado por uma exposição precoce às cenas sexuais.

Thayza Melzer

“Como se fabrica a camisinha?! O que você está procurando, Thayza?” Foi dessa forma que começou a minha apuração para a matéria do Quatro: respondendo a esse tipo de questão que, invariavelmente, as pessoas que espiavam o que eu estava escrevendo e pesquisando me faziam. Confesso que tive que tirar lá do fundo da memória os conhecimentos adquiridos nas aulas de química para poder entender os processos pelos quais a borracha passa até se transformar em camisinha. Foi complicado, mas, no fim das contas, curioso.

Material para o infográfico separado, hora de definir quais planos e programas do governo eu iria comentar na matéria. Depois de “estudar” o tema, as entrevistas nas ONGs que trabalham com a prevenção às DSTs aconteceram com a maior tranqüilidade. O pessoal foi muito prestativo, a conversa fluiu solta, sem restrição de tempo e com bastante informação. De repente, os seis mil caracteres já estavam todos ali e eu ainda tinha várias coisas para acrescentar. A minha preocupação inicial de não conseguir escrever um texto desse tamanho rapidamente se transformou em ter que decidir o que eu iria deixar de fora.

Após retoques e ajustes feitos com a ajuda da minha editora, o texto ficou pronto. Talvez se tivesse que mudar apenas uma coisa eu tentaria, mais uma vez, uma entrevista com um personagem central, alguém que tenha participado de um dos programas e que pudesse dar um testemunho. Ficou para a próxima…

A parte mais interessante foi ver tudo o que as ONGs oferecem. As pessoas que se descobrem portadoras de alguma DST recebem todo o apoio e informação que necessitam neste momento. O trabalho dos voluntários é difícil, mas, pelo que pude perceber, realizado com muito empenho e de forma incansável.

Maíla Diamante

O desafio para a realização da reportagem sobre como o prazer atua no corpo foi duplo. O tema envolvia termos pouco cotidianos, já que se tratava de uma matéria científica, pedindo uma pesquisa cuidadosa. Ao mesmo tempo, exigia o resgate de exemplos simples, que situassem todas aquelas palavras na realidade do leitor. Além do recurso jornalístico de fazer falar personagens para causar identificação, a popularidade da música e do cinema foram usados para mostrar que neurotransmissores, cérebro e prazer têm tudo a ver com o dia a dia das pessoas.

Como o foco da matéria era mostrar como atividades tão diferentes como o sexo, a alimentação, o vício ou qualquer situação agradável atuava de forma semelhante se considerarmos como o prazer atua no corpo, especialistas de várias áreas tiveram que ser entrevistados. Pela pressão do tempo, a pesquisa antes de falar com as fontes não pode ser tão aprofundada. Alguns campos mereceriam mais estudo para que a conversa rendesse mais, como no caso do neurocientista. Outros especialistas me surpreenderam pela profundidade com que abordavam o tema. O psicólogo comportamental, por exemplo, apesar da aparente visão causalista da realidade, revelou um ideal de humanidade muito mais complexo que uma soma de sinapses. O tema renderia uma reportagem espetacular.

Mas a maior dificuldade ao escrever o texto foi a surpresa de ver que a matéria foi promovida às centrais, num sábado – o que não ajuda na busca por fontes – e a quatro dias do deadline. Eu deveria fazer seis mil caracteres dobrarem de número. A saída foi pesquisar muito artigo científico, procurar algumas curiosidades neles, e resgatar as entrevistas com para encontrar fatos menos explorados nelas. Como jornalismo é um exercício que pode ser sempre ficar mais complicado, após a entrega da matéria tive que mudar a angulação. Ao fim, porém, o susto ajudou a encarar lugar-comum na produção de um jornal: o tempo nunca se adapta à sua realidade, mas você sempre encontrará os meios para se adequar a ele.

Leonardo Lima

Caiu nas minhas mãos a pauta sobre os filmes clássicos pornôs. Na reunião de pauta, o professor delegou o tema e falou: “Acho que essa matéria é a sua cara…” – disse ele, com um sorriso malicioso na cara. Tudo bem, não tinha muita certeza do que dizia o mestre, mas encarei a provocação. Passei alguns dias “estudando” na internet e fazendo contatos para conseguir algum personagem que estaria disposto a falar sobre filmes eróticos/pornôs, mas nada dava resultado.

Tive conversas com colegas do Jornalismo e de outros centros da UFSC, mandei e-mails para grupos de cinema, debati com professores e nada rendeu uma boa fonte. Até para o twitter do @ajudeumreporter eu apelei, sem frutos. Mas então vislumbrei um ponto de luz no breu jornalístico em que estava: conversando com a professora Aglair Bernardo, consegui várias indicações. Um livro que estudava a história do cinema pornô, uma dica de TCC sobre uma produtora pornográfica e até a disponibilidade da própria professora para uma possível entrevista – querida ela!

O livro era O Olhar Pornô, de Nuno Cesar Abreu. Acabei não usando o TCC nem as declarações de Aglair pois o nosso editor-chefe, professor Rogério Christofoletti, recomendou que não seria bom usar a fonte da casa, tampouco o TCC, pois a matéria poderia ficar “acadêmica” demais. Ou seja, excetuando o livro, estava novamente às escuras.

Porém, em mais uma conversa com Christofoletti (sim, fui o aluno pentelho), saí com ânimo renovado e a indicação de que eu fosse falar com os profissionais das video-locadoras, em especial o atendente Marco Antônio Marques, da Megamil Video. Finalmente, lá a conversa rendeu e ainda de quebra descolei uma outra fonte: Luiz Carlos Mendes, proprietário da vídeo-locadora Extasy, lá no Kobrasol. Aleluia! Consegui os depoimentos que procurava! Além das entrevistas, eu podia contar ainda com o background da história do cinema erótico/pornô e dos três grandes clássicos eróticos da década de 70: Garganta Profunda, O Diabo na Carne de Miss Jones e Atrás da Porta Verde; já dava pra fazer a matéria!

Enfim, no final do processo, me senti satisfeito por ter conseguido superar dificuldades técnicas e pessoais para escrever a reportagem. Minha primeira reportagem publicada foi mais ou menos como a primeira vez de um garoto: no começo, fica nervoso e tudo parece dar errado, mas no final relaxa e pode ir dormir com a sensação de dever cumprido.

Ingrid Fagundez

A proposta inicial era fazer uma matéria sobre disfunções sexuais de homens e mulheres, saber o que faz com que o sexo deixe de ser prazeroso. Com a pauta em mente, comecei a correr atrás das fontes. Em uma semana, conheci mais especialistas em sexo do que a maioria das pessoas conhece durante a vida inteira. Cinco papos sobre orgasmo – ou a falta dele – penetração, vagina, dor, pênis, abuso, medo e todas as outras palavras que o vocabulário sexual permite. Quando terminei a apuração, percebi: quatro dos meus entrevistados eram mulheres. Temendo que o lado masculino da reportagem fosse prejudicado, e sem tempo sobrando, decidi deixar os problemas deles de lado. Afinal, os distúrbios dos homens são bastante conhecidos. A ejaculação precoce e a disfunção erétil frequentemente são pauta para a imprensa. Mas, e as disfunções delas? Pelo o que se vê nas cenas de novelas e filmes, quando a mulher tem problemas na cama, a culpa é deles.

O buraco, com o perdão do trocadilho, é mais embaixo. Pesquisando sobre o tema descobri o que, como mulher, eu já sabia: a sexualidade feminina é muito complexa. Nós não separamos o corpo e a mente na hora do sexo. Problemas no trabalho, na faculdade, histórico de abuso sexual na infância, medo da penetração, ansiedade, vergonha podem influenciar na hora H. Anseios, frustrações, receios: nós levamos tudo para cama.

Não importa quantos dados, pesquisas e falas de sexólogos eu tivesse, alguma coisa estava faltando. Precisava de uma voz que contasse como se sente uma mulher que não consegue sentir prazer no sexo ou nem mesmo fazê-lo. Nessa etapa, a sorte me ajudou.

Dias antes de saber que faria essa matéria, quando as pautas não estavam nem definidas, uma amiga reclamou para mim que sentiu muita dor quando tentou transar com o namorado pela primeira vez. Assim que comecei a pesquisar sobre as disfunções sexuais, pensei ter descoberto o que ela tinha. Abri a janela do Googletalk e escrevi “Amiga, acho que você tem vaginismo. Fala isso quando for ao ginecologista!”. Imediatamente ela respondeu “Sim, eu tenho isso mesmo. Fui ao médico hoje. Ela disse que o stress está atrapalhando”. Ok, tenho que admitir. O meu instinto de repórter me traiu. O primeiro pensamento que tive foi “Uhul! Tenho uma personagem!”. Claro que depois fiquei feliz por ela.

Coincidências à parte, a experiência foi ótima. Falar sobre sexo com pessoas desconhecidas é algo que todos deviam fazer pelo menos uma vez, seja para perder a timidez ou para deixar de encarar o sexo como um tabu. É algo que todos temos em comum. Se não é porque todos fazemos – cada um sabe de sua vida – é porque nascemos graças a ele. É, a cegonha não tem nada a ver com isso.

Gian Kojikovski

Fazer essa matéria para o Quatro não foi nada fácil. A começar pelo tema que é direcionador do jornal: sexo. Não é fácil falar sobre isso fugindo de um clichê, que por mais que algumas pessoas insistam em dizer que não existe, é grande o suficiente para fazer parecer que tudo o que você faz já foi produzido de alguma maneira parecida.

Então, a primeira dificuldade foi pensar em uma pauta. Quatro ou cinco pautas sobre esse tema tendem a ficar boas, mas criar vinte e poucas não é uma tarefa fácil. A primeira que pensei e que tentei apurar foi uma completa furada. Era sobre os hormônios que, diz a lenda, são dados aos frangos para que eles cresçam mais rápido que o normal e como isso pode afetar os humanos. Logo nos primeiros contatos, professores de Zootecnia me disseram que isso não existia e depois de uma conversa de 20 minutos por telefone, convenceram-me parcialmente. Derrubamos a pauta e aí chegou a hora de pensar em outra. Violência sexual foi a primeira e a que ficou.

Difícil foi delimitar o tema, se tratava de abuso sexual infantil ou de abuso sexual como um todo, e foi erro meu não ter pensado nisso antes de apurar toda a matéria. Essa falha dificultou todo o andamento, que também foi lento e atrasado por uma série de problemas particulares durante o período de apuração.

Primeira alternativa de fontes, e mais óbvia, foi ir até a 6ª DP, que é a Delegacia da Mulher e do Menor, e conversar se possível com a delegada, psicóloga e escrivãs. A delegada não era muito afeita a entrevistas e não quis falar, mesmo com minha insistência. A psicóloga, Anna Raccioppi, e a escrivã, Agnes Rabelo, me atenderam prontamente e me passaram muitas informações importantes. Nem todas eu consegui captar, durante o período que permaneci na delegacia tive uma enxaqueca muito forte, não conseguia olhar para elas direito, nem anotar. Chegou a ser engraçado. Foi meio na força de vontade que prestei atenção ao que estava acontecendo pensando em não esquecer para tomar nota mais tarde. Até que deu certo. Lá também fiquei sabendo que não seria legal entrevistar alguma vítima. Teria duas opções, segundo elas, ou pedia para abordarem a criança após ela chegar à delegacia ou para ligarem para alguma que foi vítima recentemente. Abordar alguém que já está envergonhado por chegar àquele local em uma situação dessas ou ligar para uma pessoa que foi vítima recente e só pensa em esquecer o assunto poderia causar o que eles chamam de revitimização? Sem uma fonte assim, que daria peso para a matéria a tornaria mais real, ficou complicado puxar a matéria para próximo ao público, por mais que o tema seja interessante.

Depois disso, foi a vez de ir atrás de algum especialista e encontrei a professora aposentada do Serviço Social da UFSC, Catarina Schimickler. Tive sorte, ela foi solicita também e me respondeu as questões por e-mail. Peguei alguns livros para completarem o conhecimento que tinha sobre o assunto. Entrevistei a responsável pela Rede de Proteção às Vítimas de Violência Sexual de Florianópolis no HU, Lígia Silveira Dutra, que me deu alguns dados e me explicou como funciona o tratamento e, ao final, foi só produzir a matéria.

Lidar com o tema não é fácil. Alguns casos assustam, chocam. Não tratar dos agressores como monstros, que é a primeira coisa que vem à cabeça quando se conhece alguns casos, também é algo que foi difícil de controlar. Mas o engraçado é que acho que se a Polícia Federal rastreasse as pesquisas do meu computador nos últimos dias eu estaria realmente encrencado. Espero, também, não estar sendo incluso nesse momento nos arquivos de sujeitos potencialmente perigosos.

Daniela Nakamura

Sempre achei interessante falar sobre sexo. Quando disse a amigos e familiares que estava fazendo (mais) uma reportagem sobre o tema, todos comentavam ironicamente: “que novidade!”. Safada, pervertida, tarada, eram alguns adjetivos queridos que eu ouvia. Mas para mim, a intenção sempre foi outra: mostrar que sexo não é só excitação, coito, ejaculação. Também envolve saúde, cultura e, claro, prazer.

Tive orgasmos intelectuais ao saber que o tema central do nosso jornal Quatro seria sexo. Ouvi de um professor que é na faculdade que devemos ousar, sair do politicamente correto. O desafio era falar sobre sexo sem cair na pornografia, fazer um texto sem que ele parecesse ser daquelas revistas que ficam escondidas na banca. Aliás, sempre tive na cabeça que essa coisa de esconder, reprimir, só excita mais ainda e frustra as expectativas na hora do rala e rola. Mostrar o doce como algo a ser saboreado, mas depois tratá-lo como tentação e pecado é sacanagem.

Para a reportagem sobre pompoarismo e sexo tântrico, não tive muitas dificuldades em conseguir fontes. Havia poucas, mas todas dispostas a falar sobre o assunto, e a tirar a aura de perversão que ainda ronda o tema. Durante a apuração, a grande decepção foi não ter participado de um curso de pompoarismo, a convite da própria entrevistada, porque eu iria viajar. Confesso que me aproveitaria da rubrica de repórter, com a justificativa de me “inteirar no contexto”, para descobrir curiosidades próprias. Sim, fiquei muito interessada em tentar pompoar (e nem vem com essa risadinha aí!).

A maior parte das entrevistas foi feita por telefone, com especialistas do Rio de Janeiro, Florianópolis e São Paulo. Alguns colegas da selva de pedra que trabalham em revistas femininas e já escreveram várias matérias sobre sexo, me passaram vários contatos. Uns anjos! Mais que entrevistas, foram conversas, parecia um papo de bar. Quando falei com um pesquisador em Tantra do Rio de Janeiro, parecia que toda a energia de que ele falava passava pelo telefone. A cada fonte, a vontade de saber mais crescia. Ao falar com uma terapeuta sexual, seu sotaque carioca parecia pompoar, parecia que falava massageando. Ela falava de sexo como se falasse das belezas do Rio; era uma voz úmida e relaxada que vinha de uma mulher de terceira idade que me fez sentir uma amadora em sexualidade.

No Orkut, algumas comunidades serviram de cartão de visitas para conseguir falar com adeptos de sexo tântrico e pompoarismo. No início, eles não falaram muito, mas alguns se empolgaram quando eu dizia que a publicação seria toda voltada ao sexo, e parabenizavam a iniciativa. Espero que tenha sido bom pra você, leitor, porque pra mim foi ótimo. Como no sexo tântrico, eu não queria o gran finale da reportagem. Continuaria nas preliminares por um bom tempo.

Juliana Ferreira

Confesso que nunca havia me deparado com um tema tão complicado na produção de uma matéria. Em primeiro lugar, porque eu ainda não tinha ouvido falar sobre os tais disruptores endócrinos; depois, assim como eu, muitas das fontes que procurei também possuíam poucas ou nenhuma informação sobre o assunto. A princípio, isso me deixou bastante preocupada, chegando ao ponto de pensar em desistir de concluir esta reportagem. Entretanto, não é a função do jornalista procurar notícias até então desconhecidas para seus leitores? Foi isso que me motivou a continuar correndo atrás de pessoas que tivessem algo a acrescentar.

Procurei engenheiros ambientais. Eles foram indicando uns aos outros, por não saberem muita coisa sobre o tema, e eu não cheguei a lugar algum. Telefonei para muita gente que pediu para eu mandar minhas dúvidas por e-mail. Como eu já esperava, isso era apenas uma desculpa e eles nunca responderiam. Fui ao consultório de uma endocrinologista e quando falei sobre o que se tratava ela me olhou com o jeito de quem estava pensando “que menina doida! Nunca ouvi falar disso”.

Depois de tantas tentativas frustradas, fui até a Casan para falar com um bioquímico. Minha amiga Marina Empinotti me acompanhou até o local para ver se conseguíamos fazer algumas fotos e para me dar um apoio na apuração. Amigos devem trazer mesmo uma energia boa, pois foi nesse dia que as coisas começaram a dar certo. O entrevistado já me esperava com um artigo impresso cheio de informações úteis e com uma boa vontade que há algum tempo eu não encontrava em uma fonte.

A data limite para a entrega da reportagem ao editor se aproximava e eu tinha conseguido conversar apenas com o bioquímico da Casan. A solução que encontrei foi buscar por mais artigos e pesquisas relacionadas ao tema e juntar o máximo de informações possível. Li páginas e mais páginas, comparei os conteúdos e me apoiei apenas nos dados encontrados em diferentes textos para ter mais confiança. Elaborei a reportagem com as informações que consegui e cumpri o prazo determinado. Mas eu ainda não estava feliz com o resultado, sabia que com mais tempo conseguiria outros materiais. Foi exatamente isso que aconteceu. Só depois da matéria entregue, o universo resolveu conspirar a meu favor. Consegui a resposta de mais uma fonte e acrescentei novos dados ao texto. Da próxima vez, vou lembrar que no final fica tudo bem.

Luisa Pinheiro

A pauta sobre gravidez na prisão, na editoria de Sociedade e Comportamento, foi o que me deu ânimo para fazer o Quatro, já que não gostei muito do tema escolhido pela turma. Depois de várias ligações para o Presídio Feminino de Florianópolis, consegui marcar uma visita. A maior surpresa foi chegar lá no dia marcado, com ofício em mãos, e não poder entrar com gravador. Stephanie Pereira, a fotógrafa, pôde entrar com a câmera e eu tive que ficar só com o bloco de anotações.

Quando chegamos ao berçário, onde ficam as mães e grávidas presas, a agente prisional chamou todas elas para conversarem comigo. Estavam meio tímidas e não queriam ser fotografadas. Jocilene falava o tempo todo que tinha uma prima estudando na Federal e que não queria que ela visse uma foto sua na prisão. Fui perguntando a cada uma daquelas mulheres seu nome, informações sobre os filhos, por que haviam sido presas, a relação com o pai das crianças e quanto tempo ficariam ali.

Depois que eu já sabia um pouquinho da vida de cada uma delas, começaram a falar ao mesmo tempo. Sobre a família, o trabalho que aparece de vez em quando e, principalmente, sobre a diferença entre estar “presa” no berçário e nas galerias, onde ficam as outras detentas. Foi nessa hora que percebi que ter gravado aquelas duas horas de conversa não teria sido uma boa ideia. Nunca ia saber quem tinha me falado o que, as vozes iriam se confundir e algumas teriam ficado muito longe.

Não havia nenhuma mãe com a minha idade, mas todas eram muito jovens. Uma das grávidas era mais nova que muitas amigas minhas que também estão fazendo o Quatro e eu não consigo imaginar nenhuma delas presas, grávidas ou os dois juntos.

Apesar de todas as piadinhas feitas pelos colegas, pelo professor e até pelas agentes prisionais para cuidarmos de não ficarmos presas e ficarmos o final de semana com as detentas, passar aquela tarde com aquelas mães foi no mínimo curioso. Não sei se dá para falar de uma situação agradável num presídio. No final, parecíamos todas amigas conversando sobre vários assuntos ao mesmo tempo (difícil era anotar as informações importantes que apareciam). Até a agente prisional, que entrava no berçário para ver como estava a conversa e depois saía para “deixar as presas falarem o que queriam”. Na despedida, pediram que eu e Stephanie voltássemos lá com um exemplar do jornal e as fotos que tiramos delas. Todas posavam para a câmera, queriam registrar aquela tarde e Jocilene nem lembrava mais da prima universitária. Até eu tinha perdido a timidez, mas tinha uma presa que não queria aparecer nas fotos em grupo. Ana Mara, 25 anos, grávida de cinco meses do quinto filho, riu sem graça quando foi chamada para a foto em grupo. Não queria guardar recordações da prisão.

Os alunos da disciplina de Redação IV já estão em plena atividade para a elaboração da sexta edição do Quatro, seu jornal-laboratório. Depois de um longo debate, foi escolhida uma palavra-chave para o número: “sexo”.
A partir daí, os alunos pensam e produzem pautas que girem em torno dos muitos sentidos da palavra escolhida, de forma a ampliar os seus significados e aplicações, sempre com a preocupação de atender as seis editorias do Quatro: Política/Economia, Comportamento/Sociedade, Bem-Estar, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura.

Thiago Moreno

Xico Sá é um cronista da Folha de S. Paulo que escreve sobre a extinção do que ele considera um macho de verdade. Na sexta-feira, 17, em uma palestra para a 9ª Semana do Jornalismo na UFSC, evento organizado pelos alunos do curso, ele falou sobre sua experiência como repórter boêmio e favorecido pelas coincidências. Durante quase duas horas, contou casos de sua vida e respondeu a perguntas sobre jornalismo, inspirações e a participação no clipe do cantor Sidney Magal.

Para dar exemplo de como conseguiu as informações de algumas reportagens inéditas que cobriu, usou o caso do dono da empresa de táxi aéreo Brasil-Jet e tesoureiro do presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo César Farias. Xico disse que estava em um bar, quando ouviu uma influente figura do governo contando que PC estava em Londres. Ele, então, terminou sua bebida e foi ligar para a redação. Durante 18 meses pesquisou sobre o empresário e, hoje, considera esta matéria, publicada na Folha de S. Paulo em outubro de 1993, uma das mais importantes que preparou para o jornal.

Sua fala tinha como objetivo acabar com alguns mitos da profissão: “Nós não somos artistas. Aquela visão dos filmes não é bem verdadeira. Muito do que fiz começou em botecos, conversando com garçons e amigos e não investigando dossiês ou arrancando confissões”, confirmou em entrevista mais tarde.

O escritor explicou que para seu novo livro, Chabadabadá, aventuras do macho perdido e da fêmea que se acha, reescreveu e reuniu 99 crônicas antigas. As histórias são sobre devoção às mulheres, manias do homem moderno, angústias de amor e relacionamentos. O professor do Departamento de Jornalismo, Hélio Schuch, explicou que esse tipo de registro serve para preservar o texto. “Ninguém guarda o jornal do dia anterior e, mesmo que tente, o papel estraga. Publicando assim, dá pra manter a obra viva por mais tempo.”

Há oito anos, o jornalista não trabalha mais com notícias. Hoje, É colunista dos jornais Folha, Diário do Nordeste, Diário de Pernambuco e O Tempo, além do portal Yahoo!. Na televisão, faz parte do programa esportivo Cartão Verde e do Notícias MTV. “Eu dei risada e, ao mesmo tempo, conheci melhor a experiência de um cara que, para mim é referência.”, comentou a estudante Cecília Cussioli sobre o ar descontraído do evento.

Milena Lumini

Os participantes do minicurso de Jornalismo Investigativo, que ocorreu durante os dias 13 e 15 de setembro, como parte da Semana do Jornalismo, na UFSC, discutiram os aspectos essenciais do trabalho de repórter como investigador: os métodos de apuração, as fontes de informação e os riscos. Ministrado pelo jornalista e professor da UFSC Mauro César Silveira, o minicurso possibilitou aos alunos ouvir histórias de êxito e fracasso de um repórter com experiência na investigação, como a cobertura do sequestro de dois uruguaios pela Operação Condor.

Alguns autores consideram todo tipo de reportagem investigação. Logo no primeiro encontro, Silveira definiu que fazer jornalismo investigativo é produzir matérias que abordam temas de relevância social e que estão escondidos do público. As descobertas devem ser realizadas pelo próprio repórter. “Hoje, temos um número maior de matérias sobre investigações do que de descobertas feitas pelo repórter porque falta tempo – essencial para uma boa apuração e cruzamento de dados”, explicou o professor.

O trabalho investigativo exige métodos objetivos e rígidos de apuração que nem sempre são ensinados. Segundo Mauro César Silveira, a competitividade entre os profissionais é um dos motivos que limitam a disseminação dessas técnicas, que muitas vezes atingem limites éticos. O professor discutiu que, dependendo do interesse público, algumas práticas são justificáveis, como se passar por outra pessoa e gravar de entrevistas sem o conhecimento das fontes. “Se há outra forma de conseguir a informação, o método já é condenável”, alertou.

Algumas investigações necessitam de mais de uma pessoa para apurar. Silveira contou que no caso do sequestro dos uruguaios Lilian Celiberti e Universindo Díaz, que cobriu entre 1978 e 1984, repórteres de todo Brasil colaboravam com informações novas de suas fontes. “Nunca vi uma troca tão intensa, principalmente nos primeiros anos. Se houvesse o mínimo de egos, a gente não teria chegado a lugar nenhum”, revelou o professor.

Para Silveira, “o bom jornalismo investigativo produz consequências” como suscitar uma investigação policial ou do Ministério Público. Não raro, essas repercussões colocam o jornalista em risco. O jornalista paraguiaio Cândido Figueiredo, por exemplo, após publicar várias reportagens sobre o tráfico de drogas em seu país, passou a mudar de endereço com frequência, não vive mais com a família e convive com seguranças fortemente armados. Outras consequências mais amenas seriam processos judiciais contra o jornalista.

Apesar de se interessar pelo conteúdo exposto no minicurso, a estudante de jornalismo do quarto semestre, Ingrid Fagundez não se vê trabalhando nessa área. “É um trabalho que te consome muito, você não tem vida pessoal. Não sei se estou preparada para abrir mão e tanta coisa”, explicou.

Daniela Nakamura

Imagens de bundas durante seis minutos. Os participantes do minicurso de Videoclipes, ministrado pela professora Aglair Bernardo, assistiram a cenas inusitadas como essa para inspirarem sua própria produção. As aulas foram realizadas durante a 9ª Semana de Jornalismo da UFSC, entre os dias 13 e 16 de setembro.

A teoria foi apresentada apenas no primeiro dia, com introdução às técnicas de videoarte e aos conceitos dos movimentos de vanguarda, como o dadaísmo. Bernardo Aglair mostrou aos alunos algumas bandas que marcaram época, como Rage Against the Machine e Radiohead Para a professora, o vídeo “Bundas”, da artista plástica Yoko Ono, representa um conceito-chave para vídeos dos alunos – sem densidade narrativa, mas com associações diferentes e chocantes.

“A intenção é mostrar cenas loucas mesmo, para arejar a mente dos alunos, que querem dominar as imagens, e pensam somente no lado jornalístico. O minicurso acaba funcionando como um start, pois desperta novas sensações e inspirações”, explicou a professora.

Seguindo as orientações da professora Aglair, os alunos de Jornalismo Nathan Mattes e Helena Stürmer produziram um vídeo baseado na música Subterranean Homesick Blues, de Bob Dylan, em que as câmeras foram presas ao corpo, a fim de captar imagens aleatórias de cenas cotidianas, num ritmo rápido, coerente com a melodia escolhida. A intenção do vídeo era transmitir uma “libertação intelectual”, saindo do padrão jornalístico de enquadrar e destacar as imagens.

Com um pouco mais de densidade narrativa – maior preocupação com a estória a ser transmitida -, outro grupo produziu um vídeo baseado no vampirismo e no lesbianismo, numa espécie de sátira ao best-seller Crepúsculo. A aluna de Ciências Sociais, Camila Souza Betoni, interpretou uma vampira que será seduzida por outra garota, aparentemente normal mas que também é vampira. As cenas foram gravadas no bosque atrás do planetário da UFSC, com improvisação de figurino e maquiagem.

O diretor do vídeo com as “vampiras”, Leandro Andrade, que já trabalhou em produtoras de Florianópolis, comprou velas, vinho, maquiagem, e trouxe até uma caveira que havia ganhado de presente para a filmagem. “É tudo na base do improviso e da inspiração, da tentativa e erro. É o que traz empolgação pra gente”, afirmou Andrade.

Ao todo, foram produzidos quatro videoclipes, exibidos para os próprios alunos na sexta-feira (17). Exceto o vídeo das “vampiras”, os demais tiveram duração curta, de no máximo cinco minutos, como nos videoclipes musicais. Seguindo a proposta de Aglair, os próprios alunos serão os divulgadores de suas produções, que estarão disponíveis do acervo do curso de Jornalismo e de outros cursos interessados.

Thayza Melzer

A World Study Intercâmbio Cultural mostrou seus pacotes de viagem para o exterior na sexta-feira, 17, às 14 horas, no auditório do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC. A palestra fez parte da programação da 9ª Semana do Jornalismo e teve como tema a importância do intercâmbio na vida profissional. Leandro Weigmann, um dos diretores do escritório de Florianópolis, aproveitou para explicar o trabalho da empresa, diferenciar os programas e tirar as principais dúvidas dos estudantes.

Existem programas para todas as idades, mas o foco dessa tarde eram os universitários de 18 a 28 anos. Os mais procurados são os cursos de idiomas, o Study & Work, no qual metade do tempo da viagem é para estudo e metade para trabalho, Au Pair, trabalho como babá e TRUE (trabalho remunerado para universitários no exterior). As principais vagas estão em lojas de roupas, redes de fast-food, hotéis-cassino, estações de esqui e resorts.

A remuneração varia de acordo com o empregador e com a quantidade de horas que se trabalha. O tempo da viagem é escolhido pelo cliente. “Normalmente, quem faz o TRUE fica de três a seis meses. O Work & Study, de seis meses a um ano”, exemplificou Weigmann. O custo da viagem depende do país escolhido. O destino mais procurado ainda é os Estados Unidos, mas países como o Canadá e a Irlanda estão atraindo cada vez mais público com pacotes que custam até R$ 2 mil a menos.

Outro programa da empresa é o Mochilão World, montado de acordo com a vontade do cliente. O estudante de jornalismo Vinícius Schmidt mostrou interesse, porém ainda acha o valor de US$ 2.070, aproximadamente R$ 3.500, muito alto. “Eu queria conhecer a Europa, países como a Holanda, França e Itália. Talvez viajar por conta própria saia mais barato”, concluiu.

Criada por ex-intercambistas, a World Study possui uma estrutura de apoio aos estudantes que querem viajar e também as suas famílias, com psicólogos especializados nos escritórios e acompanhamento do aluno durante o programa. Weigmann, que participou de três intercâmbios, afirmou que aprender a lidar com uma cultura e com costumes diferentes se reflete de maneira positiva no mercado de trabalho porque o estudante aprende a lidar com situações difíceis e a sair delas. “Cada vez mais os empregadores buscam contratar pessoas com esse perfil”, concluiu.

Jéssica Butzge

Durante as manhãs de 13 a 16 de setembro da 9ª Semana do Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, alunos do minicurso de Adobe Premiere Avançado no qual todas as 15 vagas foram preenchidas – aprenderam conceitos e técnicas avançadas em edição de vídeo para telejornalismo. O coordenador de produção da TV UFSC e professor dessas atividades, Augusto Veiras, abordou temas como a correção e tratamento de imagens, regulagem de áudio, geração de caracteres e criação de clipes e vinhetas, além de manipulação de imagens e textos.

A estudante de Jornalismo, Joice Balboa, diz que começou a trabalhar em uma produtora de vídeo na mesma semana do minicurso e que se surpreendeu com o que pôde aprender nas aulas. “Tudo o que ele falou vai ser usado na prática do meu trabalho. Aprendi em quatro dias efeitos de vídeo que nunca aprenderíamos na faculdade. Já deu pra ter uma noção de como vai ser a rotina em meu novo emprego”, afirmou.

O professor do minicurso conta que de um modo geral os estudantes não apresentaram muitas dificuldades. “As aulas foram mais expositivas para que eles apreendessem um grande número de informações. Talvez, eles enfrentem dificuldades quando usarem o que aprenderam sem um professor para orientá-los, como geralmente acontece até o aluno pegar a prática”, comentou.

Ao ser questionado sobre as dificuldades para ministrar o minicurso, Augusto Veiras reclamou que o pré-requisito para a inscrição era o conhecimento básico no programa Adobe Premiere, mas que alguns alunos ignoraram e foram mesmo assim. “Para um curso que se propunha ser ‘avançado’, boa parte dos alunos estava ainda bem ‘crua’”.

Além disso, a grande dificuldade do professor foi com relação ao tempo. “Tenho consciência de que derramei uma avalanche de conteúdo em cima dos alunos. Imagina o conteúdo de um semestre condensado em quatro dias!”, explicou Veiras.

Nathale Ethel Fragnani

O documentário Impasse, de Fernando Evangelista e Juliana Kroeger, foi lançado ontem, dia 16, às 19h30, no auditório da Reitoria na UFSC durante a 9ª Semana de Jornalismo. As 203 poltronas do local não foram suficientes para acomodar todos os interessados na exibição e um telão foi montado no hall de entrada da Reitoria, fora do auditório. O documentário de 80 minutos tem como tema a discussão sobre o transporte coletivo de Florianópolis.

Impasse foi realizado pela produtora independente DocDois e mostra cenas das cinco semanas de manifestações contra o aumento da tarifa ocorridas em maio e junho deste ano na Universidade Estadual de Santa Catarina e que nunca foram exibidas na televisão. Além disso, traz entrevistas com usuários do transporte da cidade, representantes do governo, policiais, especialistas e empresários da área. O diretor Fernando Evangelista conta que as imagens foram inicialmente captadas para registro jornalístico, mas, na segunda semana de protestos, decidiu que o material tinha importância suficiente para gerar um documentário com aprofundamento no assunto.

Ontem, do lado de fora do auditório, os interessados se acomodaram no chão da Reitoria em frente ao telão. Flávia Schiochet, estudante de jornalismo, que estava sentada com as costas apoiadas em um pilar, disse que não esperava que tanta gente aparecesse. “Não consegui nem entrar lá dentro”, diz, se referindo ao auditório. Juliana Kroeger, repórter, documentarista e diretora de Impasse, disse imaginar a presença de um público numeroso pois existem muitos curiosos quanto às cenas de violência de policiais contra estudantes nas manifestações que ocorreram este ano. “Além do interesse pelo debate sobre o transporte coletivo da cidade, assunto que certamente toca a todos os que pegam ônibus diariamente”, completa.

O público se manifestou negativamente em várias declarações e cenas do documentário. Em especial naquelas em que os empresários do transporte e os responsáveis pela sua concessão às empresas privadas em Florianópolis explicavam seus pontos de vista. A indignação da platéia também foi notada nas imagens de flagrantes de violência contra estudantes pela polícia captados de perto pela câmera e nas falas de justificativa dos que reprimiam as manifestações ocorridas na cidade. O documentário trouxe ainda dados informativos sobre a situação do transporte coletivo no mundo em frases que se intercalavam com as imagens.

Maíla Diamante

A cobertura de política é das áreas que mais provoca a competição por exclusividade, mas isso não é motivo para a prática do denuncismo descuidado, sem uma apuração cuidadosa. O alerta veio dos convidados Lúcio Vaz, Edson Sardinha e Felipe Pereira, que participaram na quinta (16) da mesa de discussão Repórteres de olho – investigação de escândalos políticos, da 9ª Semana de Jornalismo da UFSC. Os jornalistas também levaram para o debate, entre outros temas, os limites da atuação do jornalismo político, a parceria do jornalista com a Justiça e os bastidores de casos importantes que cobriram.

Um escândalo político foi definido por Edson Sardinha, um dos fundadores do site Congresso em Foco, como um ato de corrupção que venha a público e provoque mobilização popular. Sardinha lembrou o limite da repercussão das matérias sobre escândalos políticos. A sociedade dá uma “procuração” ao jornalista para que ele investigue, mas a transformação deve vir da sociedade, pelo voto ou pelas ruas. “O papel do jornalista é expor para as pessoas os casos de corrupção, mas cabe a elas mudarem a situação”, afirmou. Ele ressaltou que ainda existe muita permissividade das pessoas com os gastos públicos, devido a pouca prática de leitura de jornais.

A pressão da opinião pública sobre os jornais é compreensível, mas os papeis da imprensa e dos órgãos responsáveis pela investigação e processo desses casos – Polícia Federal, Ministério Público e Justiça – devem ser bem definidos. A parceria com a imprensa, segundo Sardinha, é saudável para os dois lados: muitos processos partem das denúncias feitas pelos jornalistas, e a imprensa também precisa das informações desses órgãos.

Lúcio Vaz, repórter do Correio Braziliense que cobriu o caso Mensalão, falou sobre a irresponsabilidade de jornalistas que publicam matérias com dados mal apurados. Com experiência de 31 anos de jornalismo político, ele lembrou de quando a lista dos funcionários envolvidos com o mensalão, que ele ainda apurava, caiu nas mãos da Globo e foi ao ar no Jornal Nacional sem verificação. Vaz também comentou os bastidores da cobertura da operação Sanguessugas, que lhe rendeu inclusive ameaças de morte.

Além da repercussão das matérias sobre escândalos políticos e a necessidade de uma apuração correta, a importância das fontes foi destacada pelo repórter do Diário Catarinense Felipe Pereira. Com apenas um ano de profissão, Pereira cobriu a Operação Moeda Verde, caso da negociação de licenças ambientais em Santa Catarina. O fato de ele conhecer bastante gente da Polícia Federal ajudou ao produzir a matéria. “Uma denúncia, porém, deve ser avaliada no sentido de identificar todos os interesses presentes”, lembrou. Uma terceira dica que deu aos estudantes foi a necessidade de saber os termos usados por policiais e advogados para não se perder nas informações. “Eles nos olham e acham que somos focas, e não vamos compreender o que disserem. Aprendam a linguagem deles para não cairem em armadilhas”, comentou.

Marilia Goldschmidt Labes

Frank Maia, chargista do jornal A Notícia e ilustrador freelancer, não se chateou por ter ministrado o minicurso de Charge da 9ª Semana do Jornalismo da UFSC para apenas três alunos. “O importante são as pessoas”, ele diz antes de dar uma risada. A oficina, que aconteceu de segunda a quinta-feira, 13 a 16, foi a menos disputada das nove oferecidas pela Semana. Durante o período de inscrição, as quinze vagas disponíveis foram preenchidas, mas na hora do credenciamento seis pessoas compareceram. E três delas completaram o curso.

Apesar dos poucos alunos, a produção de charges foi alta. Segundo Frank Maia, o resultado da oficina foi melhor do que de outros encontros ministrados por ele, que tinham mais gente. O ilustrador deixou clara a importância do exercício na formação de um chargista. Por isso, as aulas foram voltadas para a prática. E foram também informais, como o ilustrador. Um tema era debatido e todos deveriam desenhar uma charge sobre o assunto. Mas ninguém deveria levar a idéia tão a sério, pois para o ministrante “uma charge é só uma charge, não vai revolucionar o mundo”.

Política foi o assunto mais recorrente das charges durante a oficina – do pé torcido da presidenciável Dilma Rousseff à liderança de Tiririca em uma pesquisa do IBOPE para deputado federal de São Paulo. Mas no último dia, a idéia foi satirizar a própria Semana do Jornalismo. Uma charge feita por Frank Maia foi publicada no jornal Trololó da Nona, produto dos alunos do minicurso de Jornalismo de Humor, que também ironizou o evento.

Todas as charges feitas pelos alunos da oficina devem ser expostas no curso de Jornalismo da UFSC a partir da próxima semana. Quem mais produziu foi Sidney Azevedo, estudante de Jornalismo no IELUSC (Instituto Superior e Centro Educacional Luterano), de Joinville. Azevedo veio para Florianópolis e aproveitou o minicurso: “Uma das coisas que nunca deixei de fazer é desenhar. E a charge é um modo particular de passar informação”. Uma idéia do aluno acabou virando charge de Frank Maia, publicada em A Notícia do dia 16: o presidente Lula e o presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen, discutindo retratados como dois polvos.

Ingrid Fagundez

“As fotos podem contar histórias. No fotojornalismo, o papel do fotógrafo é trazer em 2 ou 3 frames tanta informação quanto o texto”, explica a fotógrafa do jornal catarinense Notícias do Dia, Cristiane Fontinha. Mas como atingir esse objetivo? Como captar a imagem que vai traduzir a essência da matéria? Foi procurando responder a essas questões que Cristiane e a professora de fotografia do curso de Artes Plásticas da UDESC, Marina Moros, ministraram entre os dias 13 e 16 de setembro o minicurso de Fotorreportagem. Parte da 9ª Semana do Jornalismo da UFSC, os encontros aconteceram nas dependências do Departamento de Jornalismo e reuniram 14 interessados em entender a capacidade narrativa das fotos.

A fotógrafa Cristiane Fontinha contou que durante o curso procurou detalhar a rotina dos fotojornalistas na redação. Segundo ela, é preciso conhecer todo o processo – da pauta à edição final – para entender como o profissional consegue captar as imagens necessárias. “Sabendo mais sobre o dia-a-dia do jornal, o ritmo em que os fotojornalistas trabalham, as exigências da pauta, a conversa com os repórteres, fica fácil entender como eles treinam o olhar para conseguir as melhores fotos”, disse o aluno da segunda fase do curso de Jornalismo da UFSC, que participou do minicurso, Victor Hugo Bittencourt. Tentando trazer a realidade das redações para mais perto dos alunos, Cristiane organizou uma saída ao centro de Florianópolis para fotografar um dos espetáculos do Festival de Teatro Isnard Azevedo. “Depois de conversar sobre o papel do fotojornalista como contador de histórias e de como é importante trazer imagens com informação, percebi que eles buscaram novas abordagens. Estavam preocupados com os detalhes da cena, do público”, lembrou.

Os aspectos históricos também são importantes para entender a produção das fotorreportagens. De acordo com Mariana Moros, professora de fotografia do curso Artes Plásticas da UDESC, ter uma bagagem histórica é essencial. A fotografia atual carrega marcas das antigas tendências e é importante para o fotógrafo conhecer o que já foi feito para não imaginar que revolucionar é fácil. “Usei a história e os fotógrafos da agência Magnum como guia. É necessário saber por quais visões o seu trabalho está contaminado, para criticar e fazer diferente”, afirmou. Jennifer Hartmann, também aluna da segunda fase do Jornalismo da UFSC, diz que aprender sobre os fotógrafos de referência como Cartier-Bresson e Robert Capa leva à inspiração. “Isso treina o olhar. Você pensa mais sobre a foto antes de sair clicando por aí. Ao conhecer fotógrafos importantes você pode criar uma nova forma de ver as coisas”, explicou.

Marina Empinotti

Crítica cultural é agenda? Os convidados da mesa “A opinião consentida: olhares sobre a crítica cultural”, promovida nesta quarta-feira, 15, pela 9ª Semana do Jornalismo da UFSC, afirmam que quem usa a crítica como guia de consumo não sabe aproveitá-la. Bruno Moreschi, Jotabê Medeiros e Pablo Villaça acreditam que resumir seus trabalhos aos eventos programados é reducionismo, embora os dois gêneros sejam muitas vezes confundidos.

Para Jotabê, crítico musical do jornal O Estado de São Paulo, é difícil escapar da agenda no jornalismo diário, principalmente na maior cidade do Brasil: “Nas redações enxutas atuais, fazer a triagem dos trabalhos envolve um esforço imenso e muita coisa é deixada de lado. Tememos cometer injustiças e perder momentos históricos, mas é necessário”. Jornalista há 25 anos, ele afirma que o que enriquece a crítica é sua aproximação à reportagem, levando ao leitor não somente a opinião de quem a escreve, mas fatos objetivos para embasar os componentes subjetivos.

Bruno Moreschi, formado em Jornalismo na UFSC, é crítico de artes plásticas das revistas Bravo! e Piauí. Seu trabalho é pautado pelos eventos artísticos de São Paulo, mas envolve até meses de apuração, sendo publicado, muitas vezes, depois do término da exposição: “O campo das artes plásticas é enorme e preciso de muitas pessoas para conversar sobre os temas que escrevo. Como em todo o jornalismo, faço boas investigações e entrevistas para validar meu discurso”.

Apesar de graduado em Medicina, Pablo Villaça estuda cinema desde a adolescência e escreve sobre o tema no portal Cinema em Cena, criado por ele em 1997. O crítico afirma fazer seus textos para quem ainda não viu o filme, mas nega que sua visão deva influenciar a ida de alguém ao cinema: “Meu papel é ajudar as pessoas a assistir ao filme com outros olhos, percebendo coisas que não perceberiam se não fossem avisadas. Com o tempo, isso cria uma consciência crítica e o indivíduo começa a enxergar as produções com olhar mais exigente”.

Os convidados foram unânimes ao afirmar que presentes e convites, que recebem constantemente, não influenciam suas críticas. Encerrando a conversa, Jotabê afirmou ser desnecessário se preocupar com as constantes tentativas de agrado aos profissionais do jornalismo cultural: “Precisamos patrulhar essas regalias para a imprensa no campo político. Aí a questão torna-se muito séria”.

Daniel P. Giovanaz

O Centro Acadêmico Livre de Jornalismo (CALJ) da UFSC ofereceu aos alunos o minicurso Produção de Perfis durante a 9ª Semana do Jornalismo pelo segundo ano consecutivo. Com carga-horária total de 20 horas, as aulas foram ministradas pelo professor Jorge Kanehide Ijuim, doutor em Ciências da Comunicação pela USP, nas manhãs de segunda (13) à quinta-feira (16). A Semana foi organizada pelos próprios alunos do Curso de Jornalismo e promoveu mesas de discussão, palestras e exibição de documentários no auditório do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da UFSC.

Para exercitar a percepção e a capacidade de descrição dos participantes, o ministrante recomendou a leitura do texto Frank Sinatra está resfriado, do escritor norte-americano Gay Talese. “É uma narrativa muito versátil, que contém vários pequenos perfis dentro de um só. É uma referência interessante e, com certeza, um ótimo ponto de partida para eles”, argumentou.

Estudante da quarta fase do Curso de Jornalismo, Túlio Kruse explica que a elaboração de perfis exige criatividade e poder interpretação do repórter. “O minicurso deu aos alunos a oportunidade de experimentar outro tipo de texto, menos formal do que vemos nas aulas de Redação”, completou.

No terceiro dia de curso, Ijuim solicitou aos alunos que saíssem da sala para procurar um personagem para escrever um perfil. “Conversei com um mestrando do curso de Educação Física, Rodrigo Ferrari, que estava andando de bicicleta com uma câmera na mão. Descobri que ele é assessor da campanha de um candidato ao Senado, e consegui fazer um texto interessante”, relatou Kruse. Na quinta-feira, as narrativas foram lidas e avaliadas pelo professor.

Além do curso ministrado por Ijuim, a Semana ofereceu aulas-extras de Jornalismo de Humor, Charge, Radioteatro, Videoclipe, Jornalismo de Moda, Adobe Premiere Avançado, Fotorreportagem e Jornalismo Investigativo. Até o final de setembro, os alunos receberão um certificado da Pró-Reitoria de Apoio à Extensão da UFSC pela participação.

Guilherme Teixeira

O jornalista Palmério Dória já deve mais de 1 milhão de reais em processos, devido suas reportagens que investigam os escândalos políticos do país, principalmente no estado do Maranhão, Amapá e Mato Grosso do Sul. Suas principais matérias incluem acusações contra o então ministro da agricultura Wagner Rossi, em outubro de 2009; contra Mário Covas Neto, filho do ex-governador de São Paulo Mário Covas; contra o deputado federal Paulo Maluf; sem contar suas duas obras envolvendo os escândalos da família Sarney. A maioria dos processos ainda está em julgamento.

Escritor do livro “A candidata que virou picolé”, que trata da candidatura à presidência da República de Roseana Sarney, Dória contou, em palestra realizada para a IX Semana de Jornalismo da UFSC, nesta quarta-feira à noite, dia 15, que a maior satisfação ao receber um processo é saber que suas acusações estão incomodando e dando resultado. “Se ninguém comentasse não teria graça. O importante é saber que minhas alfinetadas atingem alguém, mesmo que indiretamente. O que eles não sabem é que estão caindo na minha armadilha quando me respondem”, revelou

O jornalista comentou que os únicos problemas com os processos são o tempo e os custos com os procedimentos burocráticos. “Tenho que agradecer aos meus advogados. Eles também são escritores, pois produzem uma reportagem para me livrar das grades. O problema é que, mesmo escapando das multas, ainda tenho que suportar o desgaste físico e mental”, completou.

Acusado por Dória no livro “os Honoráveis Bandidos” por esquema de corrupção com a família Sarney nas Centrais Elétricas Mato-Grossenses (Cemat), o empresário Armando Martins de Oliveira é autor de um dos processos contra o jornalista. Oliveira justifica a ação judicial, afirmando que não há provas de sua participação, nem que esteja envolvido com José Sarney.

Além dessas dívidas, o repórter já sofreu com boicotes de diversas livrarias e com protestos de jovens maranhenses. Em 12 agosto deste ano, foi o alvo de ovos e de tortas quando divulgou seu livro em Imperatriz, em um evento que terminou em pancadaria. Episódio semelhante já havia ocorrido em novembro de 2009, em São Luís. As manifestações exigiam que Dória respeitasse o Estado do Maranhão, que se retirasse imediatamente para nunca mais voltar.

Leonardo Lima

O jornal-mural “Trololó da Nona” foi o produto final do minicurso de Jornalismo de Humor ministrado pelo professor Hélio Schuch entre os dias 13 e 16 de setembro na 9ª Semana do Jornalismo da UFSC. Participaram da atividade alunos dos cursos de Jornalismo da UFSC, Estácio de Sá e UNIFRA. Além de outros minicursos, a 9ª Semana do Jornalismo ainda ofereceu gratuitamente palestras e mesas de discussões que debateram temáticas do jornalismo contemporâneo.

Nas duas primeiras aulas do minicurso, o professor Schuch apresentou aos alunos o humor presente nos jornais, TV e cinema. Periódicos como “O Pasquim” – semanário de oposição ao regime militar editado entre 1969 e 1991 –, o tablóide “Planeta Diário” e a revista “Bundas” foram alguns exemplos levados à sala de aula. Comentou-se também sobre o melhor filme de Charles Chaplin segundo o professor Schuch: Pastor de Almas (The Pilgrim), 1923, um exemplo de humor refinado no cinema.

O estudante da sétima fase de Jornalismo da UFSC e aluno do minicurso, Bruno Volpato, disse que nunca teve tempo para estudar o assunto, mas sempre se interessou pela abordagem humorística das notícias, tanto que mantém há quatro anos o Laranjas, um blog humorístico que reúne textos dele e de mais cinco estudantes do curso. “A gente sempre tenta incluir um pouco de ironia, sarcasmo, sacanear poderosos. Ninguém melhor que Hélio Schuch para me ensinar jornalismo de humor”, declarou Volpato. Já a estudante da segunda fase de Jornalismo da UFSC, Merlim Malacoski, contou que se inscreveu para o minicurso sem muitas pretensões, mas acabou gostando da metodologia das aulas e da equipe que fez o produto final. Indagada se é possível fazer uso do humor no jornalismo atual, a aluna refletiu: “Não sei se é viável, mas com certeza é preciso.”

As duas últimas aulas foram utilizadas para a produção do Trololó da Nona, uma sátira com o nome da própria Semana do Jornalismo. Na quarta-feira, o professor distribuiu as pautas entre os alunos do minicurso e, no final da manhã de quinta, o Trololó já estava pronto para ser impresso. O jornal fixado nas paredes do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC trouxe matérias, ilustrações e fotos relacionados à Semana do Jornalismo. A única edição do “Trololó da Nona” abriu com a seguinte manchete: “Jornalismo investiga tentativa de assassinato do Impresso”. O jornal dedicou a segunda página do jornal à ilustração de página inteira de um peixe e destilou o seu sarcasmo final com o título: “O Trololó da Nona cumpre com a função social básica do jornalismo: embrulhar peixe.” No final do minicurso, o professor Hélio Schuch declarou-se satisfeito com o resultado da oficina. “A turma que apareceu aprendeu alguma coisa sobre jornalismo de humor e não tinha nenhuma noção sobre ele. Disseram isto no final. Me sinto gratificado.”, disse o professor.

Stephanie Pereira

A ombudsman da Folha de S. Paulo, Suzana Singer, afirmou nesta terça-feira (14) que os leitores se sentem defendidos quando ela torna públicas as suas críticas. Recentemente, em sua coluna semanal, a jornalista criticou a Folha de S. Paulo por sua postura nas coberturas eleitorais deste ano. “No dia seguinte ao que o texto foi publicado, muita gente mandou emails elogiando”, disse. “Nas outras reportagens, eu não senti que a Folha estava sendo parcial, mas nesta última ela realmente passou dos limites”, completou, fazendo menção à manchete “Consumidor de luz pagou R$ 1 bi por falha de Dilma” publicada pelo veículo no dia 05 deste mês. Suzana, que assumiu o cargo de ombudsman do jornal em janeiro deste ano, falou brevemente de sua carreira em uma palestra que fez parte da programação da 9ª Semana de Jornalismo na UFSC.

O ombudsman é considerado o representante oficial dos leitores por ter o papel de criticar o próprio jornal em que trabalha. Todos os dias, Suzana lê a Folha de S. Paulo inteira e lê também alguns jornais concorrentes. Além disso, ela atende os leitores e escreve um relatório contendo os erros encontrados no jornal: “Entre os maiores erros publicados pela redação estão os títulos mal feitos, leads criativos demais, preconceitos que o repórter deixa transparecer ou a falta de informação. Isso tudo é discutido pela redação posteriormente.”, disse.

Durante a palestra, Suzana foi questionada sobre até que ponto ela tem licença para desenvolver suas críticas ao veículo. Para ela, é essencial que o ombudsman tenha total liberdade quando está exercendo sua função: “Nunca fui censurada ou pressionada enquanto avaliava o jornal, mas confesso que é uma situação ruim ter que criticar seus próprios colegas. E, apesar de minha total liberdade, não tenho nenhum poder”, lamentou a jornalista. De acordo com Suzana, o cargo não tem valor executivo, ou seja, se ela sugerir quaisquer mudanças, não significa que o jornal vai pô-las em prática. A crítica dela, feita ao jornal, pode ser simplesmente ignorada.

Jornalista formada pela PUC de São Paulo, Suzana Singer também cursou ciências sociais na USP. Trabalha na Folha de S. Paulo há 23 anos, foi repórter e teve cargos de chefia nas editorias Educação, Ciência e Suplementos. Participou da criação do caderno Folha Teen, do Guia da Folha e das seções Saúde na década de 90 e da Folha Corrida em 2008. Em março de 2004, assumiu a função de Secretária de Redação, onde ficou até janeiro de 2010. Sobre a profissão de ombudsman, Suzana concluiu: “Acho que muito mais gente deveria se arriscar nesta empreitada. As empresas já se preocupam com a imagem. Mas ter um ouvidor é necessário”.

Juliana de Souza Ferreira

Os repórteres e profissionais da área de jornalismo esportivo enfrentam em seus dias de trabalho a dificuldade de fazer a cobertura de uma maneira diferenciada. Nesta terça-feira (14), a busca por fugir do óbvio foi o tema debatido na mesa de discussão Jornalismo esportivo: panorama e inovações, que faz parte da programação da 9ª Semana do Jornalismo da UFSC. Os convidados André Kfouri, repórter e apresentador da ESPN Brasil, Marcos Castiel, editor de esportes do Diário Catarinense e Clayton Ramos, repórter da TVBV e da Band FM Florianópolis, discutiram tópicos como o uso do humor, da opinião e do conhecimento da língua portuguesa como elementos de inovação na cobertura na área de esportes.

A mesa teve início com a exposição de opiniões de cada um dos convidados quanto ao atual panorama do jornalismo esportivo. Kfouri disse que não é justo que esperem do repórter que ele faça uma cobertura diferente a cada dia, pois chegará o momento em que vai faltar criatividade para inovar ao produzir a matéria. “Às vezes é melhor fazer o formato que as pessoas estão esperando do que passar uma idéia de querer ser diferente sem conseguir”, afirmou o repórter.

Na opinião de Castiel, uma maneira de se destacar entre os demais profissionais da área é ser capaz de trabalhar em variadas mídias. “Para fazer uma matéria diferenciada é preciso ser multimídia, mas ser multimídia com qualidade, com equipe, com muita criatividade e com muita inteligência no texto”, disse ele. Já o repórter Ramos aposta no humor como uma forma de inovar. “Quem souber fazer um pouquinho de humor sem perder a credibilidade vai se diferenciar no mercado”, afirmou.

Depois que os convidados apresentaram suas opiniões, a discussão foi aberta a perguntas do público. Alguns dos temas abordados foram a função da assessoria de imprensa, o fato de ex-atletas trabalharem como comentaristas e a inclusão de profissionais mulheres no jornalismo esportivo. Quanto ao último assunto, Castiel disse que “a mulher tem muita inteligência na cobertura, tem uma visão mais abrangente”.

Um dos pontos em que os três convidados dividiram a mesma ideia foi levantado por Kfouri, ao encerrar sua participação na mesa. “O caminho para a diferenciação é a língua portuguesa. Quem escreve bem se faz entender melhor. É preciso se apaixonar pela nossa língua. E só tem um jeito: lendo muito!”, concluiu.

Willian Reis

O repórter da TV Globo Alberto Gaspar, que trabalhou como correspondente da emissora em Jerusalém, afirmou, segunda-feira (13), que em nenhum momento se sentiu ameaçado durante a cobertura da ofensiva militar do exército de Israel na Faixa de Gaza em novembro de 2008. “Jamais usei capacete e colete à prova de balas”, disse. Gaspar comentou o assunto na mesa de discussão “Coberturas extremas: jornalismo em situação de risco”, que faz parte da 9a Semana de Jornalismo, da UFSC.

A mesa teve também a participação do fotógrafo da Folha de São Paulo Caio Guatelli e da editora de Geral e Segurança do Jornal de Santa Catarina Letícia Silva, que trabalhou na cobertura das enchentes de Blumenau em novembro de 2008. “O mais sofrido é que eram nossos parentes os envolvidos”, afirmou Letícia. Guatelli foi o primeiro repórter fotográfico brasileiro a chegar ao Haiti depois do terremoto de janeiro de 2010, que devastou o país.

Para o fotógrafo, o fato mais grave a que assistiu foi o assassinato com um tiro na cabeça de um haitiano por outro. “Cheguei a ver o corpo tendo espasmos no chão”, contou. Outra cena que marcou a cobertura foi uma menina que gritava para ele em créole (um dos idiomas falados no país). Guatelli não a entendia e, diante do desespero dela, começou a chorar. Até que um haitiano, que também falava inglês, informou a ele que a criança pedia para ser retirada dali. O brasileiro solicitou a ajuda do exército do Brasil, que lidera as missões de paz no Haiti, mas os soldados, segundo o fotógrafo, disseram que o local estava isolado e não poderiam fazer o resgate.

Guatelli contou que levava 1.250 dólares para se manter por três dias, mas ainda na República Dominicana teve de desembolsar 1.000 dólares para o dono de um avião modelo teco-teco levá-lo ao Haiti, já que não havia outro modo de chegar ao local da tragédia. “Sentia-me ameaçado, porque levava alguns equipamentos comigo, enquanto que eles lutavam para sobreviver”, disse.

No segundo dia de cobertura, o fotógrafo havia pedido à direção do jornal para voltar ao Brasil devido ao cenário de destruição que presenciava, mas acabou ficando durante uma semana. Guatelli e Gaspar foram unânimes em dizer que a experiência contribui para a rapidez na apuração durante as coberturas de risco. “Quando você está acostumado com essas situações, vai direto ao que importa”, explicou Gaspar.

Paulo Junior

A palestra de abertura da 9ª Semana do Jornalismo da UFSC realizada ontem, 13, no Auditório Henrique Fontes (CCE) foi ministrada pela jornalista, documentarista e escritora Eliane Brum. Ela é colunista do site da revista Época e do vida breve.com. Com o título “O olhar e a escuta: jornalismo sobre a extraordinária vida comum”, Eliane reforçou que o mais importante para o repórter é ir à rua, olhar e escutar ao máximo o que lhe cerca. “Lugar de repórter é na rua”, disse a jornalista. De acordo com ela, o principal desafio nas ruas é enxergar. “Olhamos para algumas coisas do mesmo jeito. Isso acaba ocultando muitos elementos”, concluiu Eliane.

Eliane Brum é autora de livros como O olho da rua- uma repórter em busca da literatura real. Ela defende que pessoas comuns podem ter grandes histórias e a maioria dessas narrativas está nas ruas. “Raramente entrevisto gente famosa. Procuro conversar com pessoas simples e que estão sendo entrevistadas pela 1ª vez”, disse Eliane. Durante a palestra, a jornalista apresentou alguns dos personagens que fizeram parte das suas reportagens quando trabalhava no jornal Zero-Hora e na revista Época.

Para Eliane Brum, as pessoas estão cada vez menos escutando umas às outras. Desde criança, ela confessa que gosta de escutar histórias que as pessoas contam. “Como repórteres temos que ser bons contadores de histórias reais, mas para isso temos que escutar”, afirmou Brum. Ela destacou que ao contar uma história deve-se interferir o mínimo nela. “Precisão é fundamental em jornalismo. Temos que escrever exatamente aquilo que a pessoa falou. São as palavras que vão dizer de quem estamos falando”, concluiu a jornalista.

De acordo com o estudante da sexta fase jornalismo da UFSC Marcone de Souza Tavella, a palestra de Eliane Brum foi uma boa escolha para abrir a semana. “Ela é um bom exemplo na profissão, pela concepção como repórter e o valor que dá as pessoas anônimas”, disse Marcone. Ele afirma que os exemplos de reportagem dela são muito diferentes, pois Eliane não apela para o drama e o sensacionalismo ao contar a história das pessoas. “Os personagens são fortes e fora do padrão. Ela consegue traduzir como as pessoas vêem o mundo”, concluiu o estudante.

Os alunos foram desafiados a cobrirem um evento de fôlego, a 9ª Semana do Jornalismo da UFSC, que acontece de 13 a 17 de setembro. O professor pautou cada repórter de forma a abranger todas as atividades. A cada um deles foi determinado que se fizesse dois textos: uma notícia de 30 linhas com lead clássico e texto em pirâmide invertida, e outro texto sem limites de linhas, com abertura solta e com estrutura e linguagem mais autorais.

O primeiro texto deveria ser encaminhado ao professor para correção 24 horas após a atividade coberta. O segundo será lido e avaliado em sala. Passamos a publicar neste blog as notícias dos alunos sobre a Semana do Jornalismo.

Uma tradição do curso da UFSC é o planejamento e realização da Semana de Jornalismo, evento que reúne os maiores nomes da área no país. Neste ano, a nona edição não deixa por menos: traz repórteres experientes como Palmério Dória e Xico Sá, e premiados como Eliane Brum e Lúcio Vaz, sem contar de estrelas locais como Paulo Alceu, Frank Maia, Luís Meneghim e Letícia da Silva.

A programação pode ser conferida aqui. E para exercitar os sentidos, os alunos de Redação IV farão uma cobertura do evento neste blog. Acompanhe de 13 a 19 de setembro!

As duas turmas da disciplina Redação IV já deram largada neste semestre que promete muita energia e resultados.

Sejam todos bem-vindos e vamos em frente!

Acaba de chegar da gráfica a mais recente edição do jornal-laboratório da disciplina de Redação IV.

Aproveite!

A edição 5 do jornal-laboratório Quatro está fechada!

Arquivos revisados, unidos, e prontos para o encaminhamento para a impressão.

Parabéns, equipe!

Ao terminar o Quatro, de uma coisa posso ter certeza: vida de editora não é fácil, mas eu gosto. A reportagem que iria neste espaço foi cortada e a repórter da matéria acima não aumentou a sua. Tive que buscar alguma alternativa. Pensei em fazer um infográfico ou box, mas optei por ir pra rua e ser repórter da minha própria editoria.

Estava em Joinville e já havia participado desses cineclubes, por isso sabia que tinham qualidade e um histórico de sucesso. Com o apoio do editor-chefe, tentei resolver tudo o mais rápido possível. Não tinha muito tempo e as fontes não ajudaram, já que os organizadores também participam de outros projetos e sempre estão ocupados. A responsável pelo Salve o Cinema não atendia ao telefone e só respondeu meu e-mail quando a matéria já tinha sido entregada.

Para tentar falar com alguém do Ciclos de Cinema, bati bastante perna durante o dia, fiquei esperando na sala de recepção e mesmo ligando as pessoas davam desculpas pra não dar entrevistas. O Salve o Cinema só aconteceria na semana seguinte, então fui ao Ciclos porque sabia que o organizador estaria lá. Me senti meio perseguidora porque já tinha falado com ele por telefone no dia anterior e quando disse quem eu era percebi aquele ar tipo “pô… essa guria aqui de novo?!”.

Consegui pelo menos uma citação, mas devido ao pouco tempo, tive que me basear principalmente em documentos que a secretária disponibilizou, pesquisas na internet e o livro que foi publicado sobre um dos cineclubes. A matéria acabou ficando burocrática, mas serviu de aprendizado como repórter e como editora, pois vi que esta função não se restringe a mexer nos textos, tentar ver melhores possibilidades, mas também a ajudar os repórteres, ter pensamento rápido e buscar por soluções.

Laís Mezzari

A idéia da pauta foi inspiração de alguns conceitos da minha professora de estética, Aglair Bernardo. Anterior às saídas, a proposta era fotografias sobre o culto ao bizarro, mas sem conseguir muitos contatos, busquei a ajuda da Isadora, que teve mais três idéias: pessoas que promovem casamento entre animais, colecionadores de artigos bizarros e um personagem com body modification. Não são fontes inacessíveis, exceto quando se tem só dois dias até o deadline.

O aval para a mudança foi do Christofoletti, que mudou a pauta para o simplesmente Exótico. Além das fotos para a contracapa, tinha de fechar mais cinco pautas fotográficas no mesmo dia. Não havia, portanto, chances para algo que levasse tempo e marcar entrevistas. Nós fomos ao Centro – eu, Isadora e Rodolfo – buscar coisas exóticas e, apesar de pensarmos que seriam fotos difíceis, todas as lojas tinham um detalhe, algo raro ou diferente. Os gerentes já sabiam a mercadoria a mostrar. Toda loja guarda um artigo destaque entre os outros, que não necessariamente é exótico. Tentamos fotografar os mais de acordo com a pauta, porém, mais uma vez ela teve uma modificação: agora seriam fotos de artigos exóticos, raros ou bizarros.

De todas as fotografias do Quatro, essas foram as mais curiosas, apesar do cansaço de bater pernas pelo centro inteiro. Os objetos estão escondidos em caixinhas no fundo dos estoques, muitas vezes guardados entre chaves. A jibóia era a exceção, já que o animal trazido da Amazônia estava na vitrine. Exótico mesmo foi visitar a Sex Shop, onde a gerente mostrou uma sequência bárbara de artigos, um mais bizarro que o outro. Cheguei ao fim do Quatro, fotograficamente falando, já que foi minha última saída. E foi pra valer.

Carolina Dantas

A pauta sobre uma possível superpopulação de saguis caiu na primeira entrevista. Não existem taxas de crescimento populacional na Ilha de Santa Catarina, só a certeza de que eles são invasores trazidos pelo tráfico há mais de 25 anos atrás.

Mudamos o foco, e o ponto levantado durante a apuração foi o transtorno que eles causam na cidade, como invasão das casas, atropelamentos e todo o esquema que a polícia ambiental faz para recolhê-los. Sem dificuldade com as fontes, a matéria foi feita tranquilamente, com apenas alguns telefonemas e poucas saídas. Não se comparou à dificuldade de alguns colegas do Quatro.

Nunca tive muito interesse pela editoria de meio-ambiente. Tive uma surpresa com a resposta da reportagem, consegui os dados facilmente, me interessei pelos saguis e notei um carinho por todos os envolvidos na recuperação dos animais, desde a bióloga até a polícia ambiental. A parte curiosa das entrevistas ocorreu quando a especialista em saguis, Cristina Santos, disse que não sabe mais os riscos dos saguis ao meio ambiente, mas, como pode ser visto na reportagem sobre ocupações irregulares do Quatro, o homem tem causado muito mais desequilíbrio do que os macaquinhos. Eles só estão na ilha porque é confortável e ajudamos. Lembrando: para não acomodá-los, não devemos alimentá-los.

Carolina Dantas

Apurar a matéria com pessoas que trabalham a noite foi um grande desafio.  É interessante saber o que motiva as pessoas a trabalharem a noite, aqui em Florianópolis. Muitos apenas buscam a diversão que a atividade lhe proporciona, como os iluminadores de teatro.  Toda profissão tem seu charme e percalços.
 
Decidi que seria mais interessante entrevistar os personagens pautados no seu local de trabalho, desempenhando a função, uma oportunidade para conhecer melhor o trabalho que eles realizam durante o expediente.  Meu principal obstáculo foi conseguir estabelecer um contato imediato com algumas fontes.
 
Não obtive sucesso na primeira vez que tentei conversar o médico plantonista Alexandre Vegas, às 5:00 horas da madrugada porque ele estava atendendo dois casos graves na emergência e era o único médico plantonista. Então aguardei até às 8:00 da manhã, horário que ele encerra seu plantão no hospital para podermos conversar. 
 
Também foi suada a tarefa de entrar em contato com o pessoal que trabalha na limpeza das casas noturnas. No El Divino, conversei com três pessoas diferentes da administração para poder entrevistar o funcionário que faz a faxina dos banheiros. Consegui a autorização após dois dias de negociação. A entrevista aconteceu na pista, enquanto alguns DJ´s testavam o equipamento de som e o faxineiro terminava de colocar seu uniforme para iniciar as atividades, um pouco antes da balada começar, perto das 22:00 horas.
 
Entrevistei o Eugênio Andrade, iluminador do teatro Álvaro de Carvalho numa salinha nos fundos do palco.  É gostoso respirar o ar histórico do teatro Álvaro de Carvalho, construído na cidade há 140 anos atrás.  Enquanto eu conversava com Andrade sobre essa vida de trabalhar nos bastidores do palco, apareceu uma jornalista que precisava agendar uma pauta fotográfica, nas dependências do teatro. 
 
Andrade alertou a jornalista para ter cuidado ao tirar fotos do foyer do teatro, onde estão expostas duas belíssimas telas do artista plástico catarinense Martinho de Haro.  A entrevista foi interrompida diversas vezes, para que Eugênio pudesse atender as orientações que o pessoal solicitava. 
 
Para mim foi uma experiência desafiadora escrever essa matéria porque é na hora da apuração que nos deparamos com as dificuldades reais da profissão. É prazerosa a adrenalina de dar conta de apurar a matéria, conversar com diversas pessoas em lugares até então desconhecidos. Jornalismo é uma atividade que exige muita paciência, humildade e força de vontade.

Darilson Barbosa

Trabalhar em jornal é muito difícil. Foi a essa conclusão que chegamos depois do Jornal Laboratório Quatro. Tensão, correria, mal entendidos e desencontros são apenas alguns dos problemas pelos quais passamos e sabemos que vamos ter que enfrentar daqui em diante. No fundo, a gente sabe que faz parte do trabalho de um jornalista, mas vivenciar isso é muito bom e muito ruim ao mesmo tempo. Principalmente porque conseguir o contato de alguém, marcar a entrevista para o dia seguinte e ter tempo para realizá-la foi muito complicado para nós duas. Nosso trabalho não deixava brechas para ligações à procura de fontes, tivemos problemas com nossa matéria anterior, com prazos, com tempo para nos deslocar e entrevistar e, como se não fosse o suficiente, era final de semestre.

A entrevista com as assistentes sociais do CRAS, Eoni Gesser e Nadia Aquino, foi um final feliz para duas semanas de corrida com obstáculos. Quando finalmente conseguimos entrar em contato, elas nos receberam de portas abertas, em cima do nosso prazo final. É gratificante perceber a vontade de colaboração que os entrevistados podem ter. Eoni e Nadia nos passaram tantas informações que a transcrição foi mais uma das muitas dificuldades pelas quais passamos. Alguém aí já tentou reduzir uma hora de fala em apenas seis mil caracteres? Pois é. Nem a gente tinha passado por essa experiência até então. Descobrimos que entrevistar é muito mais do que fazer perguntas e receber respostas. Conduzir os entrevistados para que eles não se percam, conseguir aquela informação que você quer e ainda fazê-los manter o foco é mais difícil do que parece. Conseguir fazer tudo isso e ainda fazer dar tempo de almoçar, também.

Mas tem sempre um lado positivo em tudo o que acontece. Terminar a edição de mais de dez mil caracteres após passar noites acordadas até tarde, pensando nos mínimos detalhes e deixar os trabalhos das outras matérias de lado por um tempo, valeram a pena.  A experiência serviu para que aprendêssemos a lição de que nem tudo é como queremos e que entrevistar vai muito além.

Camila Garcia e Luana Hedler

Foi difícil pensar em uma pauta pra cultura. Nunca escrevo nada sobre isso, muito menos entendo de saraus, artistas, músicos ou qualquer coisa do tipo. Apesar de tantas idéias em sala de aula, tudo parecia tão sem graça ou quase impossível de fazer. Quase cheguei ao ponto de desistir e fazer de qualquer jeito, em meio a tanta pressão imposta por mim mesma. Então fui dar uma volta pela UFSC, pra ver se vinha uma inspiração, mas nada. Até que uma notícia, que achei vasculhando sem rumo pela internet, uma lei que obrigava todas as universidades públicas e privadas do Brasil a terem uma biblioteca me chamou a atenção. Como assim não se tem bibliotecas em todas as escolas? Nunca tinha parado pra pensar nisso. E aí me lembrei de como era gostoso quando eu era pequena e ia pra aula e descobria que a professora iria nos levar a biblioteca para ouvir uma história.

A época em que mais se lê é na infância e o lugar, é na escola. Se muitos não têm acesso a livros, como esperar que eles criem o hábito da leitura, e descubram o quão interessante, mágico, e incrível isso possa ser? É através da leitura que se amplia o conhecimento, que se conhece a Ásia, a Europa, sem nem mesmo nunca ter pisado lá.

Foi assim que decidi ir atrás de idéias que tinham como propósito aproximar as pessoas da leitura. Descobri que se houvesse acesso haveria leitores, que as crianças adoram ouvir histórias e por isso podem influenciar seus pais e mudar o mundo, que ler pode se tornar viciante, e que apesar de algumas boas iniciativas, ainda falta muita ajuda para que todo mundo se contagie.

Joana Ioppi

“Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará”. Não sei por que, mas me parece que a Lei de Murphy se aplica ao jornalismo. Desde o começo da apuração tínhamos uma fonte praticamente garantida, mas alguma coisa na minha cabeça parecia avisar que havia algo errado. Quando liguei marcando a entrevista, procurei antecipar ao máximo a conversa: “pode ser no almoço, em casa, à noite”. Não teve jeito, acabamos marcando para um dia antes do deadline. Mas eu tinha um pressentimento de que deveria ligar de novo para fonte, confirmar tudo, forçar mais. Não fiz. Afinal, por que uma fonte desmarcaria uma entrevista?

Se uma entrevista pode dar errado, ela dará. A dois dias do deadline a fonte desmarcou a entrevista alegando problemas no trabalho. Pode ser verdade, como também não pode. Fato é que a fonte não atendeu mais o telefone por três dias seguidos, nem retornou as ligações. Bem estranho. Mas, no meu caso, a apuração não foi feita só de azar. Era sexta-feira, às 18h30, quando meu parceiro e eu fomos intimados a entregar a reportagem até as 23h59. Até o momento não tínhamos nada. Eram 19h do mesmo dia quando conseguimos duas fontes dispostas a falar. Fomos até o local e conversamos por cerca de uma hora com os dois rapazes, que foram muito simpáticos.

Ter que achar uma fonte, entrevistar e escrever, tudo isso em pouco tempo, é uma das partes divertidas jornalismo. É estressante, confesso, mas muito divertido. É ser desafiado. E quando você consegue vencer o desafio, a sensação é realmente muito boa.

Eu não tenho lá grande experiência, mas para terminar posso deixar algumas dicas. Quando fomos fazer a entrevista com os missionários mórmons, o gravador do meu parceiro parou de funcionar. A tecnologia é incrível, mas também quebra. Por isso, sempre leve um bloco de anotações. Eu concordo com a ideia de que é sempre bom ter uma entrevista gravada. Mas com gravação ou não, caneta e papel são indispensáveis. Se você tiver uma câmera fotográfica, leve junto, ela é muito bem vinda.

Rafael Spricigo

***

Provavelmente vocês já viram uma dupla andando na rua com calça social e camisa branca com um crachá no peito com a palavra Elder, seguida de um nome. Se você já viu e tem alguma curiosidade sobre eles, chegou a hora de matar a charada. A dupla de repórteres Alécio e Rafael recebeu a missão de esclarecer as dúvidas sobre as duplas de missionários – os mórmons.

Agendamos um horário na igreja deles, no domingo, quando os fieis se reúnem para aulas de religião e depois celebram um culto, até o meio dia. A intenção era conversar com várias pessoas no momento de descontração, depois do culto e antes de se dispersarem.

Como não podíamos esperar até o domingo, tivemos que fazer a entrevista na sexta feira mesmo. A reportagem tomou cara de perfil, pois, ao invés de uma centena de fieis, tínhamos agora apenas dois missionários. Mas nem tudo estava perdido. Um deles vinha de uma minúscula cidade do interior dos EUA que, pode parecer piada, mas tem um nome que começa com big. O parceiro de missão teve que ficar por aqui, perto de casa, quando sonhava ir pra Londres ou Nova York. Confessa ter se frustrado, mas as coisas funcionam assim. Quando você vai completar dezenove anos manda um pedido para a igreja, uma espécie de currículo, se colocando à disposição para missão. Os critérios de seleção da igreja são fechados e inacessíveis aos fieis, que aceitam aquilo que lhes for designado sem esboçar reação. Aqui esta envolvida uma questão de fé que nós não queríamos nem tangenciar.

Demos sorte na sexta feira, porque o missionário americano estava dando aulas de inglês e fomos para lá, com chuva e tudo. Poucos alunos e não tivemos escolha senão participar da aula. Já fomos aproveitando os diálogos em inglês para colher informações sobre o missionário. Ele me tasca uma pergunta, pois estava curioso por eu estar usando uma jaqueta com o logotipo de uma empresa americana, que por baita coincidência, é local de trabalho do pai dele.

Depois da aula, o papo continuou e tivemos chance de conversar bastante com os dois missionários. Saiu a primeira versão escrita e surgiram alguns questionamentos que pudemos responder reescrevendo, e outros que tivemos que voltar para a apuração. Os missionários estão quase todo tempo na rua e a missionária que fica na igreja, a Sister da Silva, foi muito atenciosa e esclareceu a maioria das questões. Apenas as perguntas sobre detalhes da celebração do culto, como divisão de funções, ficaram sem resposta.

Com relação à vida de Elder estamos satisfeitos com o resultado. Esperamos que tanto aqueles que são da religião quanto os outros, gostem da reportagem.

Alécio Clemente

Ao receber a pauta sobre os fumantes, confesso que senti um certo alívio. Pensei comigo mesmo, “ah, vai ser moleza!”. Mas as dificuldades que enfrentei me fizeram morder a língua.

Uma das coisas que mais me incomodaram em Florianópolis foi a quantidade de fumantes, maior do que em Fortaleza, onde vivi quase minha vida toda. A fumaça me incomodava. O cheiro que ficava na roupa, mais ainda. Mas é incrível como, quando “precisei” de fumantes, não havia nenhum!

Na verdade, para entrevistar um fumante, até que não foi difícil. Mas, abordar uma pessoa para falar sobre o seu vício, ainda mais se ela está infringindo uma lei, nem sempre é fácil. Muitos fumantes ficam na defensiva e não querem conversa, mas dei sorte com um grupo simpático que, provavelmente motivados pelas várias cervejas que já haviam bebido naquela noite, me responderam tudo que eu perguntava.

O problema foi na hora de fazer as fotos. Sempre que eu saía com a câmera, o tempo fechava e as pessoas não fumavam. Quando, finalmente, eu encontrava um fumante, ele misteriosamente conseguia acabar com o cigarro antes mesmo de eu apontar a objetiva pra ele! Pior ainda se ele percebesse a câmera. Era cara feia na certa.

Problemas à parte, na hora de escrever, a matéria fluiu com facilidade. Difícil foi me equilibrar no fio que a angulação pedia e não cair pro lado já batido dos malefícios do tabagismo. Espero que esse novo ponto de vista sobre a questão dos fumantes motive mudanças por parte de quem fuma e de quem deveria fornecer uma estrutura para isso.

Rodolfo Conceição

Apuração. Esta é a palavra que mais ouvi durante a minha caminhada em busca da personagem perfeita. A pauta não foi fácil, pois falar sobre aborto na sociedade em que vivemos não é simples, além de ser considerado ilegal na maioria dos casos. Este assunto era diferente dos que eu estava acostumada a tratar, teria de ser escrito com calma, com sigilos, com culminância. Foram duas semanas atrás de uma personagem que se enquadraria no perfil que estávamos procurando, foi difícil, mas achamos.

Todo cuidado era pouco, correr atrás de uma personagem que não queria ser identificada é quase a mesma coisa que correr atrás de uma criança teimosa, pois você argumenta, insiste de todas as formas e o máximo que você consegue é um não mais envergonhado, quase cedendo ao sim. Quando a personagem aceitou dar a entrevista foi uma grande alegria, mas senti algo muito diferente, ela não queria aparecer e ao mesmo tempo me envolvia ao contar sua história. O olhar da entrevistada era fixo e confuso, me sentia ao mesmo tempo em que repórter uma psicóloga.

Quando esta parte é superada aparece outra que não aparentava ser tão difícil, mas mal sabia eu quão difícil seria. Um bom dia, um sorriso, nada disso fazia com que caras desconfiadas cedessem à simples perguntas feitas por uma “jovem da comunidade”. O que eles queriam era me ver bem longe.  Retornei ao local “proibido”, quiçá desta vez eles me dessem a entrevista tão esperada. Sim, eles me deram. Fácil, nem tanto. Passei por momentos de “teatro” tinha que ser quem não era e, ao mesmo tempo conseguir todas as informações necessárias para compor a matéria.

Agora uma etapa já estava preenchida, a primeira entrevista cheia de sustos, insultos já tinha sido realizada. Imediatamente teria de buscar mais informações juntamente com a minha colega de produção da matéria. Buscamos, conseguimos e chegamos ao resultado que nós esperávamos.

Foram semanas cheias, com cobranças do professor, exigências feitas por nós mesmos. Era como uma verdadeira redação de jornal, a tensão foi grande, mas o resultado final melhor ainda. À medida que cada aluno terminava a sua matéria, revisava e, entregava para o editor, entre outras atividades, ficava a certeza de que uma equipe que trabalha em prol de um resultado positivo sempre consegue alcançar o efeito que se espera.

Sendy Cristina da Luz

A briga com o deadline foi a sensação que acompanhou durante toda a construção da matéria.

Além disso, havia a constante preocupação de não tomar o discurso da pauta e deixar que isso transparecesse na reportagem. Como mulher, precisei, em muitos pontos, segurar o ímpeto de opinar, de levantar a bandeira e, como foi dito pela editora quando da correção, assumir uma postura feminista.

No período de apuração, o maior aprendizado foi abordar as fontes e “fazê-las falar” em tão pouco tempo. Começamos os agendamentos de entrevistas na segunda-feira; a matéria era pra sexta.

Com entrevistas marcadas, partimos para os contatos com as fontes. Depois de juntar todas as informações necessárias, era hora de sentar e selecionar e ordenar o que fora pesquisado.

Com tantas fontes gabaritadas para tratar do assunto, foi difícil fazer tal seleção. Todas as falas se completavam, corroboravam.

Na sexta-feira, ao entregar a matéria, foram também toda a preocupação com entrevistas, a inquietação em construir da melhor maneira possível a matéria e os nervos à flor da pele com as pressões do editor-chefe. O aprendizado com o texto, no entanto, ficou.

Gabrielle Estevans

Quando comecei a pensar na matéria sobre os moradores de rua não imaginei que seria tão difícil e ao mesmo tempo tão fácil conversar com fontes e apurar esta pauta. Difícil, porque se aproximar de pessoas naquela situação e olhá-las nos olhos não é nada simples, faz refletir e até sentir um pouco de culpa. Mas muito fácil também, o pouco tempo que dediquei àquelas pessoas foi muito mais do que elas estão acostumadas a receber, e elas gostam de contar suas histórias.

Meu primeiro entrevistado foi o Seu Guilherme, que vive na rua há 17 anos. Ele estava sentado na calçada, no dia da estreia da seleção brasileira na copa, e todo mundo passava correndo por ali, indo pra casa ver o jogo. Seu Guilherme não assiste a uma partida da seleção faz tempo, não torce por nenhum time. Estávamos conversando sobre isso, ele tomava um café com leite que eu havia trazido, quando passou um senhor elogiando minha atitude. Seu Guilherme me contou que o mesmo homem passa ali todos os dias, e nunca o olhou nos olhos. Fui embora com uma sensação estranha. Como será que Seu Guilherme passou a noite? No outro dia ele não estava mais naquele lugar.

Mais tarde, bem depois da vitória apertada do Brasil sobre a Coréia do Norte, decidi que deveria ir ao abrigo para moradores de rua. Logo que cheguei na fila e me apresentei a todos, eles disputavam minha atenção para falar um pouco de si, e cada vez que olhava nos olhos de alguém, ou os chamava pelo nome, era perceptível a empolgação, a felicidade de ser tratado um pouco mais como gente e menos como bicho, lixo. Não me senti ameaçada por eles em nenhum momento, nem quando tirei minha câmera da bolsa, aliás, quando fiz isso, eles fizeram pose e pediram para que eu tirasse uma foto. A foto vai para o Facebook de um deles e o Orkut de outro, e contar isso é só uma maneira de mostrar que eles são muito mais parecidos conosco do que imaginamos.

Juliana Geller

Desde o início, escrever a matéria do jornal Quatro foi sinônimo de superação. Primeiro pela própria editoria, meio ambiente não era a que mais me entusiasmava, achava os temas irrelevantes socialmente e desinteressantes. Quando recebi a pauta sobre construções irregulares em Florianópolis e soube que faria em dupla com a Luiza Lessa, achei que seria fácil conseguir informações e logo terminaríamos em “quatro mãos”. Fiz os primeiros contatos para marcar as entrevistas e comecei a ler sobre os casos mais conhecidos na cidade, como o do Shopping Iguatemi e o do Costão do Santinho, que resultaram na operação “Moeda Verde”, em 2007. Muito peixe grande envolvido, muitas gambiarras, muito diz que não disse. Mergulhei.

Quando eu comecei a gostar da coisa, parece que o relógio resolveu aumentar a velocidade dos ponteiros. A apuração exigia um tempo incompatível ao final de semestre, mas mesmo assim, o pouco tempo livre era dedicado a pesquisas em artigos, conversas por telefone com as fontes ou pessoalmente, não sem antes enfrentar uma boa meia hora de trânsito dentro de um ônibus lotado e caro. Essa foi de cara a principal dificuldade encontrada, o tempo. O dead line é o inimigo cruel de um assunto tão delicado. As pessoas evitam falar sobre ele, quem pode falar nem sempre quer falar ou não se sabe onde está. As notícias na imprensa local e em mídias alternativas se desencontram. Precisávamos de tempo e mais tempo para verificar dados e conseguir depoimentos consistentes.

Apesar da correria, a pauta me conquistou, estava envolvida e cheia de questões que precisavam de respostas. Minha colega e eu dividimos as entrevistas, eu fiquei encarregada conversar com dois procuradores. Eles não me evitaram, mas contornavam as perguntas, eu insistia e recebia uma pergunta como resposta, insistia mais uma vez, tentava vencê-los no cansaço, às vezes conseguia, outras não.

Sentamos para escrever com o que tínhamos. Ficamos numa sexta-feira, das 18h às 22h sentadas e concentradas, em frente a um computador, no laboratório da biblioteca da universidade. Foi nesse dia que minha alimentação tão saudável e controlada passou a ser descontrolada e nojenta. Antes mesmo de chegar a casa e do supermercado fechar, afinal, ficava aberto até as 23h, comprei uma pizza quatro queijos congelada, uma barra de chocolate e mandei ver.

Pelo menos escrevemos 3000 caracteres (e eu tive uma crise de gastrite e uma testa com muitas espinhas), era o que dava para escrever com nossas anotações. Ainda faltavam mais 3000 e o fechamento. Mais uma semana de apuração e o que conseguimos?, mais pessoas para entrevistar. O problema é que faltava tempo. Então optamos por verificar os dados já pesquisados e fazer um panorama geral sobre as construções irregulares na Ilha. Mais alguns mil caracteres, mais outras quatro horas em frente ao computador, mas dessa vez não foi pizza nem chocolate, foi um cachorro quente do Vermelhinho e uma lata de leite condensado. Óbvio que eu não acordei bem no outro dia.

 Úrsula Dias e Luíza Lessa

Ter recebido a pauta sobre deficientes artistas foi uma surpresa. Estava tão certa de que minha reportagem provavelmente seria sobre algum projeto cultural em alguma periferia, como um tipo de cultura marginalizada comum, que inicialmente até fiquei desanimada. Com certeza, não era o assunto ao qual queria me dedicar, e falo sinceramente. Não achei que poderia destrinchar esse tipo de arte a fundo para poder escrever um bom texto. Mas tinha como parceiro o Vini, e isso fez muita diferença.

Desde que começamos a apurar e debater sobre como seria a matéria, sabia que a posição do Vini à respeito do assunto abordado seria fundamental para o sucesso da reportagem. Também fiquei curiosíssima para saber como ele ia comportar-se com as fontes… quando conseguíssemos uma. E essa foi a principal dificuldade.

Com números de telefones furados e o dead line chegando, o jeito foi apelar para a internet e conhecidos. Foi quando achei a Dani Caburro, pintora, e por diversas razões, pessoais ou não, ela me fascinou. O Vini achou o Marco, músico, e por dica da nossa editora, Laís, achamos a Carol, que é bailarina.

A história da Carol… não sei exatamente o que dizer sobre ela, mas quando li sobre a sua vida, quando comecei a escrever sobre ela, só conseguia pensar no tamanho da sua força de vontade. Ver o vídeo em que pula de paraquedas foi – eu juro que queria usar outra palavra, mas então vocês não me entenderiam exatamente dessa forma – emocionante.

Fiquei tão envolvida pela história desses três desconhecidos que, quando eu e o Vini terminamos a reportagem, não me senti orgulhosa por nós dois, mas sim pelos três – Dani, Marco e Carol.

Esse é o vídeo onde a Carol pula de paraquedas: http://www.youtube.com/watch?v=MdfSsCEWShc. Assistam e me entendam.

Ágatha Morigi

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Desde o início a produção do Quatro foi um desafio. Não tão somente fui designado a uma editoria que não tenho habilidade ou experiência, arte, como fui colocado na parte de cultura. Duas temáticas com que jamais me identifiquei. Mas se fosse fácil, que graça teria?

Escrever minha reportagem foi, ao mesmo tempo, desesperador e gratificante. Com pouco mais de uma semana para apurar e redigir a matéria, o maior problema que enfrentei foi o de procurar e contatar fontes. Minha pauta apareceu com o tema Deficiente Artistas, idéia que já havia aparecido em conversas com o professor. A princípio deveria ser fácil. Teoricamente eu tenho contatos, conheço e convivo com portadores de deficiência, já que também sou um. Então, não me assustei ao ler a pauta. Quem dera fosse fácil. Nossas fontes nos responderam apenas no final da semana, quando já tínhamos estourado o prazo inicial de entrega. A pressa para apresentar o material, ao meu ver, prejudicou nossa apuração e nosso texto. Falo “nosso”, pois trabalhei em dupla na redação do jornal.

O mesmo problema não surgiu na editoria de arte, onde trabalhamos bem em equipe e cumprimos firmemente o prazo. A impossibilidade de bater fotos me deixou, por um bom tempo, inútil no grupo. Não que eu tenha sido muito útil na produção de infográficos, pelo menos fui esforçado. Esbarrei na minha falta de habilidade “softwarísiticas”, e acredito que, no fim, fiz um bom trabalho.

O que trago de experiência da produção do Quatro é que fontes nunca são demais. Parece óbvio, mas não é sempre que alguém importante para sua matéria vai querer dar entrevista, então não é loucura procurar mais pessoas.

Meu maior problema foi o deadline, que cada vez mais me parece ser um carrasco e um salvador. Minha maior felicidade foi finalmente ter um produto que será lido e avaliado, além de totalmente produzido por nós, alunos.

No fim, valeu muito a pena.

Vinícius Schmidt

A idéia era só um documentário. A pauta foi feita pela Luisa, eu jamais tinha escutado qualquer coisa sobre a Reforma Psiquiátrica. Minha colega já tinha mergulhado na reportagem no primeiro mês desse semestre e, como já tínhamos combinado gravar uma grande reportagem, me convidou. Durante alguns meses, fomos ao CAPS (Centro de Atenção Psico-Social) II da Agronômica, ao Ipq (Instituto de Psiquiatria) e à Prefeitura. Entrevistamos pessoas que nem colocamos na matéria, como o Marquito, que organiza uma oficina de teatro no CAPS.

Surgiram algumas boas surpresas, chegamos a fazer uma oficina de capoeira com os pacientes mentais do CAPS. Observamos uma realidade totalmente diversa, mas muitas vezes parecida com a nossa. O doente mental pode ser muito lúcido e muito abstrato ao mesmo tempo. Nossos personagens descritos na reportagem do Quatro são somente dois, mas conhecemos muitos pacientes, além de psiquiatras e psicólogos.  O Jaílson Belli, um dos nomes da matéria, sempre nos recebeu no CAPS com um sorriso aberto e, no dia em que a Luisa foi substituída pelo Tomás Petersen, falou que estava preocupado. Tive que explicar que ela voltaria, era só uma rápida visita de família.

A dificuldade foi entender cada expressão certa, driblar cada disputa política e entender – não sei se até hoje já conseguimos por completo – a rixa de interesses que envolve uma reforma desta magnitude. Ela interfere em várias camadas da psiquiatria, da psicologia e dos doentes mentais. Movimentos, como o manicomial, que à primeira vista podem parecer inofensivos, por outra ótica podem usar a doença mental a seu favor. A política da prefeitura de criar dois CAPS álcool e drogas, que a principio só auxiliaria a sociedade, pode refletir uma possível falta de estrutura para a organização de novos CAPS.

Um único arrependimento: houve entrevistas que, por motivos acadêmicos, não pude comparecer. Como a com o diretor do Ipq e com o Doutor Gedder. Duas entrevistas de peso, mas que a Luisa gravou integralmente para podermos editar nosso futuro documentário. A reportagem do Quatro é resultado de muitas dores nas costas por carregar equipamento, acordar cedo todas as segundas-feiras e até nosso editor Christofoleti deu uma mãozinha trocando o meu horário. De tudo isso, torcemos que finalmente, contra as políticas e burocracias que travam a Reforma, ela faça o papel a que veio: desmarginalizar o doente mental.

Carolina Dantas

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Na primeira vez que fui ao IPq, uma moça de uns 30 anos veio falar comigo, pedindo que a filmasse. Quando liguei a câmera, ela só disse uma frase: “Eu te amo”. Na segunda vez, uma senhora corcunda se aproximou de mim, tocou na minha bolsa e falou: “Você tem uma moeda?”. Quando neguei, ela insistiu por algum tempo, repetindo a frase muitas vezes, bem rápido, me assustando um pouco. Por fim, desistiu e foi embora, me deixando de olhos arregalados.

Durante a produção da reportagem, foram muitas as situações inusitadas. Conhecemos um rapaz que sabia de cor os nomes de todos os super-heróis, outro que imitava o Roberto Carlos, o Lula e o Elvis Presley, uma senhora que escapava do marido alcoólatra para ir ao CAPS… Enfim, foram muitos momentos de emoção, alguns de medo, outros tantos de aprendizado. Entramos um pouco no mundo dos portadores de transtornos mentais, e descobrimos o quanto são carentes. Nos impressionamos com suas histórias de sofrimento, impotência e rejeição, agradecendo pela sanidade que ainda nos restava.

O mais complicado de tudo, sem dúvida, foi tentar abordar um tema tão amplo e complexo de maneira objetiva e imparcial. São muitos os atores envolvidos: a indústria farmacêutica, o Movimento de Luta Antimanicomial, os profissionais da saúde mental, as famílias, os pacientes, o Estado. Escrever nove mil e poucos caracteres sobre a reforma sem generalizar é tarefa impossível. Por falta de espaço, não pudemos falar das iniciativas super honestas de pessoas que dão oficinas de teatro e capoeira nos CAPS, ajudando os usuários a formarem vínculos sociais. Não pudemos esclarecer que não só psicólogos e psiquiatras trabalham com saúde mental: terapeutas ocupacionais, enfermeiros e assistentes sociais também atuam nessa área. Enfim, muita coisa importante ficou de fora, e foi difícil hierarquizar as informações para decidir quais iriam para a reportagem.

Um grande impasse foi a direção do IPq, que não quis dar entrevista, solicitando autorizações que levariam muito tempo para ser conseguidas. A impressão que deu foi que tinham algo a esconder, mas o que queríamos mostrar é que lá existe um centro de convivência para pacientes crônicos, que os usuários recebem atendimento clínico e dentário, que não há grades nem correntes, como muitos falam por aí. Mas acima de tudo, o que queríamos mostrar é que pacientes mentais não são necessariamente violentos e inválidos, eles podem sim trabalhar, amar e conviver em sociedade. Infelizmente, isso também teve que ficar de fora.

Luisa Nucada

Jornalismo é lidar com prazos, cobranças e pressões. Para mim, isso ainda é somado à minha timidez na hora da apuração. Mesmo estando na metade do curso, ainda me sinto insegura quando preciso falar com uma pessoa que não conheço e tentar extrair dela o máximo de contribuições para a história que estou contando. E essa pauta dos cineclubes ainda tinha o peso de ser para o primeiro jornal laboratório do qual fiz parte.

Imagine só o meu nervosismo quando cheguei ao prédio da Fundação Cultural Badesc para tentar entrevistar alguém que fosse um cinéfilo e frequentador de cineclubes. Eu e o Rafael, repórter fotográfico que me acompanhou, chegamos cedo e ainda não havia ninguém na sala onde são projetados os filmes. Enquanto esperávamos a chegada do público, eu disse ao Rafa que estava nervosa em abordar alguém que nem conhecia para a entrevista, e ele me disse que já havia se sentido assim também, mas que agora chegara à conclusão de que um jornalista não deve ter vergonha de se comunicar.

As palavras me deram ânimo e quando subimos ao mini-auditório onde iria ocorrer a projeção, logo escolhi quem eu abordaria: dona Iná. Ela foi de uma receptividade incrível, e logo me senti a vontade para lhe fazer as perguntas. Talvez, num outro momento, eu teria feito as coisas de um jeito melhor. Mesmo não estando totalmente satisfeita com o resultado (sempre há o que melhorar), a experiência foi mais que enriquecedora, tanto pessoal quanto profissionalmente.

Isadora Mafra Ferreira

Medaaaa!

Era uma manhã pacata de quarta-feira quando eu e Rodolfo fomos até a comunidade Sol Nascente fotografar o esgoto a céu aberto que lá é despejado há anos. O lugar está situado no morro do Caju, uma das comunidades mais carentes de Florianópolis. Entre trancos e barrancos, no sentido literal da palavra, já que a subida é estreita e bem, mas bem, empinada; chegamos ao local.

Tudo corria bem, nosso querido Ceará dando um verdadeiro show de fotografia naquele córrego, quando um grupo de rapazes mal encarados nos observava de longe atentamente, com um aspecto de reprovação. Chegamos em um carro preto e blindado, éramos estranhos na comunidade e estávamos desacompanhados, o que começou a me preocupar.

Seguimos o percurso da cachoeira fotografando todos os pontos mais alarmantes até que chegamos próximos a eles. “Tenho medo desse pessoal”, balbuciou Ceará com olhar já mais preocupado. Pensei a mesma coisa. Imediatamente me dirigi aos rapazes perguntando aonde havia mais lugares para fotografar o esgoto, já nos identificando para ver se talvez amenizasse a situação. Tentativa frustrada. Um deles interrogou: Tu não mora aqui?! “Não”, eu respondi. Calados eles trocaram olhares, fomos mesmo assim adiante e outro dois rapazes parados com o mesmo aspecto, mas com o acréscimo de quem está pronto para o combate imediatamente nos perguntou: “O que vocês estão fotografando?!” Como se fossem algum tipo de autoridade daquela região. Congelei totalmente, minhas pernas começaram a tremer como se estivessem me empurrando para corrida, meus olhos encheram de medo e lágrimas. Minha voz embargada respondeu: “Somos estudantes de Jornalismo….” e começamos a nos explicar como se estivéssemos dando uma satisfação, mais do que isso, pedindo autorização para prosseguirmos o trabalho.

Internamente já estava fazendo uma prece pedindo aos céus e a quem mais fosse para que nos protegesse, quando aqueles dois de forma surpreendente adoraram a ideia: “É de gente assim que estamos precisando! Pode crê, se precisar da gente, é só falar que tamo aí falow [sic]”, respondeu um deles enquanto o outro fazia sinal de afirmação com a cabeça.

Meio tontos ainda com o que acabávamos de passar continuamos o trabalho. A calma e a dedicação do Ceará me surpreenderam de maneira até invejosa. “Queria ser assim”, pensei. Na volta, um misto de alegria e medo tomaram conta de mim de forma que não consegui sequer pronunciar alguma palavra que fosse. O dia passou e dormi pensando: Quem diria que uma reportagem de saneamento na periferia me causaria tudo isso? É, COISAS DE CHRISTOFOLLETI!

Emanuelle Nunes

Infelizmente, estes são os bastidores de uma matéria que não existe, o making of de algo que nunca saiu do plano das ideias. Tive a sorte de cair em uma editoria a qual sempre tive interesse – Cultura – e ainda consegui elaborar uma pauta que me deixou empolgado e motivado. Minha missão seria a de encontrar e acompanhar brevemente bandas que estivessem à margem do sucesso, à beira do reconhecimento público, e fossem felizes com isso. Ou seja, tinha em minhas mãos o sonho de qualquer um que deseje trabalhar com jornalismo cultural um dia.

No entanto, o jornalismo tem dos seus caprichos. Um deadline apertado, por exemplo. Tinha uma semana para apurar e ainda deveria praticamente passar uma noite inteira acompanhando meus entrevistados. Aliás, o ideal seriam duas noites. Não entendam mal. Eu sabia disso, estou na quarta fase do curso, afinal. Nem sempre se tem o tempo que se quer.

Procurei bandas que se encaixassem no perfil desejado e este já não foi um processo dos mais simples. Não é tão fácil achar músicos que simplesmente não querem estar no centro das atenções. Quando consegui encontrar um grupo disponível, com uma apresentação que eu pudesse acompanhar, o show acabou sendo cancelado. Eram dez horas da noite da quinta-feira. O deadline era na sexta. E eu tinha uma passagem para voltar pra São Paulo, comprada há um mês.

Tomei uma atitude difícil, desisti da pauta, da matéria, e resolvi arriscar tudo. Se ao menos eu pudesse me dar ao luxo de me dedicar exclusivamente ao Quatro, o faria. Mas tinha compromissos com outras pessoas, com gente que também contava comigo. Assim, parti e cometi muitos erros, fui irresponsável. Decidi, pela primeira vez em meses, passar alguns dias sem nem abrir minha caixa de e-mails. Tudo decisão minha.

Fui inconsequente e deixei grande parte dos meus colegas na mão. Não avisei ninguém do que se passava até ser tarde demais. Espero ter aprendido com isso. No entanto, até me orgulho em parte. Pois, na hora de escolher entre meu trabalho e minha família, consegui tomar a decisão correta. Mas, ainda assim, agi da forma errada.

César Soto

Reportagens editadas, diagramadores em campo!

Justamente na semana de apuração da matéria sobre automedicação, tive uma terrível dor na lombar que me deixou praticamente um dia sem andar. Sem conseguir sair de casa, pedi pra Camila Garcia, que mora comigo, me trazer um remédio que aliviasse a dor. Confesso que me senti um pouco culpada, mas vi que é quase impossível não se medicar por conta própria. E foi isso que tentei passar na matéria.

A intenção era mostrar que é uma prática comum, mas que alguns cuidados devem ser tomados e, principalmente, que é necessário contar ao médico tudo que foi feito para tentar resolver o problema.

Por ser um tema que não é polêmico e é de necessidade pública, não foi difícil entrevistar as fontes, que se mostraram super dispostas a ajudar e esclarecer as informações. O fator mais interessante para mim foi a busca por quem tivesse se prejudicado devido a automedicação. Como a própria matéria diz, os idosos são os mais vulneráveis, então fui ao Hospital Universitário e a cada grupo de pessoas com alguém de mais idade, perguntava se já haviam tido este problema.

Minha surpresa foi que, depois de passar por uns três grupos, estava conversando com uma senhora e o jovem Daniel Visalli, de 26 anos, estava por perto, começou a prestar atenção e se manifestou. O personagem acabou sendo bem diferente do que eu imaginava inicialmente, mas acredito que foi até mais interessante, por mostrar exatamente o que eu queria: que a automedicação pode trazer problemas para qualquer pessoa.

Ah… E a minha dor na lombar? Sumiu com um remedinho tão bom… Deixa eu te contar! – (Brincadeirinha!)

Laís Mezzari

Desde a reunião de pauta do Quatro em que sugeri a matéria sobre os programas de reintegração para ex-detentos em Santa Catarina, imaginei que o assunto poderia render uma matéria bem interessante. O que eu não podia imaginar eram quantas surpresas essa pauta reservava para mim e para minha parceira de reportagem, Joice Balboa. A descoberta de mais uma deficiência, falha, negligência – seja lá qual for a termo pra esse caso – do governo sobre o apoio, ou melhor, a falta de apoio, aos detentos quando são libertos, deu outro rumo a nossa matéria.

Inicialmente a pauta era sobre os tais programas de reintegração, mas como não existia nenhum programa ou projeto unificado no estado, percebemos que a matéria agora vertia justamente para o oposto: a falta de políticas ao egresso e mais, as conseqüências diretas à sociedade pela falta dessa estrutura.

Aí, quem não conhece o assunto se pergunta: consequências para sociedade? Ué, o que isso tem a ver comigo? Dificilmente paramos para pensar sobre o problema que é um ex-presidiário de volta às ruas “sem eira, nem beira”.  Conversando com pessoas envolvidas no sistema, além de psicólogos, advogados, professores, pessoas da comunidade e inclusive presos, nós descobrimos que algumas ações são feitas dentro da prisão. Porém, o que funciona mesmo, o que afasta o preso do crime, não são apenas os trabalhos desenvolvidos dentro da prisão, mas sim o auxílio ao detento fora dela.

Todo esse debate sobre as políticas de reintegração, nós tentamos transpor para o papel. Não hesitamos em mostrar a realidade do assunto, deixamos claro que o governo não vem cumprindo a lei quando não prioriza a situação do egresso. É um assunto que revolta, mas que também nos faz refletir sobre muitos valores que hoje a sociedade tem deixado escapar.

No final, eu e a Joice nos envolvemos tanto com o tema que a matéria rendeu duas páginas no jornal. Deu trabalho, nos consumiu muitas horas de sono, quebramos a cabeça, mas valeu a pena. Se me perguntarem como foi fazer o Quatro, responderei sem dúvida alguma: totalmente gratificante.

Mariana Chiré

***

No momento que recebi a pauta, não imaginei como começaríamos, apesar das boas orientações, e muito menos como ela terminaria. Nas primeiras apurações via internet, descobrimos que o assunto da nossa pauta não existia, pois não há nenhum projeto de reintegração de egressos do sistema penitenciário. Fiquei com mais vontade de saber por que não existiam esse programas, mas só notei a delicadeza do assunto quando uma das nossas fontes pediu que enviássemos a matéria para ela ter certeza de que não teria problemas depois. Mas, seguimos as regras estabelecidas pelo jornal e não enviamos.

Eu e Mariana Chiré, minha dupla de reportagem, nos dividimos para marcar e fazer as entrevistas, pois não tínhamos tempo de fazer essa tarefa juntas. Com um pouco de sorte conseguimos entrar em contato com as fontes em um intervalo de uma semana. A ansiedade para ver os emails respondidos logo, consumia as minhas energias; e quando a primeira resposta chegou na minha caixa de entrada a felicidade tomou conta de mim.

A entrevista com o psicólogo estava marcada para às 11h30 de sábado, e eu tinha almoço marcado na casa da minha mãe, que há duas semanas eu não via. Fui para o Sul da Ilha na sexta à noite. Descobri que minha irmã ia levar a internet 3G para fazer um trabalho da faculdade, minha sogra ia dar aula de Biodanza com o notebook e o meu sogro tinha viajado e deixou o notebook trancado no quarto. Entrei em desespero. Consegui convencer a mana de deixar a internet e depois eu entregava pra ela, afinal ela usaria apenas depois do trabalho. Cedinho fui providenciar a tecnologia necessária para a entrevista, instalar o Skype e um gravador de conversas, além de comprar créditos.

Com o primeiro e o segundo prazo estourados, tínhamos apenas duas fontes entrevistadas e muitas dúvidas a sanar. Queríamos mais, ligamos para a penitenciária para marcar entrevista com algum responsável pelas atividades de reintegração realizadas pelos reeducandos, mas só indo até o presídio é que conseguimos falar com alguém, mas não foi fácil assim. Chegamos na revista, explicamos o que queríamos e nos passaram por telefone para várias pessoas, que nos passavam para outras, até que, finalmente, o gerente de atividades laborais nos atendeu. A entrevista foi ótima!

Sentamos para escrever e foi como se tivéssemos nossos neurônios interligados, nos completamos. Finalizamos a versão de uma página e aguardamos a resposta do professor. Enquanto isso, acompanhávamos as notícias das outras matérias no email do grupo. Recebemos um retorno positivo do professor e quando estávamos corrigindo tivemos a idéia de aumentar a nossa matéria para duas páginas, pois ainda tínhamos informações que queríamos colocar e outras para apurar. Além disso, a matéria que estava na página ao lado da nossa não foi entregue. Com a autorização do professor seguimos para a segunda parte da matéria.

Passamos a quinta-feira ligando para presídios do estado e mandando email para outras fontes. Só na sexta conseguimos entrevistar as fontes e bater as fotos, com a nossa querida Carolinha, no Hospital de Custódia. Senti algo estranho ao entrar naquele lugar, que logo passou quando começamos a falar com o paciente Iadelka. Vi nele a esperança de uma vida pela frente, que me fez refletir sobre a minha.

Pela manhã entrevistei a ex-presidente do Conselho Carcerário de Joinville, e atual conselheira, Valdirene Daufemback e descobri o que daria o gás para irmos até o final com a reportagem. A lei que prevê cuidados do governo sobre os ex-detentos durante até um ano, período em que o indivíduo é considerado egresso. Nossa felicidade estava quase completa, faltava apenas (re)escrever o texto, tarefa que durou até às cinco horas da madrugada de sábado (19). Um sono que valeu a pena ser perdido!

Joice Balboa

Escrever para uma editoria que não tinha nada a ver comigo foi idéia do professor, escrever sobre tribos nas redes sociais, idéia minha. Para alguém que resistiu ao Orkut, ainda não se rendeu ao Facebook e usa pouquíssimo o twitter, escrever sobre tecnologia foi, como o professor queria, um desafio.

Comecei perguntando para quem sabe das coisas: Diego, o Outro, e aquele que mais entende de assuntos tecnológicos que eu conheço, foi meu guia. Atencioso, prestativo e amigo me deu idéias de quais caminhos seguir e dei início às minhas buscas. De comunidade em comunidade, de recado em recado, de e-mail em e-mail descobri que nem sempre é fácil conseguir alguém que esteja a fim de falar, mas enfim consegui meus personagens.

Pedi uma dica para minha prima Duda sobre alguém que fizesse parte de alguma tribo e ela me indicou a Taiane, a Tai, mas com uma recomendação: “ ela é fã dA Fresno e não dO Fresno, por favor não vai errar!”. Depois de orientada adicionei a menina. Conversamos bastante por msn sobre a banda, a paixão e principalmente sobre o tempo que ela passa em frente ao computador procurando coisas sobre a (a, que fique claro!) Fresno.

Busquei então a comunidade da banda e conheci a Samara. Conversamos pelo orkut e trocamos telefones. O que eu achei mais interessante é que ela criou uma comunidade que hoje tem 850 membros, mas a maioria só se conhece pela internet. Encontrei então o espírito da minha reportagem: existem pessoas que sem a internet jamais se encontrariam, jamais se reuniriam. A internet é um novo, e imenso, espaço social.

Mas faltavam os especialistas, alguém que soubesse realmente o que dizer sobre o assunto e mais uma vez precisei de ajuda. Conversei com o Filipe Speck, que fez o tcc dele sobre o Twitter, e consegui algumas fontes com arrobas na frente. Ai, e agora? Como é mesmo que eu faço para mandar uma mensagem direta? E tinha ainda a dificuldade de explicar tudo em 140 caracteres. Mas deu tudo certo @renedepaula foi legal e respondeu na manhã seguinte. Só que essa entrevista me fez chegar à conclusão de que o twitter está acostumando mal as pessoas: recebi , por e-mail, respostas com até 140 caracteres.

Reportagem escrita, faltava a foto. Eu, Carol e Isa nos encontramos no centro e acompanhamos a Carol em algumas fotos para a contracapa. Marquei com a Samara no centro e pedi que ela levasse algumas meninas, mas mais uma vez concluí que sem a internet o fã clube não existiria, porque só apareceram ela e mais duas. Foto feita.Voltei para casa com a Carol, cansadas e com a sensação de dever cumprido.

Bárbara Lino

Acordei sem vontade, mas tinha que fazer aquela matéria. O prazo era curto e administrar tempo, para mim, nunca fora uma tarefa fácil. Passei na sala de redação para pegar instruções com o professor-editor e ele me disse para “encontrar o personagem diferenciado”,  evitar o bloco, anotar o essencial, simplesmente conversar.

A pauta que eu elaborei estava mal feita e eu não sabia onde ir. Peguei o telefone e combinei com o outro repórter, “vamos nos dividir pra apurar e depois redigimos o texto juntos”. A única fonte que eu tinha ficava em outra cidade e eu perderia muito tempo com deslocamento se fosse até lá. Então, parei na metade do caminho, no centro.

O que as pessoas vão fazer numa lan house às dez da manhã de uma terça-feira. Caminhando pelo calçadão você vê que elas são muito parecidas, as pessoas e as lan houses.

Entrei em uma, duas, falei com algumas pessoas. Nada de interessante. Busquei dados mais ‘técnicos’ para a reportagem, números para fugir do panorama particular. Foi quando eu parei de procurar pessoas, que eu encontrei o perfil da senhora idosa, descrito no jornal.

Ficamos conversando enquanto ela fazia tudo rapidinho. O papo continuou enquanto caminhava e depois na fila do lugar onde ela tinha que entregar seus formulários. A conversa foi boa, e em 30 minutos eu estava na rua de novo e com o texto daquela senhora na cabeça.

Restando horas para a entrega, eu e meu colega de reportagem nos reunimos, pela internet, para a redação. Eu tinha o cenário e a personagem, ele tinha dados e outros relatos. Em pouco tempo finalizamos um bom texto.

O curto tempo para apuração tornou essa reportagem um trabalho difícil. O prazer de entregar a matéria só não foi melhor que a sensação que eu tive no banco da praça quando passei o nome e idade daquela senhora para meu caderninho,  e vi que o resto não precisava. As boas histórias ficam na cabeça, como uma boa conversa de mesa de bar.

Felipe Costa

***

A principio, quando recebi a pauta do professor Rogério Christofoletti pensei: que ótimo! É fácil! Quando questionado por ele, algumas semanas depois, sobre como estava o andamento das minhas entrevistas respondi: ainda não comecei, mas é tranqüilo por que é só chegar na lan house e entrevistar as pessoas. Grande engano!

Quando estava a caminho da lan house me perguntei: tá, eu vou atrapalhar a pessoa que tá pagando por tempo em uma lan? Ela não vai querer me atender. Essa foi a minha principal dificuldade. As pessoas pagam pelo tempo e eu vou ali pra atrapalhar esse “momento”?!

Enfim, superado o medo de ser chato, afinal essa é uma das vocações dos jornalistas, fui até o balcão de recepção da lan house e decidi que meu primeiro entrevistado seria o próprio atendente. Engraçado como às vezes você simplesmente não acredita nas informações que as fontes passam. Ele falou que a maioria das pessoas ia ali para trabalhar. Logo percebi que isso era de dia, por que a noite, basta dar uma circulada pelos computadores que logo se percebe que a grande parte das pessoas está em redes sociais e no MSN.

Minha segunda fonte foi um rapaz muito engraçado que queria trabalhar em lan house só pra ficar o dia inteiro na frente do computador. Engraçado… Enquanto algumas pessoas não agüentam mais a tecnologia, outras só pensam em uma forma de ficar mais tempo conectadas no mundo virtual.

Outro ponto que me chamou atenção na minha terceira entrevistada é como a internet tem o poder de aproximar as pessoas, mesmo que virtualmente. “Matamos a saudade” conversando pelo Messenger. Ou pior, somos mais próximos de pessoas que nunca conhecemos do que pessoas que moram na mesma cidade, como por exemplo, alguns familiares.

É a internet ajudando a melhorar a vida das pessoas e conseqüentemente enlouquecendo-as!

Diego Souza

Descobri a pauta sobre os encontros virtuais entre detentos e famílias por acaso. Num casamento entre o sentido mais óbvio, pelo menos para mim, da palavra-guia “Marginal” e a editoria de tecnologia, me perguntei se os detentos tinham acesso à internet. À primeira vista, a questão pareceu absurda. Se o celular é proibido dentro das penitenciárias, como seria possível uma navegação em rede que permitiria uma comunicação muito mais ampla? Ainda assim resolvi fazer a pesquisa e descobri que havia menos de cinco dias que a primeira visita virtual tinha conectado Campo Grande (MS) a Goiânia (GO).

Após descobrir que as visitas estavam acontecendo também na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), o primeiro ímpeto foi cobrir uma videoconferência, conversar com diretor, preso e família. Logo minha parceira nessa matéria fincou meus pés no chão ao mostrar que não seria fácil ir ao município paranaense. O fato, porém, não tornou a apuração menos emocionante. No emaranhado de fontes consultadas via ligações interurbanas, consegui o telefone de Maria Elza Barbosa Pereira, irmã do detento Adão Barbosa Pereira, que fez a estreia do projeto através da Defensoria Pública da União – GO. Conversar com a doméstica era importante não só por ela ter “inaugurado” as visitas virtuais, mas pelo motivo de que ela não tinha notícias do irmão havia 20 anos.

Liguei para ela à noite para marcar uma entrevista para a manhã seguinte. A simplicidade com que a fonte falou comigo me deixou um pouco sem ação. Acostumado com um mundo completamente diferente do universo em que ela vive, calculava cada palavra pronunciada, tentava permanecer na linha tênue entre a subestimação e a linguagem que eu julgava ser apropriada. A sinceridade na despedida daquela ligação me fez refletir ainda mais sobre como eu faria as perguntas no dia seguinte: Maria Elza disse “durma com Deus, amém” com uma intensidade muito diferente do cotidiano “tudo bem?” que, na maioria das vezes, é dito por puro hábito.

Durante a entrevista fui descobrindo, a cada resposta, um pouco mais da vida de Maria. Perdeu os pais aos 20 anos de idade e, por não ter condições de cuidar de Adão (então com nove anos), acabou por perder também o irmão para uma família que morava no estado do Tocantins. “Gostaria muito que ele viesse morar com a gente. Aí eu poderia estar perto dele, aconselhando, ajudando. Às vezes eu fico pensando que se ele estivesse comigo não estaria acontecendo de ele estar lá. Deus é quem sabe, mas falta de conselho, pessoas amigas por perto, faz acontecer o que aconteceu”.  Maria Elza não teve e provavelmente nunca terá a vida que tenho e tive, tampouco terá chance de chegar ao nível de instrução em que eu e meus colegas estamos. No entanto, adquiriu com a vida conhecimentos e forças que talvez eu nunca consiga assimilar. Foi mesmo capaz de mostrar altruísmo ao dizer que “o bom do projeto é que mais famílias serão beneficiadas”.

Logicamente que a personagem e suas falas sempre contaminadas de fé, satisfação e agradecimentos foram descritas na reportagem. Colocar todas as informações em ordem e ver a abstração que rondava minha cabeça há uma semana virar um texto concreto foi gratificante. Fazendo jus à editoria à qual fomos convocados, eu e minha colega usamos da tecnologia para quebrar o mito, pelo menos em mim, de que uma matéria feita a quatro mãos é uma colcha sem nenhuma unidade entre os retalhos. Através do GoogleDocs escrevemos e editamos nosso texto ao mesmo tempo. O ponto final encerrou uma etapa de produção do Quatro, que ainda não acabou, mas já provoca a vontade de começar uma nova edição.

Murilo Bomfim

***

Quando recebi a pauta das visitas virtuais achei que eu e Murilo teríamos dificuldade em entrar em contato com as fontes, praticamente todas com cargos públicos, mas elas se mostraram abertas e interessadas em conversar conosco. O momento mais interessante da apuração foi a entrevista com a família de um detento da penitenciária federal do Mato Grosso, os primeiros a realizarem a visita virtual.

Maria Elza nem sabia que o irmão Adão estava vivo, e ficou surpresa quando recebeu a ligação da assistente social dizendo que ele estava preso. Dava para perceber na voz que ela estava maravilhada com a oportunidade que teve de conversar com o irmão mais novo, e com a idéia de tê-lo em casa quando sair do cárcere. Foi uma lição de perseverança e otimismo que eu jamais tinha visto. Então vi que o objetivo do projeto do Ministério da Justiça em manter – reavivar, no caso de Adão – os vínculos afetivos entre preso e família foram alcançados.

Não há como dizer que essa matéria não foi escrita por quatro mãos. Graças ao GoogleDocs eu e Murilo conseguimos escrever simultaneamente, ir corrigindo e dando sugestões. Acredito que o mais difícil tenha sido adequar o texto para que os dois ficassem satisfeitos. Com estilos de textos diferentes, discordamos e concordamos em alguns aspectos, mas foi muito divertido e acho que a parceria funcionou.

Gabriella Bridi

Pautas distribuídas.

Repórteres nas ruas.

A quinta edição do Quatro já está em plena execução!!!

O Quatro é um dos finalistas do Expocom Sul 2010, a maior competição de projetos e trabalhos acadêmicos da área da Comunicação. O Quatro concorre ao prêmio de melhor jornal avulso junto com outros quatro projetos:

  • Agora Negócios: o jornal do futuro e empreendedor (Centro Universitário de Maringá)
  • Babélia (Unisinos)
  • Jornal Marco-Zero (Faculdade Internacional de Curitiba)
  • Jornal Barriga: o jornalismo humorístico chegando de barriga em Blumenau (Iesb)

O resultado será divulgado durante o 11º Intercom Sul, que acontece em Novo Hamburgo (RS(), de 17 a 19 de maio.

A disciplina de Redação 4 já concluiu o processo de seleção para a monitoria deste semestre. A partir desta semana, a acadêmica Fernanda Cardoso Martins, do 7º semestre, passa a assumir a função, acompanhando o professor nas aulas e na condução do jornal-laboratório Quatro.

Seja bem-vinda, Fernanda!

Estão abertas as inscrições de alunos regularmente matriculados no curso de Jornalismo da UFSC para o processo seletivo para uma vaga de Monitor junto à disciplina de Redação 4.

Podem participar alunos que:

a. tenham média acima de 7,0

b. já tenham cursado a disciplina Redação IV, sendo aprovados nela

c. tenham disponibilidade para cumprir 12 horas semanais

d. tenham conhecimentos de softwares de editoração eletrônica e experiência em fechamento

e. cujos horários de aula não colidam com os da disciplina

f. sejam dinâmicos, responsáveis, confiáveis e tenham iniciativa

Em 2010.1, a disciplina de Redação 4 será oferecida em três horários: segundas-feiras, das 8h20 às 11h50; terças-feiras, das 13h30 às 17h; quartas-feiras, das 8h20 às 11h50.

As aulas iniciam no dia 1º de março e o selecionado para a vaga assume sua função imediatamente após a divulgação dos resultados do processo seletivo.

Para se inscrever, o candidato deve enviar e-mail ao professor responsável pela disciplina, Rogério Christofoletti:  Serão recebidas inscrições de 1 a 9 de março. O candidato deve aguardar a confirmação de recebimento da mensagem para ter sua inscrição efetivada.

O processo seletivo vai constar de uma entrevista com o professor da disciplina. As entrevistas acontecerão no dia 10 de março, e o resultado do processo será publicizado no dia 15 de março.

As funções do monitor é dar assistência ao professor nos horários de aula, acompanhar os alunos no processo de fechamento do jornal laboratório Quatro e assumir responsabilidades junto a um dos laboratórios de redação do curso, a ser definido pela Chefia do Departamento.

A remuneração é de R$ 364,00 mensais.

Já estamos de volta novamente!

As aulas começaram e o Blog do Quatro reinicia suas atividades.

Sejam bem vindos!

Pausa

Estamos entrando no período de férias escolares.
Por isso, caro leitor, relaxe e navegue por nossas edições do QUATRO, todas disponíveis na íntegra.

Voltaremos em 2010!

Acaba de voltar da gráfica a mais recente edição do jornal-laboratório da disciplina de Redação IV.

Aproveite!

Neste momento, em plena sexta-feira de forte calor, a equipe de revisoras e diagramadores do Quatro ainda trabalha, fazendo um esforço final para o fechamento. Eles poderiam estar num bar tomando um chope, poderiam estar no cinema com seus amores, mas estão se dedicando ao jornal… A recompensa vem na forma de 24 páginas na próxima semana…

A direção do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) já encaminhou a nota de empenho para a impressão do Quatro. O documento libera a equipe a mandar o jornal para a impressão. Nas últimas revisões, a edição está quase se tornando realidade. Agora, ninguém segura mais…

A entrevista com o Charles foi um feliz desfecho para uma saga atrás de entrevistado que se estendeu por várias semanas. Quando a turma decidiu que uma página do Quatro seria destinada a uma entrevista, os alunos optaram por Marcelo Rubens Paiva, jornalista e cadeirante. Queríamos alguma pessoa com problemas de mobilidade, já que se encaixaria com nosso tema, e por sua popularidade, Marcelo Paiva anos pareceu a melhor opção. O problema foi encontrá-lo.

Por duas semanas um colega tentou entrar em contato com jornalista via email, mas não obteve resposta. Quando o prazo para a entrevista ser feita chegou próximo ao final, Diego e eu resolvemos nos responsabilizar pela matéria. Tentamos por dois dias entrar com contato com Marcelo Paiva por um celular que nos foi passado, mas ninguém atendeu. Também enviamos emails, mas não tivemos resposta. Nossa opção foi trocar de entrevistado em cima da hora. Largamos mão de conversar com alguém famoso para procurar um personagem ilhéu, que representasse os problemas enfrentados por um florianopolitano com dificuldades de locomoção. Em uma luta contra o tempo tentamos encontrar alguém que se encaixasse neste perfil. Através de um amigo do curso de Jornalismo, descobrimos que um grupo de deficientes treina tênis nas quadras da UFSC.

Na tarde do dia seguinte, fomos às quadras ver o jogo e tentar conversar com um dos atletas para ver se alguém poderia ser nosso entrevistado. O tema é certamente delicado, e não poderíamos abordar qualquer pessoa de qualquer forma. Tivemos que ser cuidadosos e educados na procura. Foi assim que conhecemos Charles. Nos apresentamos, explicamos nossa proposta de entrevista e ele concordou em participar. Logo vimos que sua história poderia render uma boa entrevista e durante 15 minutos conversamos, gravamos a entrevista em arquivo de áudio e tiramos fotos. Charles foi muito aberto em falar sobre o tema e isso facilitou muito nosso trabalho. Estávamos no limite do prazo e foi muita sorte o encontrarmos e sairmos com a entrevista em mãos na mesma tarde. Diego ficou responsável por transcrever as falas que haviam sido gravadas e redigir o texto.

(Nayara Dalama)

A equipe do Quatro simplesmente ignorou sábado e domingo e continuou a fechar as páginas neste final de semana. Faltam poucas, duas ou três, conforme contabilizo por cima. Separada por quilômetros, a equipe trabalhou online, trocando emails e usando o disco rígido virtual criado para armazenar os arquivos da edição. Diagramadores desenhavam suas páginas e revisores “escaneavam” os textos, em busca de qualquer deslize maior…

Nesta semana, com chuva ou sem ela, fechamos a edição. Podem anotar.

Dizem que Luciano Machado é maluco, pois bem, é possível que seja. O jeito desengonçado, o lábio torto, o olhar intimidador, são atributos que contribuem para tal fama. Mas principalmente o que mais contribui é a linguagem que usa e o que expressa, nossa falta de discernimento e auto-crítica. A insanidade de Luciano é uma linguagem de defesa diante do mundo muito mais louco que ele. A sua loucura é a narração de uma sabedoria torta, de uma anomalia que o salva de realidade, esta sim, terrivelmente insana.“Todos já nascem fabricados por uma meritocrácia desmiolada”, disse ele, “estamos nos auto-excluindo”. É considerado louco por dizer o óbvio, que muitos dizem conhecer e mesmo assim evitam olhando para o lago. “Querida olhe aquele Ipode”. E disse mais, nas mais de três horas de gravação Luciano falou sobre tudo, e não poupou nem a si mesmo. Mas o que mais marca a conversa com ele, é o respeito à escuta do outro, do diferente, do estranho. Estranho que, entretanto, nos é familiar de alguma forma. Quem nunca se indignou com as mazelas e as desigualdades da vida? Quem nunca se sentiu impotente e fraco para mudar tais injustiças e sofrimentos. Talvez só um paspalho idiotizado e incivil.

Portanto, Luciano, e seu personagem Leicam, representam o nosso lado mais ativo e determinado. Afinal, quem se propõe nos dias de hoje sair à rua e defender o que pensa? Seu discurso pode chegar a formular lições de sabedoria, mas, antes de tudo, expõe sua percepção peculiar de si mesmo e do mundo em que nos encontramos: delirante e sábio, confuso e cristalino, atordoante e provocador de reflexão. Tentei no texto não me furtar à profecia oracular, mas gostaria de escrever um texto com a mise-en-scéne apontada por Luciano, pois acho que seria mais interessante e original do que ficou, com características extremadas e a essência minimizada.

(Alex Sobral)

 

O clássico provérbio popular que diz “quem vê cara, não vê coração” pode ser uma metáfora no que tange à leitura de uma matéria em uma mancha gráfica de jornal, revista ou de qualquer meio impresso. As palavras ali encadeadas em uma tessitura comprometida a informar e elucidar o leitor para o seu conhecimento às vezes pouco revelam nas entrelinhas os percalços dos bastidores, tanto do repórter como de outros envolvidos no processo editorial. Por trás de uma informação pode estar dias de pesquisa de campo, sola de sapato gasta em um vai-e-vem desenfreado atrás de fontes ou na redação de textos madrugada afora quando o deadline estiver ceifando horas como se fossem minutos.

Assim ocorreu com esta matéria de cultura relativa aos livros e filmes sobre viagens que fui encarregado de apurar, onde voltei algumas vezes a “estaca zero”. Começo de outubro eu reportava um processo político que envolvia os atuais limites do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, em outra editoria do Quatro, onde fui atrás da premissa de que haveria uma mobilidade da população local devido a uma polêmica lei que retirava a localidade de Vargem do Braço da Área de Preservação Integral do Parque. Entrevistando alguns envolvidos, a matéria tomou um rumo completamente diferente da proposta temática do jornal e a partir daí, previ o seu extermínio. Não teve outra. No dia seguinte, nova pauta: “literatura de viagem e Road Movies”.

Comparado ao “direitês” que ouvira de promotores e funcionários públicos na pauta anterior, essa era uma benção. Ainda mais neste período onde tive sérias brigas contra o relógio. Logo no dia recebi a indicação, por parte de um amigo, de que havia um viajante que trilhou aqui de Florianópolis até Atlanta nos EUA de fusca e publicou um livro sobre a ousadia. Era o personagem perfeito para o tema. Consegui marcar a entrevista com o Roberto Vaz, que por sorte, ia vir no dia de São Francisco do Sul, onde está morando atualmente, para Floripa. Em meio ao caos urbano do mercado público, Vaz me contou sobre os imprevistos que driblou durante suas longas aventuras e ainda me presenteou com um exemplar de seu livro “Conhecendo o Velho Mundo”, que fala da sua expedição de Kombi pela Europa durante a Copa de 1998. Ele mesmo se define como um Globetrotter, um viajante sem fronteiras.

Tomei a trágica decisão de fazer um perfil do Vaz, pois, no fim, ela acabou fugindo da proposta inicial da pauta que era para ser mais abrangente e o professor mandou refazê-la. Com isso, voltei a como eu estava antes: com “zero caracteres” às mãos. O prazo enforcado, e eu ali, sem nada concreto. Então, saí às pressas para procurar uma fonte que me explicasse sobre o gênero “literatura de viagem” em si e tive a sorte de encontrar, depois de algumas voltas pela UFSC, o contato do professor Stélio Furlan, que está elaborando uma tese de mestrado justamente sobre o assunto. Enquanto isso, recebi a resposta por e-mail do professor de cinema Jair Fonseca, que me indicou e explicou sobre os “Road Movies”. Ao fim, apesar dos imprevistos, consegui o que precisava de ambos e passei a madrugada em claro – enquanto o apagão da Itaipu tomara os noticiários – para entregar esta reportagem de cultura no dia seguinte. Sufoco que valeu a pena, com certeza.

(Thiago de Verney)

 

Quando o professor falou em sala que ainda não tínhamos nada de esportes no jornal e que a contra capa, que seria um ensaio fotográfico, estava aberta, lembrei na hora que iria viajar para Horizontina (RS) cobrir o campeonato Regional Sul de Baja SAE pela equipe da Universidade Federal de Santa Catarina. Era o que eu queria, esportes, fotografia e viagem.

Levamos 14 horas para ir de Florianópolis até a cidade gaúcha. Na viagem muita diversão e risada com a equipe UFSC Baja SAE, o que fez passar rápido o tempo dentro do ônibus. Horizontina é uma típica cidade do interior. Parece que todos se conhecem no município com 20 mil habitantes. O centro tem apenas algumas quadras e o local de encontro na noite é a pizzaria na frente da faculdade ou um dos dois postos de gasolina. Pessoas simpáticas e acolhedoras de forte sotaque gaúcho que me fez matar a saudade da minha terra. O nosso hotel era um ginásio de esportes, cerca de 200 pessoas dormindo em colchões, sacos de dormir e barracas, mas nada de diversão durante os dias de competição. Todos lá estavam focados. As equipes são extremamente dedicadas aos seus projetos e viram a noite definindo os últimos ajustes.

O primeiro dia de competição foi marcado por muita chuva e barro e nem tão grandes emoções já que as provas eram mais técnicas. Em compensação no domingo saiu sol, o que colaborou muito para as fotos e as duas baterias de enduro foram emocionantes. Os carrinhos de rally dividiam quase todas as curvas enquanto deslizavam no barro. Enquanto fotografava quase fui atropelado por um dos pilotos, que com a viseira cheia de barro, decidiu virar antes cortando o lado de dentro da curva onde eu estava. No final uma disputa acirrada entre a equipe UFSC e a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Por 8 pontos de diferença a UFSC conquistou o tetra campeonato da competição.

Mas o que mais me marcou no fim de semana, foi confirmação que é de fato possível trabalhar com o jornalismo em situações que você realmente se identifica. Viajei durante quatro dias para fotografar e escrever sobre algo que gosto.

(Erich Casagrande)

Flagrantes da manhã de hoje, quando a equipe do Quatro se debruçou pra valer sobre as páginas da edição…

decimaMarina Ferraz e Diego Cardoso auxiliam a insone Nayara Dalama (de preto) a diagramar uma página.

portrasNinguém quis sorrir pro flash. Havia muita coisa a fazer…

Ao topar fazer a matéria sobre o transito de pacientes do interior do estado para a capital não esperava achar uma situação tão desorganizada e que causasse tanto sofrimento. A busca pelas fontes foi a primeira dificuldade e, saindo para fazer a matéria no escuro, o primeiro lugar que procurei foi o Serviço Social do Hospital Universitário. Lá, as assistentes sociais me presentearam com documentos e orientações que foram o fio condutor da matéria. Levantaram também a questão de que a maioria dos casos que são apresentados ao HU deveriam ficar nas regiões de origem, já que o serviço necessário pode ser executado nas cidades pólo.

O segundo desafio foi a busca pelo personagem. É incrível como as pessoas temem represálias das administrações municipais, os cidadãos não entendem que o Tratamento Fora do Domicílio – TFD é um direito e não um favor político. Finalmente, depois de muita conversa e de saber que não era para a televisão, alguém aceita dar a entrevista. Dona Marialva, moradora de Videira, contou sua história, as muitas portas que já tinha batido e a falta da solução para seu problema de dores nas costas. Ao terminar o interrogatório peço a ela uma foto para ilustrar a matéria e a videirense nega veementemente “Vai que alguém vê isso lá no meu município!” teme como se devesse algum favor a alguém. Talvez o medo de Dona Marialva deva-se ao fato de que ela veio sem marcar consulta previamente aqui na capital, o que não deveria mais acontecer segundo as assistentes sociais.

As demais fontes que me foram indicadas mostraram melhor como funciona a lógica da ”ambulâncioterapia”. Concluí que é realmente muito difícil levar serviços caros e de alta complexidade a todas as regiões do estado. Porém me foi alertado que grande parte dos pacientes que vem do interior buscam o básico e é nesse ponto em que o poder público falha com gravidade.

(Diego Vieira)

Soube desta pauta por uma amiga, que comentou que alguns amigos seus já tinham viajado pela Força Aérea Brasileira sem pagar nada. Logo me imaginei voando em um avião militar, em algum canto distante do país. Mas nunca fui me informar como exatamente funcionava o Correio Aéreo Nacional. Foi então que sugeri a matéria na reunião de pauta do Quatro.

Como em toda matéria que escrevo e gosto, o mais interessante sempre foi o fato de aprender sobre aquilo que está reportando. Durante a apuração você descobre, vive, conhece. Com certeza este é o momento mais apaixonante do jornalismo.

A apuração começou com contatos por telefone com a Base Aérea de Florianópolis (BAFL). Nesse momento ficou clara a burocracia e formalidade militar no tratamento de questões internas. Horários precisos, nomes exatos. Fui até a BAFL duas vezes. A primeira foi no dia 26 de outubro, mas eles haviam transferido o dia do funcionário público de 28 para 26, ironicamente, sem aviso prévio. Perdi a viagem. No dia seguinte passei uma tarde inteira conversando e pesquisando dentro da BAFL, não podia transitar sozinho pela base, alguém sempre me acompanhava. Foi no escritório da comunicação social que tive acesso ao documento NSCA 4-1, que cito na matéria, e que está disponível para download apenas pelos computadores da FAB. Ficamos cerca de duas horas verificando, com os superiores da FAB, se as informações contidas nele poderiam ser passadas para imprensa. No fim não houve problemas e o documento foi liberado. De fato não há informações confidenciais no documento, mas tudo dentro das Forças Armadas tem que ser exato e confirmado.

Depois conheci Posto CAN, que fica ao lado da pista do angar principal. Enquanto conversava com o Sargento Ferreira, dois aviões de patrulha da base decolaram, e a vontade de voar só aumentava. Mas não foi desta vez que viajei em um avião da Força Aérea Brasileira, vou esperar por um C-130 Hércules, que deve ser mais emocionante.

E para quem pretende viajar de CAN em breve, boa viagem!

(Erich Casagrande)

Enquanto metade do Brasil ficava às escuras por causa do apagão de ontem à noite, boa parte da redação do Quatro continuava trabalhando pra fechar a edição do semestre no prazo acertado. Diagramadores desenhavam páginas e editores passavam a tesoura em textos mais longos que o permitido. Havia ainda quem pedisse pra ajustar uma informação ou outra numa reportagem, e quem ainda arrancasse os cabelos atrás de uma boa foto.

O “plantão” do Quatro avançou pela madrugada. A lista eletrônica do grupo convulsionou durante o dia de ontem: mais de 70 mensagens foram disparadas, cobrando material, tirando dúvidas e contagiando o resto da equipe no processo de fechamento.

Hoje, agora pela manhã, a correria continua. Ainda bem!

Quando comecei a apuração, não imaginava que a minha pauta fosse mudar completamente depois de uma entrevista. A idéia inicial era fazer uma reportagem sobre como os problemas no trânsito em Florianópolis afetam a rotina da população. Entretanto, a conversa que tive com o engenheiro do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) me alertou para a essência de toda a confusão: falta de planejamento. Enquanto ele ia falando, eu via todas as minhas certezas sobre o assunto desabarem.

A gente acredita que a função da Prefeitura é facilitar a vida dos motoristas de carro. Mas a ilha não agüenta mais. Foi nessa primeira entrevista que atentei para o fato de que 70% da parte insular da cidade é formada por áreas de preservação ambiental. Muitas obras importantes, como a Via Expressa Sul, só puderam ser feitas por meio de aterros. Ou seja, priorizar os carros em um lugar onde não dá mais para expandir o sistema viário é burrice.

A solução apontada pelos especialistas é o transporte público de qualidade, aliado a um bom planejamento que integre todas as modalidades de transporte. Não vou dizer que a Prefeitura não tem sua parcela de culpa, mas os manezinhos, paulistas e gaúchos que moram em Floripa parecem não estar muito interessados em trocar o conforto de um automóvel pelo sacolejar de um latão.

Além das entrevistas, passei uma tarde na biblioteca do IPUF consultando documentos empoeirados, e muitas noites em frente ao computador lendo uma tese de doutorado e artigos sobre planejamento urbano. Todo o cuidado é pouco, escrever uma bobagem sobre um tema polêmico pode acabar com a credibilidade da matéria (e da repórter). No fim, aprendi um pouco mais sobre arquitetura e urbanismo, que se revelou um assunto muito interessante e pouco abordado na mídia brasileira. Uma boa ideia para pautas futuras.

E agora, o momento Maguila: não poderia deixar de agradecer a ajuda de algumas pessoas nessa reportagem que foi tão trabalhosa. Aline e Ênio, os jornalistas que me orientam no estágio, deram dicas preciosas de apuração e construção do texto. Os funcionários da biblioteca do IPUF também foram muito prestativos. E claro, também quero agradecer aos meus colegas de turma e ao professor-editor que deu toques importantes. Ah, e o Dieguinho, que me emprestou uma caneta na hora do apuro!

(Berenice dos Santos)

No calor que começava a fazer em outubro, foi muita sorte que minha estréia em uma reportagem sobre uma banda tenha coincidido com a inauguração do ar condicionado do estúdio onde os cinco integrantes do grupo Cassim e Barbaria ensaiam, no Rio Tavares. A entrevista, intercalada com ensaios de meia hora, foi bem descontraída e mais fácil do que parecia. Difícil mesmo foi, dois dias antes, telefonar para marcar o encontro e dizer: “Alô, Xuxu?”. Quase agradeci ter entrado em contato com ele ao saber do “nome” dos substitutos para baixista e baterista: “Amexa” e, claro, “Cachorro”.

Depois de conversar durante meia hora, já estava sabendo vários “causos” da viagem rumo à conquista da América. Por dentro, comemorava o fato de que eles estavam se mostrando entrevistados ideais: relembravam tudo o que vinha à cabeça, riam, conversavam entre si e, principalmente, falavam o que eu precisava ouvir para compor uma matéria que seria, ao mesmo tempo, diário de viagem e perfil da banda. Quando me dei conta de que estava passando de repórter-curiosa-fazendo-mil-perguntas a repórter-curiosa-atrapalhando-o-andamento-das-coisas, sugeri que ensaiassem e, depois, poderíamos retomar.

Suspeitei que minha audição estava em jogo ao vê-los colocando protetores de ouvido enquanto ajeitavam os instrumentos, mas assim que meu tímpano parou de reclamar dos primeiros acordes e comecei a ouvir a música, fiquei mais tranqüila. Confesso, me afeiçoei pelo som deles. Acabado o ensaio, que teve direito a vocalista manco, coreografia dos bateristas – sim, porque a banda tem dois – e inclusive participação especial e lúdica da repórter na guitarra (não, eu nunca havia tocado uma guitarra na vida), voltamos a conversar e de repente tinha em mãos material suficiente para muito mais do que os 8 mil caracteres programados. Escrever, depois, foi muito mais decepcionante que a etapa da apuração. No meu caso, ter um bom material implica em não saber por onde começar e, na hora de passar para o papel, muita coisa acabou ficando de fora.

Não contei, por exemplo, o porquê do nome Cassim e Barbaria, mas isso foi mais por uma questão de falta de clareza, mesmo. Quando perguntei pela primeira vez, desconversaram. Na segunda, disseram que, inicialmente, Cassim era uma referência ao vocalista e guitarrista Cassiano, mas que hoje isso não tem mais sentido. Sobre “Barbaria”, apenas me falaram que “tem a ver com história de pirata” e, num clima de piada interna, riram. Risadas, aliás, são coisas que os cinco apreciam e, também por isso, não posso negar que me diverti.

(Rosielle Machado)

No desenho animado “Capitão Planeta”, sucesso nos anos 90, um homem dotado de super poderes, com pele verde e cabelo mais verde ainda, lidera um grupo de jovens ambientalistas na luta contra os vilões da poluição. Esses vilões fazem de tudo um pouco, desmatam, aprisionam animais e jogam lixo e esgoto no fundo do mar. Poderíamos estar vivendo esse cenário. Uma empresa grande, no caso a Casan e seus trabalhadores, nós – a população, planeja despejar no fundo do mar todo o esgoto que produz. Esse esgoto irá poluir tudo em menos de duas décadas, reduzindo a vida marinha quase que completamente, e criando zonas mortas. O turismo acabaria, os pescadores migrariam para São Paulo e os bebês nasceriam com defeito de formação causada pela poluição, como já ocorreu na Austrália.

Mas não é assim que está ocorrendo. Primeiro que nada é feito em surdina. A Lei de Crimes Ambientais ou Lei da NaturezaLei nº 9.605/98 determina que qualquer ação sobre o meio físico que venha a afetar a vidas de todos, deve ser discutida e conhecida por todos. Para isso temos órgãos presentes com técnicos vigilantes. Sem falar no terceiro setor, presente nas discussões e liderando os pedidos de esclarecimentos. O Ministério Público Federal quando determinou a paralisação da estação de tratamento no Campeche estava certo de que mais vale um atraso na construção, do que a contaminação de um habitat rico, como é a Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, o que seria uma tragédia.

Devo muito ao Ministério Público, por meio da Daniela Mara Hoffmann Zimermann, analista pericial em engenharia sanitária da Procuradoria da República em Santa Catarina. Pois a Casan dificultou ao máximo a comunicação com a única pessoa que tinha os dados do projeto de construção do emissário, o Gerente de Construções da Casan, Fábio Krieger. Chegaram até me deixar uma tarde inteira “plantado”, no melhor jargam ambientalista, na sede de operações da empresa, esperando esse gerente. A assessoria não dizia nada, as secretárias eram muito bonitas mudas, e no final cheguei até a ouvir que a maioria das informações eram sigilosas e, portanto, não poderiam ser entregues a mim que tenho o intuito de informar.

Graças ao Ministério Público, tive mais informações sobre o projeto, pois foi enviado em julho passado um documento de atualização do projeto à procuradora Analúcia Hartmann, que acompanha o caso. Se a construção dos emissários submarinos são tão polêmicos no mundo todo, certamente não deixariam de ser em Florianópolis. Por mais que laudos e estudos comprovem que o emissário, quando bem feito, é a melhor solução para o lixo, senti uma pontada de dúvida em todos que entrevistei sobre o respeito. Inclusive no pessoal da Casan, que seguem a linha do seu Presidente que afirmou que “ou se constrói os emissários ou se afunda na merda”. Para que não haja dúvida sobre a qualidade que oferecemos aos nossos turistas e que bebemos e nos banhamos, precisamos de pessoas e órgãos vigilantes, como no desejo animado, que todo episódio terminava com um sonoro grito, “o poder é de vocês”.

(Alex Sobral)

Quando comecei a matéria sobre monitoramento, fiz uma varredura nos projetos de lei para a internet do Brasil. É assustador o quanto blogueiros e sites de grandes jornais publicam informações distintas (e algumas vezes erradas) sobre documentos disponíveis nos sites da Câmara e do Senado. Durante a pesquisa, cheguei à legislação catarinense sobre as lan houses (o que me levou a conversar com o delegado Hendges), à algumas referências sobre as delegacias de cibercrimes e ao órgão do Distrito Federal responsável pelas “ocorrências da internet”, tratadas ainda como novidade.

Ter muitas informações pode ajudar a encaminhar uma matéria, mas pode complicar na hora da redação: ao redigir, acabei com um texto de 13 mil caracteres. Reduz um pouco, reangula algumas partes, reescreve e voilà, 8 mil toques. Termos técnicos também complicam um pouco: P2P, IP, e outras tantas siglas complicadas do mundo dos computadores. Alguns deles são desnecessários, outros já existem em português. Apurar bem é importante, mas escovar o texto é fundamental.

O monitoramento da internet é uma questão política, jurídica e ética. Abordar esses temas sem se perder nas informações não foi fácil. No final das contas, concluí que é impossível restringir uma questão dessas somente à tecnologia. Monitorar é preciso? Podemos opinar, mas é a Lei que vai definir. Só espero que defina para as circunstâncias certas.

(Diego Cardoso)

Apenas quatro das 24 páginas do jornal estão abertas ainda… os textos faltantes estão chegando e os relatos de bastidores já começam a rechear este blog. A equipe de diagramação conjuga o mantra “Vai caber! Vai caber!” e encaixa as matérias nas páginas. Os editores arrancam os cabelos para pensar títulos precisos, linhas finas bem explicativas, legendas inteligentes. Tratadores de imagem gastam as retinas diante das telas, tornam meros registros fotográficos em fotojornalismo de qualidade…

Ninguém está parado…

roberta_joao_nayara(Em primeiro plano, Roberta Perini anota as alterações que seu texto deve sofrer. Atrás, João Schmitz confere material que Nayara Dalama recebeu)

A pauta saiu de uma experiência minha no trânsito. Todo mundo que dirige em Florianópolis e passa pelo viaduto do CIC, percebe um grave erro estrutural: ao se fazer a curva que de descida do elevado, o carro é “jogado” pra fora dela, contra a mureta (devido a forças que só os físicos e engenheiros podem explicar). Obviamente é um erro de engenharia, pois oferece riscos ao motorista desatento.

Outro equívoco é o elevado do Itacorubi, em frente ao cemitério. Ele é formado por duas pistas que se afunilam antes de retornar ao solo, ainda no viaduto. Com esses dois exemplos, parti do pressuposto que erros de engenharia civil comprometem bom fluxo do trânsito da cidade – sob essa premissa elaborei a pauta.

Uma das melhores coisas que podem acontecer à sua pauta é a angulação dela ser desmentida. Você parte de uma base empírica, o senso comum, as lendas urbanas; e ao procurar o especialista para explicar o fato, ele derruba o “mito”. Foi isso o que aconteceu comigo ao falar com a professora Lenise Goldner, que ministra uma disciplina sobre engenharia de trânsito no curso de Engenharia Civil da UFSC. Ela foi taxativa: “o problema do trânsito não é da infraestrutura, e sim do planejamento do sistema”.

A pauta não caiu, apenas a sua angulação mudou. Partiu de “problemas de engenharia prejudicam mobilidade urbana” para “NÃO são os problemas de engenharia que prejudicam a mobilidade urbana”. Concluí que quando isso ocorre, o gancho da matéria se fortalece: desmentir os mitos é de muito mais interesse do que explicá-los.

(Tomás M. Petersen)

 

Recentemente entrevistei, para um trabalho da disciplina Edição, o então editor-chefe do Jornal do Brasil, Rodrigo Almeida. No meio de um papo sobre público-alvo, ele me soltou a seguinte ideia: “é difícil saber o que o leitor quer, mas eu ainda acho – e aposto – que ele quer uma boa história”. Depois que saí da sala dele, fiquei refletindo sobre isso e lembrando das boas histórias que já li no jornalismo. Em jornais foram poucas, costumo encontrar bons personagens em revistas, principalmente as mensais. Então, passei a pensar como repórter e percebi que é realmente difícil encontrar um alguém que conduza nossas matérias e, ainda mais difícil, convencer as pessoas a falar. Nos meus dois anos de jornalismo, essa foi a minha primeira experiência de reportagem com um bom personagem.

Quando as pautas foram adotadas e distribuídas entre os repórteres do Quatro, confesso que nenhuma me agradou a ponto de desejar apurá-la, então, quando chegou minha vez de escolher, restaram poucas. Resolvi, não sei por quê, optar pela matéria sobre a rota do lixo reciclável em Florianópolis. Fiquei um bom tempo sem vontade de fazê-la, mas o dead-line foi chegando e a pressão me fez pegar o telefone e agendar as primeiras entrevistas. A primeira delas era com o presidente da Associação dos Catadores de Material Reciclável, Wolmir Santos, no centro de triagem do Itacorubi, onde trabalham 80 pessoas na separação da coleta seletiva da cidade. Foi esperando meu entrevistado que conheci o adolescente que conduziria minha reportagem, de apenas 16 anos. Uma pessoa muito madura para sua idade, que trabalha desde os 12 anos e que já comprou até sua casa própria com o dinheiro que ganha separando lixo. Com ele, pude perceber que as melhores histórias saem de quem quer ser a história. Minha fonte tinha orgulho do que já viveu, do que é e do que já tem com sua pouca idade, então parecia querer que todos soubessem que ele deixou as drogas de lado e foi à luta, trabalhar.

Mas, o objetivo principal da minha reportagem era esclarecer à população por onde passa o lixo que sai da sua casa, quem ele ajuda e no que ele se transforma. Fui atrás de números e dados que fizessem o leitor ter um parâmetro sobre a importância ambiental e social de uma atitude simples, que é separar o lixo em sua residência. Abordei a questão da coleta seletiva, feita pela Companhia de Melhoramentos da Capital (COMCAP); a triagem do material coletado, que gera renda para 80 pessoas; e a ida do material para a indústria, que passa por uma empresa intermediária antes de se transformar em produto para consumo.

Depois de tudo apurado, confesso que a maior dificuldade que encontrei na rota da minha matéria foi a redação. Acostumado a escrever notícias durante todo o primeiro semestre deste ano, fugir do lead, de repente, foi penoso.

O mais legal de um jornal laboratório é você ver as coisas acontecendo com a ajuda de todos. O quanto o processo da elaboração de um jornal pode envolver as pessoas. A experiência deste semestre deixa os apaixonados por jornalismo ainda mais entusiasmados com a profissão, e com desejo de encarar, logo, o que vem pela frente.

(João Schmitz)

Centro de Florianópolis em uma tarde quente. Muitas pessoas apressadas e muitos camelôs vendendo de tudo pelas ruas. Não havia lugar melhor para apurar minha matéria sobre trabalho informal. Câmera na bolsa, bloco de papel e caneta na mão e escolhi a primeira pessoa a ser entrevistada. Me apresentei rapidamente e pedi para conversar com ela. Assustada com meu interesse ou pelo bloco de papel que eu carregava, a velhinha de uns 70 anos que vendia meias ficou desconfiada. Disse que já havia conversado com outra pessoa ontem e que eu não precisava entrevista-la. Tentei em vão explicar que estou fazendo meu trabalho sozinha para o jornal da universidade, mas ela mal prestava atenção ao que eu dizia. Ficava olhando para os lados e explicou o motivo de não dar entrevista: “Não posso conversar porque tenho que prestar atenção no movimento na rua. Se o rapa vier vai levar todas as minhas meias”. Explicou a mulher que não quis se identificar. Sem mais argumentos desisti de entrevistá-la.

Parei perto de outra vendedora de meias e comecei uma conversa informal. Márcia Jaquelina se mostrou muito mais receptiva e me contou detalhes de sua vida. Mas, assim como a primeira senhora que procurei, mal olhava para mim enquanto eu fazia minhas perguntas com medo de ter seus produtos levados pelo rapa. Me surpreendi quando, no final da entrevista, ela aceitou ser fotografada.

Continuei andando pelas ruas e entrevistei um casal de vendedores de passe. O casal me falou da recém-criada Associação de Vendedores Ambulantes de Florianópolis, que só mais tarde descobri se tratar na verdade da Associação de Trabalhadores Autônomos da cidade. Fui procurar o presidente da associação, Vanderley Elias Duarte que, segundo as indicações, costuma ficar há 30 metros dali, embaixo de uma grande árvore.

No local indicado, só havia mulheres. Quando perguntei se alguém sabia onde estava Vanderley, sua mulher se identificou e, pelo celular, tentou localizá-lo. Fiquei esperando durante uma hora até que ele chegou. Vanderley é um moreno alto e forte que não aparenta os quarenta anos que tem. Chegou com um livro da constituição federal em baixo do braço, foi simpático e ficou extremamente feliz com meu interesse pelo seu trabalho. Antes da conversa começar ele disse que ia chamar “a porta voz da Associação porque ela iria enriquecer a nossa conversa”. Disse também que eu podia perguntar o que eu quisesse durante o tempo que fosse necessário. Mesmo antes da “porta voz” Marisol Paz chegar, comecei a entrevista, afinal de contas, ele era meu personagem principal. Marisol demorou muito e minha entrevista já havia terminado quando ela chegou. Comecei a refazer algumas perguntas porque me senti na obrigação de valorizar sua boa vontade de parar o que estava fazendo para me atender. Outras questões surgirão e ela realmente enriqueceu a conversa.

(Roberta Perini)

Para escrever sobre o caminho do sangue foi imprescindível fazer uma visita ao Hemosc de Florianópolis. A reportagem era técnica e precisava de dados precisos. A primeira dificuldade foi explicar à direção do hemocentro o objetivo da matéria e conseguir autorização para ir a campo. Passei três dias tentando entrar em contato com a direção, enviando emails, deixando recados e insistindo muito para alguém me dar alguma posição. Uma semana depois, recebi um telefonema de um funcionário que disse que a chefe do setor de captação responderia minhas dúvidas e me explicaria todos os procedimentos da doação. O telefonema chegou ao mesmo momento em que um email da direção me avisou que não havia nenhum funcionário disponível para me auxiliar na execução da matéria – um pequeno problema de comunicação interna.

Resolvi ignorar o alerta virtual e marquei um horário para a entrevista no Hemosc. Foi em uma terça-feira à tarde. Como a própria entrevistada definiu, “bombardeei-a” de perguntas. Algumas de fácil resposta, outras nem tanto. Percebi isso quando ela começou a ligar para vários ramais querendo informações como número de doações mensais, nomes de componentes dos testes de sorologia, temperatura de armazenamento de cada componente, etc. Eu sabia que ela possivelmente não teria resposta para tudo, mas eu precisava tê-las respondidas e não encerrei meu questionário. Certo momento, quando perguntava minuciosamente sobre os procedimentos de separação do sangue, ela se levantou, me deu um jaleco de seu armário e disse: “Venha. Melhor você ver tudo de perto”. Era tudo o que eu queria ouvir. Coloquei a roupa branca e a segui pelos corredores do prédio. Esta é uma de minhas maiores satisfações como estudante de jornalismo: conhecer pessoas e lugares aos quais não teria acesso se não fosse por ocasião de uma reportagem.

Entrei na sala de separação dos componentes, vi o processo acontecer e tirei algumas dúvidas com os funcionários. Depois, fui à sala de armazenamento ver o estoque de sangue e à sala de testes para conhecer as máquinas que fazem os exames automaticamente. Coletei todas as informações necessárias para traçar o caminho do sangue dentro do hemocentro. Após voltarmos para a sala da entrevistada, fiz minhas perguntas finais e fui embora com a impressão de ter deixado minha entrevistada com enxaqueca.

Passei pela sala de espera e entrevistei uma doadora para usar de personagem na abertura da minha matéria. No momento me ocorreu de fazer um texto correlato sobre o procedimento da doação, então resolvi também doar sangue. Fiz meu cadastro e segui todo o caminho descritivo na reportagem: respondi o questionário de triagem, tive o dedo furado e fui para a entrevista íntima. Rapidamente copiei algumas das perguntas do questionário enquanto tirava dúvida com a enfermeira sobre a necessidade de coletar pouco mais do que uma gota de sangue pelo furo no dedo. Não passei pela entrevista: fui impedida de doar sangue porque havia tomado remédio para sinusite dois dias antes e o medicamento poderia alterar os resultados do teste de sorologia. Munida de todas as informações que considerava essenciais para redigir a matéria, fui pra casa escrever.

Durante a elaboração da reportagem tive duas dúvidas que enviei para minha entrevistada por email. Para obter informações para o infográfico, entrei novamente em contato com ela por telefone e recebi os dados por email poucos dias depois. A maior dificuldade foi tentar escrever o texto sem deixá-lo entediante, já que trata de informações técnicas e precisas. A idéia de colocar uma personagem foi justamente para tentar humanizar a matéria, explicar para as pessoas sobre a doação de sangue e levá-las a serem doadoras também.

(Nayara Dalama)

A apuração da matéria começou por acaso enquanto voltava de um petroleiro, em São Francisco do sul. Notei que o piloto da lancha, Marcos Antônio, que nos levava de volta ao porto utilizava um aparelho de GPS apesar da ótima visibilidade. Marcos gostou de conversar sobre o seu trabalho e foi muito atencioso. No meio da conversa fui convidada a pilotar a lancha para ver como era simples. Pude observar que é impossível se perder quando se tem uma rota previamente demarcada no aparelho, mas manter a lancha na trilha exata requer experiência. Logo cansei e preferi sentar no banco do carona.

Já em terra firme tive uma ótima ideia que não pode ser executada. Queria acompanhar um turista que não conhecesse nada da cidade durante um percurso em um carro com GPS para ver como ele iria se sair. A ideia era depois percorrer o mesmo caminho com um taxista experiente e depois sozinha de ônibus para comparar a duração dos trajetos. A locadora de carro que procurei criou mil obstáculos para meu projeto e fui obrigada a deixá-lo de lado.

A apuração continuou com uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor que comparava diversos aparelhos de GPS. Além disso, entrevistei taxistas, vendedores, topógrafos, motoristas que usam GPSs e pessoas que viajaram para o exterior.

Confesso que não gostei de apurar e escrever sobre GPSs. Normalmente fujo da editoria de tecnologia. Mas, como preciso escrever de tudo, tentei fazer a matéria da melhor maneira possível.

(Roberta Perini)

A parte legal do jornalismo é a apuração. Utilizando o já gasto clichê de “sujar os sapatos”, a parte que eu mais gosto em todo o processo de escrever a reportagem é gastar a sola. Mas existem momentos em que essa “aventura” parece que não existe, como no caso da matéria das Rodovias Verdes.

A pauta já previa que o projeto estaria em exibição na Sepex (Semana de Ensino Pesquisa e Extensão) da UFSC. Uma boa oportunidade de colher as informações sem maiores esforços físicos. Lá, o professor Trichês e seus bolsistas estavam em apuros, recebendo visitantes no estande: marcamos pra semana seguinte, às 14h no laboratório deles.

Cheguei lá e o professor ficou surpreendido: “ele veio mesmo! Não dá pra voltar no final da tarde, às 17h?”. Deu tudo certo nessa parte.

Depois precisei de outras fontes. Nesse ponto, a maior dificuldade foi fazer o primeiro contato. Aproveito para dar uma boa notícia para alguns contemporâneos do século XI: o uso do email já é uma realidade e está consolidado como hábito. Não consigo entender como alguém demora mais de 24 horas para responder uma mensagem – isso quando responde. Ou então só pode ser perseguição do servidor do Gmail que boicota alguns dos meus emails.

Eu queria uma fonte do setor privado, que pudesse falar sobre o uso de algumas das técnicas mencionadas na reportagem. Googleei uns nomes de empresa que eu vi fazendo reparos na SC-401, e procurei por mais alguns. Na primeira tentativa, o site fornecia 2 telefones, de Criciúma (não precisaria pagar interurbano). Como nenhum dos dois existiam, mandei email. Liguei pra outra, a moça me disse que o engenheiro responsável estava viajando, mas que o cimenteiro poderia falar. Só que o cidadão também estava ocupado e ela me passou o email dele. Eu perguntei: “mas ele costuma usar o email?”. “Sim, claro”, ela respondeu pra mim. Estou aguardando até hoje. Na terceira tentativa, eu liguei no telefone que constava no site. Acho que a atendente sequer sabia o nome da empresa em que trabalhava.

(Tomás M. Petersen)

A idéia de uma matéria sobre a formulação das leis partiu de um curso que realizei no primeiro semestre deste ano na Câmara dos Deputados, em Brasília.. O curso, que é ministrado mensalmente, é voltado para o público universitário, e mesmo com a maioria de meus colegas estudando Direito, pude notar a total desinformação a cerca do tramite legislativo. Lá, percebi a necessidade de, como estudante de jornalismo, tentar explicar um dos processos mais importantes da democracia, o de como nascem às leis.

A principal dificuldade foi tentar incluir um personagem. Queria fugir da idéia de um especialista em Direito como fonte, explicando tudo. Logo tive a idéia de tentar uma fonte que não sabia nada sobre o processo, procurei um auxiliar de serviços gerais da UFSC e perguntei a ele o que sabia do tramite de leis no país. Com a resposta comecei a escrever a matéria, mas logo percebi que ela podia ser interpretada como preconceituosa e elitista, taxando o auxiliar de desinformado e até ignorante.

Sem personagem, fiquei completamente sem idéias para conduzir a matéria e o deadline se aproximava cada vez mais. Tentei até pegar como personagem um projeto de lei mesmo e narrar o “sofrido caminho” dele pelas casas legislativas, mas definitivamente não ficou bom. Comecei a pesquisar matérias que tratavam de assuntos parecidos e notei que a maioria delas não tinha um personagem constituído e decidi que assim trataria o assunto, sem personagens, mas também sem as complicações do “jurisdiquês” dos textos que estudei e que encontrei pela internet.

(Diego Vieira)

joao_e_nayaraJoão Schmitz e Nayara Dalama discutem uma das páginas do Quatro.

suelen_diagramaSuélen Vale se preocupa com as linhas do novo projeto gráfico.

Durante a votação da palavra-tema para a edição do Quatro que iríamos fazer, estive a todo o momento favorável a “trânsito”. Eu via essa palavra como a possibilidade de surpreendermos, ao fazer um jornal diferente do que as pessoas imaginam. A partir disso, comecei a pensar minha pauta. Eram quase 23h do dia anterior a entrega e eu ainda estava sem ideias para a matéria. Cheguei em casa, e resolvi soltar a pergunta no ar para minha irmã e uma amiga. Sem pestanejar, elas me falaram sobre experiências fora do corpo. Gostei, e muito. Afinal, já que eu tinha a possibilidade da escolha, juntei o desejo de leitores com o meu. Na redação, a pauta foi aceita, e com uma semana para escrever o texto, comecei a pesquisar fontes.

Para minha surpresa, encontrei em uma reportagem o nome Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC). Na hora, copiei e colei no Google, e surpresa de novo, vi no site oficial que havia um centro educacional do IIPC em Florianópolis. Liguei para lá e a secretária ficou com meu número do celular, disse que ia pedir a um dos professores para me retornar. Enquanto esperava, fui com a repórter Claudia Xavier ao projeto Amanhecer, da UFSC, tentar achar algum personagem. A matéria da Claudia era sobre regressão, e estava prevista para ser publicada na mesma página que a minha, então mantivemos contato durante toda produção.

Sempre atenciosos, conseguimos entrevista assim que chegamos ao projeto, mesmo sem marcar. Gloria Mello explicou a Claudia como acontece o processo de regressão, mas me avisou que não seria a pessoa adequada para falar sobre experiências fora do corpo. Mesmo assim, fiquei escutando. A conversa fluía bem e Gloria, aos poucos, também entrou no campo das viagens astrais. Melhor do que isso, relatou sua própria experiência, e acrescentou que só quem conhece o assunto sabe diferenciar uma viagem astral de um sonho.

Ela estava em casa quando sentiu que sairia do corpo, e se deixou levar. Por mais ou menos quinze minutos, passeou pelo Centro de Florianópolis sem o corpo físico. Quando olhou para o céu, viu uma luz branca e foi até lá, onde encontrou seu mentor espiritual. Gloria conta que ele disse “você está atrasada”, e ao responder que passeou antes do encontro, ele disparou que ela estava atrasada 400 anos. Então, o mentor espiritual leu a Gloria uma poesia em que, segundo ela, estava escrito sobre a importância de praticar sentimentos bons e se desapegar dos bens materiais.

Com a história de Gloria, consegui o personagem da minha matéria. Jornalismo é assim, quando o repórter menos espera que vai conseguir algo, encontra o que dá base àquilo que quer contar, ou seja, alguém que viveu o fato. Três dias depois, o assessor do IIPC me retornou a ligação, e perguntou se a entrevista poderia ser por telefone. Sem muita escolha, já que o prazo estava acabando, aceitei. Conversei com o professor Kleverson Luiz Rachadel, até que consegui entender um pouco como a projeciologia explica as experiências fora corpo. Ainda pesquisei os estudos já feitos, e como a medicina debate as viagens astrais.

De acordo com o espelho da redação, minha reportagem teria três mil caracteres. A pesquisa que fiz rendeu tranquilamente isso, mas sei que o assunto poderia estar em página inteira, se conseguisse mais personagens. Também usei o relato do velejador Lars Grael, que contou à Revista Super Interessante ter experimentado a sensação de sair do corpo quando sofreu o acidente em que perdeu uma das pernas. Depois de tentar entender o assunto de todas as formas, escrevi. Na redação, quis mostrar que é interessante conhecer sobre viagens astrais e, principalmente, enfatizar que existe ciência que já comprova, mas para outras, o tema é misterioso.

(Daniela Bidone)

Fico imensamente feliz de ter escolhido um assunto tão delicado e complexo como transplantes para a reportagem de saúde do Quatro. Consegui informações valiosas sobre o programa Fila Zero de Córnea e acredito que servirão como um alerta às pessoas que precisam de um transplante e nem imaginam a complexidade de todo o processo para que ele aconteça.

Minha principal dificuldade foi conseguir uma entrevista com o médico responsável pela Central de Captação e Distribuição de Órgãos de Santa Catarina (SC Transplantes), Dr. Joel de Andrade. Já vinha tentado entrar em contato com ele desde o começo do ano, pois, já tinha tentado fazer uma reportagem sobre isso para outra disciplina. Depois de muitas tentativas e ligações, consegui o contato do médico e comecei a tentar marcar uma entrevista. Que canseira! Quando finalmente consegui a entrevista, mais um problema surgiu: precisava de mais fontes. Isso, sem dúvida, me tirou o sono, porém, não tive acesso aos nomes das pessoas que esperam por um transplantes de córnea, até porque são mantidos em sigilo, e na Secretaria da Saúde me informaram que só quem falaria sobre o assunto seria o médico.

Infelizmente não pude fazer nada a esse respeito, mas fico tranqüila quanto à qualidade das informações que coloquei no texto, pois, em nenhum meio de comunicação do estado encontrei reportagem mais completa sobre o assunto. Entrevista feita e estatísticas em mãos, pude organizar minha reportagem, sabendo que não seria direcionada ao drama das pessoas que esperam por um transplante (por não ter conseguido esses contatos) e sim a explicar o que é o programa Fila Zero de Córnea e dar um panorama geral dos transplantes no estado e no país, através das pesquisas da ABTO. Espero que as pessoas leiam e entendam como são feitos os transplantes e conheçam o programa Fila Zero de Córnea, que pode mudar a vida de muita gente.

(Suélen Ramos Vieira Vale)

Quando escolhi fazer uma reportagem sobre home office, não imaginei que seria tão difícil encontrar fontes para o assunto. As pessoas que entrevistei são resultado de muita busca no querido Google. Caía em listas de arquitetos, engenheiros e tantos outros profissionais de Florianópolis e ia ligando para cada um deles para perguntar se trabalhavam em casa. Já havia lido algumas matérias sobre o assunto e visto na televisão também, mas em Florianópolis foi outra história. Buscando na internet : “home office”, “trabalho em casa”, “escritório doméstico” e outras mais, consegui até o contato do Handerson Frota, de Fortaleza, que trabalha em casa, fazendo programas de computador.

Claro que, nessas buscas incessantes também apareceram algumas bobagens, tipo: “Saiba como montar um confortável escritório doméstico…cadeira giratória, por apenas R$299!” Ou ainda: “Ganhe dinheiro sem sair de casa. Embolse até R$ 3 mil mandando e-mails” (Vendo isto, até pensei em ingressar nessa carreira tão promissora). A advogada Rosa Ribas também foi uma surpresa.

Quando liguei para ela pela primeira vez, não acreditava tanto que ela poderia me ajudar na reportagem. Pensei comigo: um advogado não usa tanta tecnologia no trabalho quanto uma pessoa que trabalha diretamente com isso, como é o caso do Handerson. Porém, quando ela me disse que mandava petições para o Tribunal de Justiça, pela internet, adorei. Daqui em diante fiquei mais confiante para buscar personagens para a minha história. Vencida a dificuldade em encontrar pessoas e tendo em mãos cinco boas entrevistas, minha outra odisseia foi encontrar números. Óbvio que eu precisava deles para dar consistência às minhas entrevistas. Em todas as matérias que eu lia, falavam: “o home office é uma prática que vem crescendo cada vez mais…” Isso me irritou profundamente. Mais quanto, José? Para buscar essas respostas, utilizei as pesquisas feitas nos EUA, que foram colocadas nas reportagens que eu li, tanto em uma edição especial da revista Super Interessante quanto na internet, e no site do “Pequenas Empresas e Grandes Negócios”, conheci a SOBRATT , que tinha alguns estudos feitos sobre o teletrabalho, incluindo home office. Números recolhidos e devidamente aplicados ao texto, foi só combinar tudo e ler 1500 vezes para evitar erros de informação, até porque é a primeira vez que publico uma reportagem, desde que entrei no jornalismo. Espero que gostem, que responsabilidade!!!

(Suélen Ramos Vieira Vale)

Achar pessoas que comentem sobre os leitores de e-books não foi difícil. Encontrar alguém que já possuísse um, é outra história. Em fóruns, comunidades, em conversa com pessoas que gostam de tecnologia, os e-reader são tema central de discussões. É bom, não é, quais as vantagens e desvantagens de um aparelho com menos de um quilo, capaz de armazenar mais de três mil livros e se substitui ou não o prazer de ler um livro de papel.

Pretendia falar de várias marcas de leitores de e-books, iniciando com o mais famoso da atualidade, o Kindle. Porém, era tanto para falar desse leitor que, quando parei de escrever para o Word contabilizar o número de caracteres, percebi que estava no limite da matéria. Tive que priorizar as informações, inclusive as do leitor de livros digitais da Braview, empresa brasileira que investiu no setor.

Parte disso se deu porque minha fonte principal era um usuário do aparelho da Amazon. Entrei em contato inicialmente com uma usuária, de Manaus, mas dias após nossa apresentação ela viajou para Miami e não consegui mais as informações. Como não podia esperar, procurei na internet por outra pessoa que tivesse um e-reader e, ao mesmo tempo, através de conhecidos e conhecidos de conhecidos, por alguém que tivesse uma paixão por livros e fosse contrário a leituras diversas em um aparelho. Foi interessante notar que a maioria das pessoas em fóruns comenta acreditar que a tecnologia não substitui o livro, mas que se a “onda pegar”, também quer ter um. Isso, claro, quando o preço abaixar. (Indico esse parágrafo, ou o último)

As informações foram apuradas em vários jornais, revistas e no próprio site das empresas que produzem os leitores de e-books, além das fontes. Foram muitas adições aos “meus favoritos” e viradas de página de revistas – não, eu não contei com a tecnologia touch screen de um e-reader. Mas bem que depois de tudo o que li, das fotos que vi, deu até vontade de estar com um daqueles em minhas mãos.

(Claudia Mebs Nunes)

Claudia Xavier conta detalhes de como foi sua viagem a Nova Trento, para a apuração da reportagem sobre o turismo da fé…

Esses dias falei para alguém como é incrível o fato do jornalismo nos possibilitar viajar cada dia a um mundo diferente, a um universo novo. Pois, foi justamente isso que aconteceu comigo para as matérias do Quatro. Um dia fui católica, em outro evangélica, em outro espírita, no entanto, nada mudou dentro de mim. Minto, mudou sim. Muito de mim cresceu, aprendeu com as pessoas que foram os personagens das histórias que contei. Vidas que ganharam sentido pela fé, aflições que encontraram cura no passado, um Deus que é dividido e simultaneamente tão individual, guardado de maneira ímpar por cada indivíduo, por cada fiel, por cada crença, em cada religião.

A viagem a Nova Trento não foi apenas uma apuração, isso foi desculpa. Na verdade foi uma vontade, um desejo que há muito habitava em mim. Mas foi também uma surpresa. Não imaginava que fosse encontrar tantos cristãos e todos dispostos a darem depoimentos. Esperava mais dificuldade que veio de onde parecia tudo tão fácil, como a entrevista com o prefeito da cidade que prontamente se ofereceu para responder todas as indagações e que até agora não o fez, apesar da minha insistência. Mas, voltando a minha visita ao Santuário, esta foi excelente tanto para mim e, principalmente para a matéria sobre Movimento da Fé. As pessoas que entrevistei não foram escolhidas ao acaso. Todas chegavam e se dirigiam direto à imagem da Santa Paulina, mas quem mais me chamou a atenção foi um senhor que não se aproximou da Santa, mas ficou de longe olhando fixamente para Ela. Ele, disperso, nem percebia a movimentação de fiéis ao seu redor, era como se só estivessem os dois ali: ele e a Madre Paulina. E assim ficou por instantes. Quando virou-se, fui conversar com ele e foi uma das histórias mais interessantes e bonitas que escutei. Não somente escutei como me emocionei quando vi os olhos cheios de lágrimas daquele senhor de cabelos inteiramente branquinhos que estava ali para agradecer pela dádiva de andar. Outra declaração impressionante foi o de uma adolescente vestida de forma descontraída e aparentemente punk. O depoimento simpatíssimo dela me fez entender que a fé existe em todas as idades, em todos os jeitos e costumes. Ao voltar para Florianópolis não tinha a matéria pronta, mas já tinha demonstrações de fé e uma vontade imensa de materializá-la no papel. E foi o que fiz depois de obter outras informações que julgava relevantes.

A matéria da regressão também foi uma surpresa. Não sabia que por meio dela conheceria pessoas tão tranquilas, serenas, doces. Por uma manhã permaneci no Projeto Amanhecer e participei de uma atividade que eles realizam semanalmente para pessoas com artrite. Fui recebida com muito carinho e a experiência foi valiosa. Saí levando comigo um pouco da paz e da harmonia que encontrei lá.

Infelizmente, a paz não esteve comigo em outros tantos momentos. Primeiro quando as fontes não eram acessíveis ou as informações repassadas não eram suficientes. Depois na elaboração das matérias quando inúmeras dificuldades surgiram para fazer uma reportagem, a primeira de muitas. Faltou experiência, sobrou desafio. Mas, estão finalizadas e ambas foram construídas da melhor maneira possível.

Pensar que estas realmente vão estar impressas em um jornal e que este terá uma circulação considerável certamente foi outro fator que, por um lado, estimulou e, por outro, assustou. Estímulo ao saber que é nosso nome que estará assinando aquele texto e, portanto, tudo precisava ser devidamente checado, revisado, informado. Assustou quando nos deparamos com deadline, com prováveis críticas. Mas é um primeiro passo e largo.

O importante é termos a consciência que independente do mundo que estivermos desbravando, temos que fazê-lo com respeito e seriedade. Precisamos nos vestir de jornalismo e ir a fundo em tudo o que fazemos, buscando os detalhes, o ineditismo, a relevância. Certamente, muito nestas matérias ficou para trás, sem que o nosso faro de jornalista percebesse. Precisamos, porém, aperfeiçoá-lo para ir mais além em uma próxima vez. E devemos ficar felizes porque ainda teremos outra chance por estarmos na universidade, aprendendo. De qualquer forma, devemos estar sempre em busca de um universo desconhecido, de algo que atraia o leitor e que o impulsione a parar todo o resto e se concentrar em uma leitura, do começo ao fim. É este o destino que espero que as minhas matérias conquistem: o olhar e a atenção dos leitores.

A repórter Claudia Mebs conta bastidores da reportagem que fez sobre motoristas que tiram carteira de habilitação depois dos 30 anos:

Diferente da matéria sobre os leitores de livros digitais, a pauta de Comportamento a respeito de pessoas que tiram a primeira habilitação com mais de 30 anos não foi proposta por mim. Sendo assim, o direcionamento da matéria e a procura pelas pessoas que dão vida ao assunto só começaram a ser pré-apurados no dia 21 de outubro, data em que distribuímos as pautas do jornal laboratório Quatro.

O número de motoristas que tiraram a carteira de habilitação depois de 30 anos não é tão expressivo. Os jovens entre 18 e 20 anos ainda são maioria nos cursos da auto-escola. Mas é realmente necessário um número expressivo para falar de um tema tão importante – a conquista da independência – e que faz parte da história de várias famílias? Para tanto, primeiro fiz as perguntas que considerava fundamentais para entender quais eram as razões que levaram as três mulheres que entrevistei a freqüentarem as aulas da auto-escola. Nesse período, tiveram dificuldades ou medo de dirigir? Descobri que, com todas elas, as situações eram diferentes e ilustravam as barreiras e vitórias de muitos daqueles que passam pela mesma situação.

Conheci as histórias de Simone Verzola, Beth Mafra e Simone Medeiros através de contatos com conhecidos. Foi interessante conversar com Beth e receber um “obrigada por me impulsionar a pegar o carro” depois de perguntar se ela tinha fotos dirigindo o automóvel que, na maioria das vezes, fica estacionado na garagem. Ela ainda tem medo de dirigir, mesmo após passar na prova do Detran. Ainda assim, ligou o carro e deu uma volta com o veículo para que o filho batesse fotos para a reportagem. (Indico esse parágrafo. Na verdade, fiquei em dúvida entre esse e o último.)

Quando fui fotografar Simone Medeiros dirigindo o carro próprio também escutei a versão da irmã da motorista, que a visitava no feriado. “Lembro que eu incentivei a Simone. Dizia “vá aprender a dirigir, a facilidade de ir aos lugares é muito maior”. Ela achava tão tranqüilo pegar o ônibus na esquina para ir ao trabalho, mas nem sabia como era ter um carro”. Conselho que Izabela Medeiros, filha de Simone, sabe muito bem. Nem tem 18 anos e quer aprender a dirigir assim que completar a maioridade. São histórias surpreendentes, que provocam satisfação e risadas nas três mulheres, quando lembram a trajetória que resultou na direção de seus próprios caminhos.

Ontem mesmo alguns repórteres já entregaram primeiras e segundas versões de suas matérias. Avaliei os textos, derrubamos duas pautas e readequamos o desenho da edição. A monitora Marina Ferraz fez orçamento com três gráficas para a impressão. Os editores já estão mais preocupados com as páginas e Diego Cardoso está aflito com os muitos infográficos que ameaçam ter que sair de sua imaginação infinita…

Os últimos dias têm sido bem agitados na redação virtual do Quatro. Munidos de suas pautas e armados de gravadores, câmeras, celulares e blocos de anotação, nossos repórteres estão nas ruas apurando e colhendo informações. Os editores – que também estão bem pautados – não deixaram por menos e seguem em marcação cerrada.

A lista eletrônica que reúne a equipe convulsionou no final de semana… Boa notícia!

Para que decidíssemos os lugares em que o Quatro seria distribuído, era importante termos definido o público-alvo do jornal. Como até a data do plano de distribuição a idéia do público ainda não estava formada, focamos na distribuição do Quatro em pontos de maior trânsito de pessoas em Florianópolis. A escolha também se baseia no fato de só dispormos de 1500 exemplares e, por isso, preferirmos antes tornar o jornal mais conhecido na região do que em outras partes do Brasil – que não foram excluídas, mas receberão exemplares em menor escala, através do malote do ZERO.

O número de exemplares para serem distribuídos na capital tinha sido calculado, mas ainda não sabíamos para quantos lugares o malote do ZERO seria enviado.  Quantos departamentos a UFSC têm? Colocando no escaninho de professores o jornal vai chegar aos alunos? Os donos de bancas do centro iriam entregar o jornal? As perguntas surgiam e as decisões foram sendo tomadas.

Com a resposta de que o malote do ZERO ia para 420 lugares do Brasil inteiro, mudanças no número de exemplares tiveram que ser feitas. Menos exemplares no Hospital Universitário, menos na Alesc, mais no curso de Jornalismo da UFSC. O plano de distribuição inicial não levou em consideração o número de exemplares disponíveis no lançamento do Quatro, até porque ainda não havia sido definido se haveria de fato um lançamento. Sendo assim, a equipe ainda vai se reunir mais algumas vezes para reorganizar o plano e fazer os últimos ajustes. Afinal, a data de lançamento do jornal laboratório está quase aí.

(Notas de Diego Vieira de Souza e Claudia Nunes)

Repórteres na rua, o Quatro já está em plena produção.

Nesta quarta, os editores avaliam que pautas se mantiveram e a quantas anda a apuração…

Na divisão das equipes para criação da base do Quatro, todos nós caímos onde gostaríamos de estar, cuidando da padronização do jornal e da gramática dos textos. Elaborar o projeto não foi algo que causou dor de cabeça, mas uma importante experiência para entrarmos em contato direto com as normas estabelecidas pelo Zero e pelo Estadão, por onde nos baseamos para fazer as propostas para o Primeiro Manual de Redação do Quatro. Entendemos os outros, para fazermos o nosso.

Ao nos reunirmos, definimos alguns aspectos que considerávamos relevantes para garantir a identidade do jornal. Trabalhamos como uma verdadeira equipe quando cada um cumpriu sua função e contribuiu para a finalização deste trabalho, que foi feito com o intuito de mostrar a seriedade e o comprometimento não somente do nosso grupo, mas também de toda a quarta fase que almeja que esta quarta edição não seja apenas mais uma, mas que seja única. Com alívio e orgulho, acreditamos que o nosso objetivo tenha sido alcançado. Equipe de revisão de texto, primeira missão cumprida!

(Anotações de Daniela Bidone, da equipe de revisores)

Na aula desta manhã, 7, a redação do Quatro começou a discutir as primeiras versões dos documentos que vão nortear o jornal-laboratório. As equipes responsáveis apresentaram linhas gerais para o projeto gráfico, para o manual de redação e para um plano de distribuição e circulação do jornal.

Daniela Bidone, Cláudia Xavier, Berenice dos Santos e Thiago Verney fizeram um ótimo trabalho, sintetizando as bases de um manual de redação para o Quatro. A equipe se valeu de manuais semelhantes para estabelecer o que consideram aspectos mais importantes para a padronização dos textos a serem veiculados. A proposta foi plenamente aceita pela redação, deve sofrer apenas alguns ajustes e será entregue pra valer na próxima semana.

Estratégias para circulação dos exemplares impressos foram defendidas por Cláudia Nunes. A preocupação manifestada por ela estava numa distribuição racional da tiragem de 1,5 mil jornais, lançando mão da estrutura que o Zero já tem e optando por novos postos de entrega. Cláudia, João Schmitz e Diego Vieira de Souza vão revisar a mailling list do Zero e identificar possíveis duplicidades de endereços, de maneira a concluir uma proposta de circulação já para a próxima quarta, 14.

As equipes de Diagramação e de Fotografia, Infográfico e Ilustração sinalizaram alguns aspectos que devem sustentar a proposta visual do Quatro. Um memorial descritivo dessas linhas deve ser apresentado na próxima aula, ocasião em que os editores trarão uma primeira versão das bases do projeto editorial.

Na reunião de hoje, todos os presentes defenderam suas pautas, o que nos permite já entrever um espelho de edição.

Tá ficando muito bom!

(Anotações de aula do professor Christofoletti)

As discussões sobre o Quatro continuaram na manhã dessa quarta-feira, 30. Os alunos foram divididos em equipes e já têm tarefas a cumprir. Na próxima semana, no dia 7, eles devem apresentar propostas de projeto gráfico, de um manual de redação e estilo, além de uma estratégia de distribuição. As equipes são:

Diagramação: Naiara, Suelen e Rosielle

Foto, infográfico e ilustração: Diego Cardoso, Erich, Tomás e Roberta

Revisão: Cláudia Xavier, Daniela, Berenice e Thiago

Fluxo e distribuição: Diego Vieira, João e Cláudia Nunes

Depois de muita argumentação, foi decidido que, ao invés de um tema, teremos uma palavra que deve servir de gatilho para as reportagens que vão compor a próxima edição do jornal. Assim, as pautas das seis editorias – Meio-ambiente, Comportamento, Política & Economia, Tecnologia, Cultura e Bem-estar – girarão em torno dessa palavra. Um desafio a mais para a equipe, que conta com um número menor de alunos que no semestre anterior. Também foram escolhidos os editores, que serão Alex, João, Daniela, Thiago, Berenice e Rosielle. Delegadas as funções, toda a equipe deve pensar em pautas para a próxima aula.

(Anotações da monitora Marina Ferraz)

Na segunda metade da manhã, iniciamos as discussões sobre as bases do novo Quatro.

A monitora Marina Ferraz distribuiu exemplares das edições 1 e 3 do jornal, de modo que os alunos puderem destacar aspectos positivos e negativos da publicação. Perceberam de imediato uma evolução do Quatro de um número para outro, mas apontaram diversos elementos que poderiam ser melhor trabalhados daqui por diante. Elementos visuais, principalmente.

  • Poderíamos ter cor na capa?, perguntaram Daniela e Claudia Xavier.
  • Deveríamos ter fotos mais autorais, emendou Diego Cardoso.
  • Aliás, deveríamos também ter mais cuidado com as fotos, observando a resolução e a composição, completou Erich.
  • Quem sabe se usássemos mais infográficos?, sugeriu Berenice.
  • Alex, Nayara e Claudia Nunes destacaram a necessidade de revisão nos textos, e a despadronização de titulos e legendas, por exemplo.
  • Rosielle e Roberta se questionaram sobre a estrutura do jornal, se temático ou convencional, com um encarte especial.
  • Thiago e Tomás defenderam que o Quatro deve extrapolar os limites da universidade.

Temas foram sugeridos e registrados. O público é outro aspecto que deve ser pensado por todos nos próximos dias, para que haja uma definição mais clara. Em uma hora e meia, muito se falou e as definições ficaram por conta das dimensões do jornal e do âmbito de sua circulação.

Ficou decidido que o Quatro deve se manter em formato tablóide, com 24 páginas, com possíveis capa e contracapa coloridas, e com raio de alcance exterior à UFSC. Na próxima aula, dia 30 de setembro, retornaremos aos debates.

(Anotações de aula do professor Christofoletti)

Nas últimas duas semanas, antes de a turma se concentrar na concepção e produção do jornal-laboratório, exercícios de texto têm sido a grande tônica das aulas de Redação IV. Os encontros das manhãs de quarta têm quase sempre o mesmo enredo: uma curta sessão teórica, e dois exercícios de redação com níveis de complexidade crescente. Os alunos foram desafiados a redigir novamente notícias em pirâmide normal e invertida, e a condensar e a expandir textos.

Com isso, venho observando alguns aspectos como facilidade, destreza e versatilidade dos jovens redatores diante desses pequenos desafios. Além disso, a produção sequenciada visa dar ritmo de produção jornalística em sala de aula. Os alunos estão reagindo bem, embora haja ainda muitos elementos a serem trabalhados nas competências dos redatores…

imagesSete candidatos se inscreveram no processo seletivo a uma vaga de monitor na disciplina de Redação IV. A função está diretamente ligada à produção e ao acompanhamento dos trabalhos no jornal laboratório Quatro. E a vaga ficou com a Marina Ferraz Arruda.

Parabéns!
E ao trabalho, mocinha!

Atenção, atenção!

Já iniciamos os trabalhos na última semana e por conta dos matriculados, teremos apenas uma turma mesmo: nas quartas, pela manhã. Muito em breve, a Chefia de Departamento e a Coordenação do Curso vão acertar os ajustes pendentes e tudo ficará bem. Nossa redação funcionará no Laboratório Redação de Rádio, sempre nas manhãs de quarta, pontualmente das 8h20 às 11h50.

Por conta disso, revisei nosso plano de ensino. Confiram aqui!

Já nas próximas semanas, teremos um monitor na disciplina. A seleção acontece nesta segunda, 24, conforme a sequência abaixo:

  • 9h30 – Joana Caldas
  • 14 horas – Verônica Orellana
  • 14h20 – Marina Arruda
  • 14h40 – Marina Veshagem
  • 15 horas – Jéssica Lipinski
  • 15h40 – Matheus Joffre
  • 16 horas – Fernanda Lucas

As entrevistas acontecerão na minha sala, ao lado da dos professores Elias e Ivan.

Embora o segundo semestre tenha iniciado no dia 3 de agosto, as aulas de Redação IV só começam mesmo na próxima quarta, 19.

Não, o adiamento não se deu por conta da gripe A, mas porque o professor responsável apenas pôde assumi-la agora. Mesmo assim, acionem as turbinas, esquentem seus motores, pois a jornada vai começar.

Materiais de apoio à disciplina estão aqui.

Começamos em cinco, quatro, três, dois, um!

No final do primeiro semestre de 2009, o professor Jorge Ijuim, seus repórteres e editores lançaram a terceira edição do jornal laboratório Quatro.

Veja a edição:

Folheie as páginas do Quatro

Em dezembro de 2008, a redação do Quatro veio com o segundo número do jornal.

Veja a edição:

Navegue pelas páginas do Quatro

Em julho, nasce o Quatro, o jornal laboratório da disciplina de Redação IV. À frente, o professor Jorge Ijuim; na retaguarda, um batalhão bem armado de jovens repórteres…

Conheça:

Leia!